“estamos diante de um milagre”,
afirma Dom Bernardo
A embarcação hospitalar inspirada e solicitada pelo próprio Papa
Francisco foi inaugurada no último final de semana, em meio à comunidade
amazônica do Pará que será beneficiada com o projeto. De fato, 700 mil pessoas
que vivem ao longo do Rio Amazonas vão receber atendimento básico à saúde e
poderão fazer exames preventivos ao câncer. “Estamos aqui realmente diante de
um milagre e, se Deus quiser, vamos poder atender muita gente”, afirma Dom
Bernardo Bahlmann, bispo de Óbidos
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O atendimento básico de
saúde e espiritual a cerca de 700 mil pessoas ao longo do Rio Amazonas, no
Estado do Pará, ao norte do Brasil, já é uma realidade graças ao Barco-Hospital
Papa Francisco que leva médicos e consagrados, de cais em cais, entre as mil comunidades
ribeirinhas de 12 municípios. No final de semana, em cerimônias oficiais em
diferentes paradas, a embarcação hospitalar aportou para ser inaugurada e
comemorada pelos brasileiros.
Barco-Hospital foi um pedido do Papa Francisco
Quem embarcou no projeto,
inspirado e solicitado pelo próprio Pontífice quando encontrou os frades da
Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus no Rio de Janeiro,
em 2013, foi a diocese de Óbidos, com o apoio dos frades, do Ministério Público
do Trabalho de São Paulo e do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região. Dom
Bernardo Bahlmann, bispo de Óbidos e presidente da CNBB Norte 2, e Frei
Francisco Belotti, fundador da Fraternidade, estiveram no Vaticano em novembro
de 2018 para apresentar o projeto ao Papa. Dom Bernardo explica como nasceu
esse sonho:
“ Muita gente, sobretudo no interior, já não vai mais para a
cidade procurar um médico e fica doente em casa. E, a partir disso, pensamos
que poderia ser um barco, que fosse até as comunidades. Se as pessoas não vão
até o hospital, o hospital vai até eles. E assim nasceu essa ideia, que se
tornou um sonho e que surgiu às margens do Rio Amazonas, olhando pra ele. ”
Como será feito o atendimento
Além dos frades e
voluntários, a comitiva que percorre o trajeto hidroviário também é composta
pela tripulação da Marinha Mercante e por uma equipe de saúde que reúne
religiosas das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, de São José dos
Campos. Já existe inclusive uma lista de médicos interessados em ajudar no
atendimento.
O Barco-Hospital já está
se preparando para fazer expedições de 10 dias, com base sempre em Óbidos, para
realizar os atendimentos de atenção básica à saúde, além de ações e exames para
prevenir e diagnosticar precocemente o câncer da população ribeirinha daquela
região amazônica. Para tanto, a embarcação oferece consultórios, centro
cirúrgico, laboratórios, leitos de enfermaria e salas especiais, como a de
vacinação, além de equipamentos para realizar os exames. Os casos de maior complexidade
serão encaminhados aos hospitais de base de Óbidos, Juruti e Alenquer.
Em véspera de Sínodo Amazônico, iniciativa
“sacode rosto do Sul” do país
Pe. Vilson Groh,
presidente de um instituto que, em Florianópolis/SC, leva o seu nome e busca
sensibilizar o mundo empresarial a compreender a realidade das periferias,
reconhece a importância do trabalho realizado pela diocese de Óbidos com o
Barco Hospital Papa Francisco. Segundo o sacerdote, é uma iniciativa que
acontece em véspera de Sínodo Amazônico e dá o exemplo ao outro extremo do
Brasil para “sacudir também o rosto do Sul” do país.
“Uma diocese como Óbidos
que, do ponto de vista da infraestrutura, tem todas as suas pobrezas, mas do
ponto de vista de se dar daquilo que se tem, do seu pequeno dom, o que
significa atender 700 mil pessoas com um barco e que pode fazer um grande
trabalho do acesso do direito à saúde e ao mesmo tempo à pastoral. Porque esse
barco tem duas equipes: a de pastoral e da área da medicina; imagina todo o
conjunto da área da Igreja. E, aqui, a Igreja do Sul poderia ser muito mais
solidária com a Amazônia em todos os sentidos, eu diria, do campo missionário,
da partilha de clero e de bens, da partilha de instrumentos e de expertise.
Acho que pensar uma Igreja de rosto Amazônico, é pensar em uma Igreja que vai
ter que sacudir o rosto do Sul. Eu tenho uma esperança enorme nessa
perspectiva, de que sejamos capazes de ouvir o espírito de um rosto amazônico
que vem ao encontro de uma grande conversão nossa do Sul para um novo olhar
sobre a dimensão da Igreja”, afirma Pe. Vislon. E Dom Bernardo finaliza:
“ Estamos aqui realmente diante de um milagre e, se Deus quiser,
vamos poder atender muita gente! Aqui, nós poderemos, de fato, colocar a
caridade em prática, indo ao encontro daqueles mais necessitados, dos pobre e
sem condições e que precisam de um tratamento melhor. ”
(vaticannews)
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