quarta-feira, 30 de junho de 2021
terça-feira, 29 de junho de 2021
Hoje Bento XVI celebra 70 anos de sacerdócio
REDAÇÃO CENTRAL, 29 jun. 21 / 07:00 am (ACI).- “Senhor, me ajude a te conhecer melhor. Ajude-me a ser sempre uma só coisa com sua vontade. Ajude-me a viver minha vida não para mim mas sempre junto a Ti pelos outros. Ajude-me a ser seu amigo!”. Com esta invocação Bento XVI recordava, em 29 de junho de 2011 na Basílica de São Pedro, seu 60° aniversário de ordenação sacerdotal.
O sumo pontífice emérito festeja hoje 70 anos de sacerdócio. Em 29 de junho de 1951, foi ordenado junto com seu irmão Georg, pelo então arcebispo de Munich e Freising, cardeal Faulhaber.
Na homilia que pronunciou há nove anos quando ainda era o sumo pontífice da Igreja Católica, Bento XVI afirmava que “este é um momento de gratidão, de gratidão ao Senhor pela amizade que me deu e que quero dar a todos nós. Gratidão às pessoas que me formaram e me acompanharam”.
Bento XVI, que foi ordenado bispo em 28 de maio de 1977 (há 44 anos), nasceu em Marktl am Inn, na diocese de Passau (Alemanha), em 16 de abril de 1927.
Entre as diversas e importantes tarefas que desempenhou a serviço da Igreja, destaca-se que em 1962 participou do Concílio Vaticano II como consultor teológico do então arcebispo de Colônia (Alemanha), cardeal Joseph Frings.
Além disso, serviu durante anos como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Pontifícia Comissão Teológica Internacional, assim como decano do Colégio Cardinalício.
Em 11 de fevereiro de 2013, anunciou sua renúncia ao pontificado, a qual se fez efetiva na no dia 28 do mesmo mês. Atualmente, Joseph Ratzinger vive no mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano, onde se dedica à leitura e à oração.
(acidigital)
SANTA MISSA (Texto)
SANTA MISSA E BÊNÇÃO DOS PÁLIOS
PARA OS NOVOS ARCEBISPOS METROPOLITANOS
NA SOLENIDADE DOS SANTOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica de S. Pedro
Terça-feira, 29 giugno 2021
Dois grandes Apóstolos, Apóstolos do Evangelho, e duas colunas angulares da Igreja: Pedro e Paulo. Hoje celebramos a sua festa. Observemos de perto estas duas testemunhas da fé: no centro da sua história, não está a própria destreza; no centro, está o encontro com Cristo que lhes mudou a vida. Fizeram a experiência de um amor que os curou e libertou e, por isso, tornaram-se apóstolos e ministros de libertação para os outros.
Pedro e Paulo são livres unicamente porque foram libertados. Detenhamo-nos neste ponto central.
Pedro, o pescador da Galileia, foi libertado em primeiro lugar da sensação de ser inadequado e da amargura de ter falido, e isso verificou-se graças ao amor incondicional de Jesus. Embora fosse um hábil pescador, várias vezes experimentou, em plena noite, o sabor amargo da derrota por não ter pescado nada (cf. Lc 5, 5; Jo 21, 5) e, perante as redes vazias, sentiu a tentação do desânimo; apesar de forte e impetuoso, muitas vezes se deixou tomar pelo medo (cf. Mt 14, 30); embora fosse um discípulo apaixonado do Senhor, continuou a pensar à maneira do mundo, sem conseguir entender e aceitar o significado da Cruz de Cristo (cf. Mt 16, 22); apesar de dizer-se pronto a dar a vida por Ele, bastou sentir-se suspeitado de ser um dos Seus para se atemorizar chegando a negar o Mestre (cf. Mc 14, 66-72).
Mas Jesus amou-o desinteressadamente e apostou nele. Encorajou-o a não desistir, a lançar novamente as redes ao mar, a caminhar sobre as águas, a olhar com coragem para a sua própria fraqueza, a segui-Lo pelo caminho da Cruz, a dar a vida pelos irmãos, a apascentar as suas ovelhas. Deste modo libertou-o do medo, dos cálculos baseados apenas nas seguranças humanas, das preocupações mundanas, infundindo nele a coragem de arriscar tudo e a alegria de se sentir pescador de homens. Foi precisamente a ele que chamou para confirmar na fé os irmãos (cf. Lc 22, 32). Como ouvimos no Evangelho, deu-lhe as chaves para abrir as portas que levam a encontrar o Senhor e o poder de ligar e desatar: ligar os irmãos a Cristo e desatar os nós e as correntes das suas vidas (cf. Mt 16, 19).
Tudo isto só foi possível, porque antes, como nos dizia a primeira Leitura, Pedro foi libertado. As correntes que o mantêm prisioneiro são quebradas e, tal como aconteceu na noite da libertação dos israelitas da escravidão do Egito, é convidado a levantar-se depressa, colocar o cinto e calçar as sandálias para sair. E o Senhor abre as portas diante dele (cf. At 12, 7-10). É uma nova história de abertura, de libertação, de correntes quebradas, de saída do cárcere que o prende. Pedro faz a experiência da Páscoa: o Senhor libertou-o.
Também o apóstolo Paulo experimentou a libertação por obra de Cristo. Foi libertado da escravidão mais opressiva, a de si mesmo, e de Saulo – nome do primeiro rei de Israel – tornou-se Paulo, que significa «pequeno». Foi libertado também daquele zelo religioso que o tornara fanático na defesa das tradições recebidas (cf. Gal 1, 14) e violento ao perseguir os cristãos. Foi libertado. A observância formal da religião e a defesa implacável da tradição, em vez de o abrir ao amor de Deus e dos irmãos, haviam-no endurecido: era um fundamentalista. Foi disto que Deus o libertou; ao invés, não o poupou a tantas fraquezas e dificuldades que tornaram mais fecunda a sua missão evangelizadora: as canseiras do apostolado, a enfermidade física (cf. Gal 4, 13-14); as violências e perseguições, os naufrágios, a fome e sede, e – segundo as suas próprias palavras – um espinho que o atormentava na carne (cf. 2 Cor 12, 7-10).
Paulo compreendeu assim que «o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte» (1 Cor 1, 27), que tudo podemos n’Ele que nos dá força (cf. Flp 4, 13), que nada poderá jamais separar-nos do seu amor (cf. Rm 8, 35-39). Por isso, no final da sua vida, como nos dizia a segunda Leitura, Paulo pode dizer: «o Senhor esteve comigo» e «me livrará de todo o mal» (2 Tm 4, 17.18). Paulo fez a experiência da Páscoa: o Senhor libertou-o.
Queridos irmãos e irmãs, a Igreja olha para estes dois gigantes da fé e vê dois Apóstolos que libertaram a força do Evangelho no mundo, só porque antes foram libertados pelo encontro com Cristo. Ele não os julgou, nem humilhou, mas partilhou de perto e afetuosamente a sua vida, sustentando-os com a sua própria oração e, às vezes, admoestando-os para os impelir à mudança. A Pedro, disse Jesus com ternura: «Eu roguei por ti, para que a tua fé não desapareça» (Lc 22, 32); a Paulo, pergunta: «Saulo, Saulo, porque Me persegues?» (At 9, 4). De igual modo procede Jesus também connosco: assegura-nos a sua proximidade, rezando por nós e intercedendo junto do Pai; e repreende-nos com doçura quando erramos, para podermos encontrar a força de nos levantar novamente e retomar o caminho.
Tocados pelo Senhor, também nós somos libertados. E sempre temos necessidade de ser libertados, porque só uma Igreja liberta é uma Igreja credível. Como Pedro, somos chamados a ser libertos da sensação da derrota face à nossa pesca por vezes malsucedida; a ser libertos do medo que nos paralisa e torna medrosos, fechando-nos nas nossas seguranças e tirando-nos a coragem da profecia. Como Paulo, somos chamados a ser libertos das hipocrisias da exterioridade; libertos da tentação de nos impormos com a força do mundo, e não com a debilidade que deixa espaço a Deus; libertos duma observância religiosa que nos torna rígidos e inflexíveis; libertos de vínculos ambíguos com o poder e do medo de ser incompreendidos e atacados.
Pedro e Paulo oferecem-nos a imagem duma Igreja confiada às nossas mãos, mas conduzida pelo Senhor com fidelidade e ternura – é Ele que conduz a Igreja –; duma Igreja débil, mas forte com a presença de Deus; a imagem duma Igreja libertada que pode oferecer ao mundo aquela libertação que ele, sozinho, não se pode dar a si mesmo: a libertação do pecado, da morte, da resignação, do sentimento da injustiça, da perda da esperança que embrutece a vida das mulheres e dos homens do nosso tempo.
Hoje, nesta celebração e depois, interroguemo-nos: quanta necessidade de libertação têm as nossas cidades, as nossas sociedades, o nosso mundo? Quantas correntes devem ser quebradas e quantas portas trancadas devem ser abertas! Podemos ser colaboradores desta libertação, mas só se, primeiro, nos deixarmos libertar pela novidade de Jesus e caminharmos na liberdade do Espírito Santo.
Hoje os nossos irmãos Arcebispos recebem o Pálio. Este sinal de unidade com Pedro recorda a missão do pastor que dá a vida pelo rebanho. É dando a vida que o Pastor, liberto de si mesmo, se torna instrumento de libertação para os irmãos. Hoje temos connosco a Delegação do Patriarcado Ecuménico, enviada para esta ocasião pelo querido irmão Bartolomeu: a vossa amável presença é um sinal precioso de unidade no caminho de libertação das distâncias que, escandalosamente, dividem os crentes em Cristo. Obrigado pela vossa presença.
Rezamos por vós, pelos Pastores, pela Igreja, por todos nós: para que, libertados por Cristo, possamos ser apóstolos de libertação em todo o mundo.
(Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana)
Angelus 20 Junho 2021 (Texto)
SOLENIDADE DE SANTOS PEDRO E PAULO
PAPA FRANCESCO
ANGELUS
Praça de São Pedro
terça-feira, 29 de junho de 2021
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No coração do Evangelho da liturgia hodierna ( Mt 16,13-19), o Senhor faz aos discípulos uma pergunta decisiva: "Quem vocês dizem que eu sou?" (v. 15). Esta é a pergunta crucial que Jesus nos repete também hoje: «Quem sou eu para ti?». Quem sou eu para você , que aceitou a fé, mas ainda tem medo de se aprofundar na minha Palavra? Quem sou eu para você , que é cristão há muito tempo, mas, exausto pelo hábito, perdeu o seu primeiro amor? Quem sou eu para você , que está passando por um momento difícil e precisa se sacudir para começar de novo? Jesus pergunta: Quem sou eu para você ? Vamos dar a ele uma resposta hoje, mas uma resposta que vem do coração. Todos nós, vamos dar a ele uma resposta que vem do coração.
Antes dessa pergunta, Jesus fez outra aos discípulos: "Quem as pessoas dizem que eu sou?" (cf. v. 13). Era uma pesquisa para registrar as opiniões sobre Ele e a fama que gozava, mas a notoriedade não interessa a Jesus, não foi essa pesquisa. Então, por que ele fez essa pergunta? Para sublinhar uma diferença, que é a diferença fundamental da vida cristã . Há quem fique com a primeira pergunta, com opiniões, e fale de Jesus ; e há aqueles que, por outro lado, falam com Jesus, trazendo-lhe vida, entrando em relação com ele, fazendo a passagem decisiva. Isso interessa ao Senhor: estar no centro do nosso pensamento, ser o ponto de referência dos nossos afetos; ser, em suma, o amor da nossa vida. Não as opiniões que temos sobre Ele: Ele não se importa. Ele está interessado em nosso amor, se Ele estiver em nosso coração.
Os santos que celebramos hoje fizeram essa transição e se tornaram testemunhas . A passagem da opinião para ter Jesus no coração: testemunhas. Eles não eram admiradores , mas sim imitadoresde Jesus, não eram espectadores, mas protagonistas do Evangelho. Eles não acreditavam em palavras, mas em ações. Pedro não falava de missão, vivia a missão, era pescador de homens; Paulo não escreveu livros cultos, mas as cartas viveram, enquanto viajava e testificava. Ambos dedicaram suas vidas ao Senhor e aos irmãos. E eles nos provocam. Porque corremos o risco de ficar na primeira questão: dar opiniões e opiniões, ter grandes ideias e dizer belas palavras, mas nunca nos colocarmos na linha. E Jesus quer que nos envolvamos. Quantas vezes, por exemplo, dizemos que gostaríamos de uma Igreja mais fiel ao Evangelho, mais próxima do povo, mais profética e missionária, mas então, na prática, não fazemos nada! É triste ver que tantos falam, comentam e debatem, mas poucos testemunham. As testemunhas não se perdem nas palavras, mas dão frutos. As testemunhas não reclamam dos outros e do mundo, mas começam por si mesmas. Eles nos lembram queDeus não deve ser demonstrado, mas mostrado , com o testemunho de alguém; não anunciado com proclamações, mas testemunhado pelo exemplo. Isso é chamado de "colocar a vida em risco".
No entanto, olhando para a vida de Pedro e Paulo, pode surgir uma objeção: ambos foram testemunhas, mas nem sempre exemplares: eram pecadores! Pedro negou Jesus e Paulo perseguiu os cristãos. Mas - aqui está o ponto - eles também testemunharam suas quedas. São Pedro, por exemplo, poderia ter dito aos evangelistas: "Não escrevam os erros que cometi", faça um Evangelho por esporte. Mas não, sua história sai nua, sai crua dos Evangelhos, com todas as suas misérias. O mesmo faz São Paulo, que em suas cartas fala sobre erros e fraquezas. É aqui que começa o testemunho: da verdade sobre si mesmo, da luta contra a própria duplicidade e falsidade. O Senhor pode fazer grandes coisas por nosso intermédio quando não temos o cuidado de defender nossa imagem, mas somos transparentes com Ele e com os outros. Hoje, queridos irmãos e irmãs, o Senhor nos desafia. E sua pergunta é a mesma: quem sou eu para você? Ele cava nisso. Por meio de suas testemunhas Pedro e Paulo, ele nos exorta a largar as máscaras, a renunciar às meias medidas, às desculpas que nos tornam mornos e medíocres. Que Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, nos ajude nisso. Que o desejo de dar testemunho de Jesus se acenda em nós.
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APÓS ANGELUS
Queridos irmãos e irmãs ,
Depois de amanhã, quinta-feira , 1 de julho, acontecerá aqui no Vaticano um dia especial de oração e reflexão pelo Líbano . Juntamente com os Chefes de todas as Igrejas presentes na Terra dos Cedros, deixar-nos-emos inspirar pela Palavra da Escritura que diz: «O Senhor Deus tem planos para a paz» ( Jr 29,11). Convido a todos a se juntarem a nós espiritualmente, orando para que o Líbano se recupere da grave crise que atravessa e mostre ao mundo sua face de paz e esperança mais uma vez.
No dia 1º de julho, comemora-se 160 anos da primeira edição do "L'Osservatore Romano", o "jornal do partido", como o chamo. Muitas felicidades e muito obrigado pelo seu serviço. Continue seu trabalho com fidelidade e criatividade.
E hoje, para nós, é um aniversário que toca o coração de todos nós: há 70 anos, o Papa Bento XVI foi ordenado sacerdote. [aplausos] A você Bento, querido pai e irmão, vão nosso carinho, nossa gratidão e nossa proximidade. Ele mora no mosteiro, um lugar que queria hospedar comunidades contemplativas aqui no Vaticano, para rezar pela Igreja. Atualmente é contemplativo do Vaticano, que passa a vida orando pela Igreja e pela diocese de Roma, da qual é bispo emérito. Obrigado, Bento, querido pai e irmão. Obrigado pelo seu testemunho credível. Obrigado pelo teu olhar continuamente voltado para o horizonte de Deus: obrigado!
Saúdo de coração todos vós, peregrinos da Itália e de vários países; mas hoje dirijo-me aos Romanos de uma forma especial, na festa dos nossos Santos Padroeiros. Eu os abençoo, queridos romanos! Desejo à cidade de Roma tudo de bom: que, graças ao empenho de todos vós, de todos os cidadãos, que seja habitável e acolhedora, que ninguém seja excluído, que se cuide das crianças e dos idosos, que aí é trabalho e que seja digno, que os pobres e os menores estejam no centro dos projetos políticos e sociais. Eu oro por isso. E também vós, queridos fiéis de Roma, rogai pelo vosso Bispo. Obrigada.
Feliz festa a todos! Bom almoço e adeus.
(vatican.va)
segunda-feira, 28 de junho de 2021
Palavra de Vida – junho 2021
Nem todo aquele que Me diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos Céus,
mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus. (Mt 7,21)
Esta frase do evangelho de Mateus faz parte da conclusão do grande Sermão da Montanha, em que Jesus, depois de ter proclamado as bem-aventuranças, convida os seus ouvintes a reconhecerem a proximidade amorosa de Deus e indica o modo para agir consequentemente: descobrir na vontade de Deus a via direta para alcançar a plena comunhão com Ele, no seu Reino.
Nem todo aquele que Me diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.
Mas o que é a vontade de Deus? Como podemos conhecê-la?
Chiara Lubich partilhou a sua descoberta do seguinte modo: «[…] A vontade de Deus é a voz de Deus que nos fala e continuamente nos interpela; é um fio, ou melhor uma filigrana de ouro divina que tece toda a nossa vida sobre a terra e no além; é o modo de Deus nos manifestar o Seu amor, amor que pede uma resposta, para que Ele possa realizar na nossa vida as Suas maravilhas. A vontade de Deus é o nosso dever ser, a nossa realização plena. […] Então, em cada momento, diante de cada vontade de Deus dolorosa, alegre, indiferente, repitamos: “Seja feita”. […] Descobriremos que estas duas simples palavras serão um forte impulso, como um trampolim, para fazer com amor, com perfeição, com total dedicação aquilo que devemos fazer. […] E comporemos, momento após momento, o maravilhoso, único e irrepetível mosaico da nossa vida que o Senhor desde sempre pensou para cada um de nós: Ele, Deus, o único a quem se atribuem as coisas belas, grandes, infinitas, nas quais também cada partícula, como um ato de amor, tem sentido e resplandece, tal como as minúsculas e multicoloridas flores têm sentido na incomensurável beleza da natureza» (1).
Nem todo aquele que Me diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.
Segundo o evangelho de Mateus, a Lei por excelência do cristão consiste na misericórdia, que leva à plenitude as expressões de culto e de amor pelo Senhor.
Esta Palavra ajuda-nos a abrir a nossa relação com Deus, sem dúvida pessoal e íntima, à dimensão da fraternidade, através de gestos concretos. Impele-nos a “sair” de nós mesmos para levarmos reconciliação e esperança aos outros.
Um grupo de adolescentes de Heidelberg (Alemanha) dá-nos este testemunho: «Como levar os nossos amigos a experimentar que a chave da felicidade se encontra na doação aos outros? Foi daqui que partimos para lançar a nossa iniciativa intitulada: ‘Uma hora de felicidade’. A ideia é muito simples: consiste em dar felicidade a outra pessoa, pelo menos, durante uma hora por mês. Começámos por aqueles que nos pareciam mais necessitados de amor. Por todo o lado, onde oferecemos a nossa disponibilidade, vimos as portas abrirem-se! Assim, encontrámo-nos no parque para levar a passear algumas pessoas idosas em cadeiras de rodas; no hospital, onde brincámos com as crianças internadas ou praticámos desporto com portadores de deficiência. Eles ficavam muito felizes, mas como garante a nossa iniciativa, nós ainda mais! E os amigos que tínhamos convidado a participar? Primeiro estavam curiosos, agora que experimentaram dar felicidade, estão de acordo connosco: a felicidade, quando se dá, de certeza que também se experimenta!».
Letizia Magri
1) C. Lubich, Conversação telefónica de 27 de fevereiro de 1992, in Conversazioni in collegamento telefonico, a/c M. Vandeleene (Opere di Chiara Lubich 8/1), Città Nuova, Roma 2019, pp. 446-448.
(focolares)
domingo, 27 de junho de 2021
ANGELUS 27.06.2021 (Texto)
PAPA FRANCESCO
ANGELUS
Praça de São Pedro,
domingo, 27 de junho de 2021
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Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, no Evangelho (cf. Mc 5, 21-43), Jesus encontra as nossas duas situações mais dramáticas, a morte e a doença. Deles, ele liberta duas pessoas: uma menina, que morre no momento em que seu pai foi pedir a ajuda de Jesus; e uma mulher que está sangrando há muitos anos. Jesus se deixa tocar pela nossa dor e pela nossa morte e opera dois sinais de cura para nos dizer que nem a dor nem a morte têm a última palavra. Diz-nos que a morte não é o fim. Ele vence esse inimigo, do qual não podemos nos livrar.
Concentremo-nos, porém, neste período em que a doença ainda está no centro das notícias, no outro signo, a cura da mulher. Mais do que sua saúde, foram seus afetos que foram comprometidos. Por quê? Ela estava sangrando e, portanto, de acordo com a mentalidade da época, era considerada impura. Ela era uma mulher marginalizada, não podia ter relações estáveis, não podia ter cônjuge, não podia ter família e não podia ter relações sociais normais porque era "impura", doença que a tornava "impura". Ela morava sozinha, com o coração ferido. A maior doença da vida, o que é? O cancer? Tuberculose? A pandemia? Não. A maior doença da vida é a falta de amor, é não poder amar. Esta pobre mulher estava cansada de perda de sangue, mas, conseqüentemente, de falta de amor, porque ele não podia ser socialmente com outras pessoas. E a cura que mais importa é a dos afetos. Mas como encontrar? Podemos pensar em nossos afetos: eles estão doentes ou com boa saúde? Eles estão doentes? Jesus é capaz de curá-los.
A história desta mulher sem nome - a que chamamos "a mulher sem nome" -, na qual todos nos podemos ver, é exemplar. O texto diz que ele se preocupou muito, “gastando sem proveito todos os seus bens, antes piorando” (v. 26). Quantas vezes nós também nos lançamos em remédios errados para saciar nossa falta de amor? Achamos que o sucesso e o dinheiro nos fazem felizes, mas o amor não se compra, é de graça. Refugiamo-nos no virtual, mas o amor é concreto. Não nos aceitamos como somos e nos escondemos atrás dos truques da exterioridade, mas o amor não é uma aparência. Procuramos soluções como mágicos, como gurus, apenas para nos encontrarmos sem dinheiro e sem paz, como aquela mulher. Por fim, ela escolhe Jesus e se joga no meio da multidão para tocar na capa, a capa de Jesus. Aquela mulher, isto é, busque o contato direto, o contato físico com Jesus. Acima de tudo neste tempo, entendemos como o contato e os relacionamentos são importantes. O mesmo é verdade com Jesus: às vezes nos contentamos em observar alguns preceitos e repetir orações - tantas vezes como papagaios - mas o Senhor espera que o encontremos, abramos o nosso coração a ele, toquemos em seu manto como uma mulher. .para curar. Porque, ao entrar em intimidade com Jesus, somos curados em nossas afeições. tocamos sua capa para curar. Porque, ao entrar em intimidade com Jesus, somos curados em nossas afeições. tocamos sua capa para curar. Porque, ao entrar em intimidade com Jesus, somos curados em nossas afeições.
É isso que Jesus quer, aliás, lemos que, mesmo pressionado pela multidão, ele olha em volta para encontrar quem o tocou. Os discípulos costumavam dizer: “Mas olhe para a multidão que está segurando você ...”. Não: "Quem me tocou?". É o olhar de Jesus: são tantas pessoas, mas Ele vai em busca de um rosto e de um coração cheio de fé. Jesus não olha o todo, como nós, mas olha a pessoa. Não para diante das feridas e erros do passado, mas vai além dos pecados e preconceitos. Todos nós temos uma história, e cada um de nós, em seu segredo, conhece bem as coisas ruins de sua própria história. Mas Jesus olha para eles para curá-los. Em vez disso, gostamos de olhar para as coisas ruins dos outros. Quantas vezes, quando falamos, caímos na tagarelice, que é fofocar sobre os outros, "esfolar" os outros. Mas vejam: que horizonte de vida é esse? Não é como Jesus, que sempre olha o caminho para nos salvar, olha hoje, a boa vontade e não a má história que temos. Jesus vai além dos pecados. Jesus vai além dos preconceitos, não se limita às aparências, chega ao coração de Jesus e cura apenas aquela que era rejeitada por todos, uma pessoa impura. Com ternura ele a chama de "filha" (v. 34) - o estilo de Jesus era proximidade, compaixão e ternura: "Filha ..." - e elogia sua fé, restaurando sua confiança em si mesma.
Sorella, fratello, sei qui, lascia che Gesù guardi e guarisca il tuo cuore. Anch’io devo fare questo: lasciare che Gesù guardi il mio cuore e lo guarisca. E se hai già provato il suo sguardo tenero su di te, imitalo, e fai come Lui. Guardati attorno: vedrai che tante persone che ti vivono accanto si sentono ferite e sole, hanno bisogno di sentirsi amate: fai il passo. Gesù ti chiede uno sguardo che non si fermi all’esteriorità, ma vada al cuore; uno sguardo non giudicante – finiamo di giudicare gli altri – Gesù ci chiede uno sguardo non giudicante, ma accogliente. Apriamo il nostro cuore per accogliere gli altri. Perché solo l’amore risana la vita, solo l’amore risana la vita. La Madonna, Consolatrice degli afflitti, ci aiuti a portare una carezza ai feriti nel cuore che incontriamo sul nostro cammino. E non giudicare, non giudicare la realtà personale, sociale, degli altri. Dio ama tutti! Non giudicare, lasciate vivere gli altri e cercate di avvicinarvi con amore.
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Depois do Angelus
Queridos irmãos e irmãs!
Hoje, perto da festa dos Santos Pedro e Paulo, peço-lhe que reze pelo Papa, reze de uma maneira especial: o Papa precisa da sua oração! Obrigada. Eu sei que você vai.
Por ocasião da Jornada de hoje pela Paz no Oriente , convido todos a implorar a misericórdia e a paz de Deus para aquela região. O Senhor apoie os esforços de quantos trabalham pelo diálogo e pela convivência fraterna no Oriente Médio, onde a fé cristã nasceu e vive, apesar do sofrimento. Que Deus conceda sempre força, perseverança e coragem a esses queridos povos.
Garanto-vos a minha proximidade com as populações do sudeste da República Checa atingidas por um forte furacão. Rezo pelos mortos e feridos e por aqueles que tiveram que deixar suas casas, que foram gravemente danificadas.
Dirijo as minhas cordiais boas-vindas a todos vós, vindos de Roma, da Itália e de outros países. Vejo polacos, espanhóis ... Muitos estão lá e ali ... Visitar os túmulos dos Santos Pedro e Paulo pode fortalecer em vós o vosso amor a Cristo e à Igreja.
Desejo a todos um feliz domingo. E, por favor, não se esqueça de orar por mim. Bom almoço e adeus! Parabéns rapazes da Imaculada Conceição!
(vaticano.va)
Liturgia do XII1 Domingo do Tempo Comum
Livro da Sabedoria 1,13-15,2,23-24.
Não foi Deus quem fez a morte, nem Ele Se alegra com a perdição dos vivos.
Pela criação deu o ser a todas as coisas, e o que nasce no mundo destina-se ao bem. Em nada existe o veneno que mata, nem o poder da morte reina sobre a Terra,
porque a justiça é imortal.
Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem da sua própria natureza.
Foi pela inveja do Diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na que lhe pertencem.
Livro dos Salmos 30 (29), 2.4.5-6.11.12a.13b.
Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer ao túmulo.
Cantai salmos ao Senhor, vós, os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite durante as lágrimas
e ao amanhecer volta a alegria.
Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor, meu Deus, eu Vos louvarei eternamente.
2.ª Carta aos Coríntios 8,7.9.13-15.
Irmãos: já que sobressaís em tudo - na fé, na eloquência, na ciência, em toda espécie de nas ponderações e na caridade que vos ensinámos -, deveis também sobressair nesta obra de generosidade.
Conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer pela sua pobreza.
Não se trata de vos sobrecarregar para aliviar os outros, mas sim de procurar uma igualdade.
Nas circunstâncias presentes, aliviai com a vossa abundância a sua indigência, para que, um dia, eles aliviem a vossa indigência com a sua abundância. E assim haverá igualdade,
como está escrito: «A quem tinha colhido muito não sobrou, ea quem tinha colhido pouco não faltou».
Evangelho segundo São Marcos 5,21-43.
Naquele tempo, depois de Jesus ter atravessado de barco para a outra margem do lago, reuniu-se uma grande multidão à sua volta, e Ele deteve-Se à beira-mar.
Chegou então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Ao ver Jesus, caiu a seus pés
e suplicou-Lhe com insistência: «A minha filha está a morrer. Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva ».
Jesus foi com ele, seguido por grande multidão, que O apertava de todos os lados.
Ora, certa mulher que tinha um fluxo de sangue havia doze anos,
que sofrera muito nas mãos de vários médicos e gastara todos os seus bens, sem ter qualquer resultado, antes piorava cada vez mais,
tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-Lhe por detrás no manto,
dizendo consigo: «Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada».
Nenhum instante foi iniciado o fluxo de sangue e pulso no corpo que estava curado da doença.
Jesus notou logo que saíra uma força de Si mesmo. Voltou-Se para a multidão e perguntou: «Quem tocou nas minhas vestes?».
Os discípulos responderam-Lhe: «Vês a multidão que Te aperta e perguntas:" Quem Me tocou? "».
Mas Jesus olhou em volta, para ver quem O tinha tocado.
A mulher, assustada e tremer, por saber o que lhe tinha acontecido, veio prostrar-se diante de Jesus e disse-Lhe a verdade.
Jesus respondeu-lhe: «Minha filha, a tua fé te salvou».
Ainda Ele falava, quando anúncio dizer da casa do chefe da sinagoga: «A tua filha morreu. Porque ainda é importunar o Mestre? ».
Mas Jesus, ouvindo estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; basta que tenhas fé ».
E não deixou que ninguém O acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.
Quando chegou a casa do chefe da sinagoga, Jesus encontrou grande alvoroço, com gente que chorava e gritava.
Ao entrar, perguntou-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu; está a dormir ».
Riram-se dele. Jesus, depois de os ter mandado sair a todos, levando consigo apenas o pai da menina e os que vinham com Ele, entrou no local onde jazia a menina,
pegou-lhe na mão e disse: «Talitha Kum», que significa: « Menina, Eu te ordeno: levanta-te ».
Ela ergueu-se imediatamente e começou a andar, pois já tinha doze anos. Ficaram todos muito maravilhados.
Jesus recomendou-lhes insistentemente que ninguém soubesse do caso e mandou de comer à menina.
Tradução litúrgica da Bíblia
(Evangelho Quotidiano)
quinta-feira, 24 de junho de 2021
quarta-feira, 23 de junho de 2021
AUDIÊNCIA GERAL (Texto)
PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Pátio São Dâmaso
Quarta-feira, 23 de junho de 2021
Catequese - 1. Introdução à Carta aos Gálatas
Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Depois do longo itinerário dedicado à oração, hoje iniciamos um novo ciclo de catequeses. Espero que com o itinerário da oração, tenhamos aprendido a rezar um pouco melhor, a orar um pouco mais. Hoje desejo refletir sobre alguns temas que o apóstolo Paulo propõe na sua Carta aos Gálatas. É uma Carta muito importante, diria até decisiva, não só para conhecer melhor o Apóstolo, mas sobretudo para considerar alguns dos temas que ele aborda em profundidade, mostrando a beleza do Evangelho. Nesta Carta, Paulo faz muitas referências biográficas que nos permitem conhecer a sua conversão e a decisão de dedicar a vida ao serviço de Jesus Cristo. Também trata de algumas temáticas muito importantes para a fé, tais como a liberdade, a graça e o modo de vida cristão, que são extremamente relevantes pois tocam muitos aspetos da vida da Igreja de hoje. Esta é uma Carta muito atual. Parece ter sido escrita para os nossos tempos.
A primeira caraterística que emerge desta Carta é a grande obra de evangelização realizada pelo Apóstolo, que visitou as comunidades da Galácia pelo menos duas vezes durante as suas viagens missionárias. Paulo dirige-se aos cristãos daquele território. Não sabemos exatamente a que área geográfica se refere, nem podemos afirmar com certeza a data em que escreveu esta Carta. Sabemos que os gálatas eram uma antiga população celta que, através de muitas vicissitudes, se estabeleceu naquela extensa região da Anatólia que tinha a sua capital na cidade de Ancira, hoje Ancara, capital da Turquia. Paulo relata apenas que, por causa de uma doença, se viu obrigado a permanecer naquela região (cf. Gl 4, 13). Ao contrário, São Lucas, nos Atos dos Apóstolos, encontra uma motivação mais espiritual. Diz que «atravessando em seguida a Frígia e a província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a Palavra de Deus na (província da) Ásia» (16, 6). Os dois factos não são contraditórios: pelo contrário, indicam que o caminho da evangelização nem sempre depende da nossa vontade e dos nossos projetos, mas requer a disponibilidade a deixar-nos plasmar e seguir outros caminhos que não estavam previstos. Entre vós está presente uma família que me saudou: contou-me que deve aprender o letão, e não sei quais outras línguas, pois vai como missionária para aquelas terras. O Espírito conduz também hoje muitos missionários que deixam a própria pátria e vão para outra terra em missão. O que verificamos, contudo, é que na sua incansável obra de evangelização o Apóstolo conseguiu fundar várias pequenas comunidades, espalhadas por toda a região da Galácia. Paulo, quando chegava a uma cidade, a uma região, não construía imediatamente uma grande catedral, não. Estabelecia as pequenas comunidades que são o fermento da nossa cultura cristã de hoje. Começava com as pequenas comunidades. E estas pequenas comunidades cresciam, cresciam e iam em frente. Também hoje este método pastoral é realizado em cada região missionária. Recebi uma carta na semana passada, de um missionário da Papua-Nova Guiné; disse-me que está a pregar o Evangelho na selva, às pessoas que não sabem nem sequer quem foi Jesus Cristo. Que bonito! Dá-se início a pequenas comunidades. Também hoje o método é aquele evangelizador da primeira evangelização.
O que queremos notar é a preocupação pastoral de Paulo que é toda fogo. Ele, após a fundação destas Igrejas, tomou consciência de um grande perigo – o pastor é como o pai ou a mãe que imediatamente se dá conta dos perigos que os filhos correm – para o seu crescimento na fé. Crescem e chegam os perigos. Como dizia alguém: “Chegam os abutres a fazer estragos na comunidade”. De facto, alguns cristãos vindos do judaísmo tinham-se infiltrado nestas igrejas e astutamente começaram a semear teorias contrárias aos ensinamentos do Apóstolo, chegando ao ponto de o difamar. Começam com a doutrina “esta sim, esta não”, e depois difamam o Apóstolo. É o caminho de sempre: tirar a autoridade ao Apóstolo. Como podemos ver, é uma prática antiga apresentar-se em certas ocasiões como os únicos possuidores da verdade – os puros – e procurar menosprezar o trabalho dos outros, até com a calúnia. Estes adversários de Paulo argumentaram que também os gentios tinham de se submeter à circuncisão e viver de acordo com as regras da lei mosaica. Voltam atrás às observâncias de antes, o que tinha sido superado pelo Evangelho. Portanto, os Gálatas teriam de renunciar à sua identidade cultural a fim de se submeterem às normas, prescrições e costumes típicos dos judeus. E não só. Esses opositores argumentaram que Paulo não era um verdadeiro apóstolo e, por conseguinte, não tinha autoridade para pregar o Evangelho. Muitas vezes vemos isto. Pensemos em alguma comunidade cristã ou diocese: começam as histórias e depois acabam por desacreditar o pároco, o bispo. É precisamente o caminho do maligno, das pessoas que dividem, que não sabem construir. E nesta Carta aos Gálatas vemos este procedimento.
Os Gálatas encontravam-se numa situação de crise. O que deviam fazer? Ouvir e seguir o que Paulo lhes tinha pregado, ou ouvir os novos pregadores que o acusavam? É fácil imaginar o estado de incerteza que animava os seus corações. Para eles, que conheceram Jesus e acreditaram na obra de salvação realizada através da sua morte e ressurreição, foi verdadeiramente o início de uma nova vida, uma vida de liberdade. Tinham enveredado por um caminho que lhes permitia finalmente ser livres, não obstante a sua história estivesse imbuída de muitas formas de escravidão violenta, nomeadamente a que os sujeitou ao imperador de Roma. Portanto, perante as críticas dos novos pregadores, sentiam-se desorientados e incertos sobre como se comportar: “Mas quem tem razão? Este Paulo, ou aquelas pessoas que agora estão a ensinar outras coisas? A quem devo ouvir? Em suma, os riscos eram realmente elevados!
Esta condição não está longe da experiência que muitos cristãos vivem na nossa época. Com efeito, ainda hoje, não faltam pregadores que, especialmente através dos novos meios de comunicação, podem perturbar as comunidades. Apresentam-se não para anunciar o Evangelho de Deus que ama o homem em Jesus Crucificado e Ressuscitado, mas para reiterar com insistência, como verdadeiros “guardiães da verdade” – assim se consideram – qual é a melhor maneira de ser cristão. Afirmam energicamente que o verdadeiro cristianismo é aquele ao qual estão ligados, frequentemente identificado com certas formas do passado, e que a solução para as crises de hoje é voltar atrás para não perder a genuinidade da fé. Também hoje, como outrora, existe a tentação de se fechar em algumas certezas adquiridas em tradições passadas. Mas como podemos reconhecer esta gente? Por exemplo, uma das caraterísticas do modo de proceder é a rigidez. Face à pregação do Evangelho que nos torna livres, jubilosos, eles são rígidos. Sempre a rigidez: deve-se fazer isto, deve-se fazer aquilo… A rigidez é própria dessas pessoas. Seguindo o ensino do Apóstolo Paulo na Carta aos Gálatas ajudar-nos-á a compreender qual caminho seguir. O caminho que o Apóstolo indicou é aquele libertador e sempre novo de Jesus Crucificado e Ressuscitado; é o caminho do anúncio, que se realiza através da humildade e da fraternidade, os novos pregadores não sabem o que é humildade nem fraternidade; é o caminho da confiança mansa e obediente, os novos pregadores não conhecem a mansidão nem a obediência. E este caminho manso e obediente vai em frente, na certeza de que o Espírito Santo age em cada época da Igreja. Em última instância, a fé no Espírito Santo presente na Igreja, leva-nos em frente e salvar-nos-á.
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Saudações:
Queridos irmãos e irmãs de língua portuguesa: lembrem-se sempre que o anúncio do Evangelho se faz com humildade e fraternidade, não impondo, mas indicando o caminho a seguir. Desça sobre todos vós a benção de Deus!
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Resumo da catequese do Santo Padre:
Hoje começamos um novo ciclo de catequeses, desta vez sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas. Nesta carta, o Apóstolo faz diversas alusões biográficas que nos permitem conhecer a sua conversão e a decisão de colocar a sua vida a serviço de Jesus Cristo. Ele trata também temas importantes para a fé e extremamente atuais, como a liberdade, a graça e o viver cristão. O primeiro ponto que emerge da carta é a grande obra evangelizadora realizada pelo Apóstolo naquela região, onde fundou diversas pequenas comunidades cristãs. Igualmente digno de nota é a preocupação pastoral de Paulo que percebe o grande perigo que representava a influência de alguns cristãos provenientes do judaísmo para o crescimento na fé destas comunidades. De fato, estes adversários de Paulo sustentavam que os pagãos deveriam submeter-se à circuncisão e à lei mosaica e que ele não era um verdadeiro apóstolo e, portanto, não possuía autoridade para pregar o Evangelho. Não faltam, também em nossos dias, pregadores que se proclamem como detentores da verdade, afirmando que o verdadeiro cristianismo é o que praticam, muitas vezes identificado com formas do passado. Nos fará bem compreender que o caminho indicado pelo Apóstolo Paulo na carta aos Gálatas é o da liberdade, do anúncio realizado através da humildade e da fraternidade.
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terça-feira, 22 de junho de 2021
Mensagem para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos -Texto integral
Na manhã desta terça-feira (22) foi divulgada a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos que será celebrado no 4° domingo de julho, neste ano, no dia 25.
Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos
(4º domingo de julho – 25 de julho de 2021)
«Eu estou contigo todos os dias»
Queridos avôs, queridas avós!
«Eu estou contigo todos os dias» (cf. Mt 28, 20) é a promessa que o Senhor fez aos discípulos antes de subir ao Céu; e hoje repete-a também a ti, querido avô e querida avó. Sim, a ti! «Eu estou contigo todos os dias» são também as palavras que eu, Bispo de Roma e idoso como tu, gostaria de te dirigir por ocasião deste primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos: toda a Igreja está solidária contigo – ou melhor, connosco –, preocupa-se contigo, ama-te e não quer deixar-te abandonado.
Bem sei que esta mensagem te chega num tempo difícil: a pandemia foi uma tempestade inesperada e furiosa, uma dura provação que se abateu sobre a vida de cada um, mas, a nós idosos, reservou-nos um tratamento especial, um tratamento mais duro. Muitíssimos de nós adoeceram – e muitos partiram –, viram apagar-se a vida do seu cônjuge ou dos próprios entes queridos, e tantos – demasiados – viram-se forçados à solidão por um tempo muito longo, isolados.
O Senhor conhece cada uma das nossas tribulações deste tempo. Ele está junto de quantos vivem a dolorosa experiência de ter sido afastado; a nossa solidão – agravada pela pandemia – não O deixa indiferente. Segundo uma tradição, também São Joaquim, o avô de Jesus, foi afastado da sua comunidade, porque não tinha filhos; a sua vida – como a de Ana, sua esposa – era considerada inútil. Mas o Senhor enviou-lhe um anjo para o consolar. Estava ele, triste, fora das portas da cidade, quando lhe apareceu um Enviado do Senhor e lhe disse: «Joaquim, Joaquim! O Senhor atendeu a tua oração insistente».[1] Giotto dá a impressão, num afresco famoso[2], de colocar a cena de noite, uma daquelas inúmeras noites de insónia a que muitos de nós se habituaram, povoadas por lembranças, inquietações e anseios.
Ora, mesmo quando tudo parece escuro, como nestes meses de pandemia, o Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão repetindo-nos: «Eu estou contigo todos os dias». Di-lo a ti, di-lo a mim, a todos. Está aqui o sentido deste Dia Mundial que eu quis celebrado pela primeira vez precisamente neste ano, depois dum longo isolamento e com uma retomada ainda lenta da vida social: oxalá cada avô, cada idoso, cada avó, cada idosa – especialmente quem dentre vós está mais sozinho – receba a visita de um anjo!
Este anjo, algumas vezes, terá o rosto dos nossos netos; outras vezes, dos familiares, dos amigos de longa data ou conhecidos precisamente neste momento difícil. Neste período, aprendemos a entender como são importantes, para cada um de nós, os abraços e as visitas, e muito me entristece o facto de as mesmas não serem ainda possíveis em alguns lugares.
Mas o Senhor envia-nos os seus mensageiros também através da Palavra divina, que Ele nunca deixa faltar na nossa vida. Cada dia, leiamos uma página do Evangelho, rezemos com os Salmos, leiamos os Profetas! Ficaremos comovidos com a fidelidade do Senhor. A Sagrada Escritura ajudar-nos-á também a entender aquilo que o Senhor nos pede hoje na vida. De facto, Ele manda os operários para a sua vinha a todas as horas do dia (cf. Mt 20, 1-16), em cada estação da vida. Eu mesmo posso dar testemunho de que recebi a chamada para me tornar Bispo de Roma quando tinha chegado, por assim dizer, à idade da aposentação e imaginava que já não podia fazer muito de novo. O Senhor está sempre junto de nós – sempre – com novos convites, com novas palavras, com a sua consolação, mas está sempre junto de nós. Como sabeis, o Senhor é eterno e nunca vai para a reforma. Nunca.
No Evangelho de Mateus, Jesus diz aos Apóstolos: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (28, 19-20). Estas palavras são dirigidas também a nós, hoje, e ajudam-nos a entender melhor que a nossa vocação é salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos. Atenção! Qual é a nossa vocação hoje, na nossa idade? Salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos. Não vos esqueçais disto.
Não importa quantos anos tens, se ainda trabalhas ou não, se ficaste sozinho ou tens uma família, se te tornaste avó ou avô ainda relativamente jovem ou já avançado nos anos, se ainda és autónomo ou precisas de ser assistido, porque não existe uma idade para aposentar-se da tarefa de anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir as tradições aos netos. É preciso pôr-se a caminho e, sobretudo, sair de si mesmo para empreender algo de novo.
Portanto existe uma renovada vocação, também para ti, num momento crucial da história. Perguntar-te-ás: Mas, como é possível? As minhas energias vão-se exaurindo e não creio que possa ainda fazer muito. Como posso começar a comportar-me de maneira diferente, quando o hábito se tornou a regra da minha existência? Como posso dedicar-me a quem é mais pobre, se já tenho tantas preocupações com a minha família? Como posso alongar o meu olhar, se não me é permitido sequer sair da residência onde vivo? Não é um fardo já demasiado pesado a minha solidão? Quantos de vós se interrogam: Não é um fardo já demasiado pesado a minha solidão? O próprio Jesus ouviu Nicodemos dirigir-Lhe uma pergunta deste tipo: «Como pode um homem nascer, sendo velho?» (Jo 3, 4). Isso é possível – responde o Senhor –, abrindo o próprio coração à obra do Espírito Santo, que sopra onde quer. Com a liberdade que tem, o Espírito Santo move-Se por toda a parte e faz aquilo que quer.
Como afirmei já mais de uma vez, da crise que o mundo atravessa, não sairemos iguais: sairemos melhores ou piores. E «oxalá não seja mais um grave episódio da história, cuja lição não fomos capazes de aprender [somos de cabeça dura!]. Oxalá não nos esqueçamos dos idosos que morreram por falta de respiradores (...). Oxalá não seja inútil tanto sofrimento, mas tenhamos dado um salto para uma nova forma de viver e descubramos, enfim, que precisamos e somos devedores uns dos outros, para que a humanidade renasça» (Papa Francisco, Enc. Fratelli tutti, 35). Ninguém se salva sozinho. Devedores uns dos outros. Todos irmãos.
Nesta perspetiva, quero dizer que há necessidade de ti para se construir, na fraternidade e na amizade social, o mundo de amanhã: aquele em que viveremos – nós com os nossos filhos e netos –, quando se aplacar a tempestade. Todos devemos ser «parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas» (Ibid., 77). Entre os vários pilares que deverão sustentar esta nova construção, há três que tu – melhor que outros – podes ajudar a colocar. Três pilares: os sonhos, a memória e a oração. A proximidade do Senhor dará – mesmo aos mais frágeis de nós – a força para empreender um novo caminho pelas estradas do sonho, da memória e da oração.
Uma vez o profeta Joel pronunciou esta promessa: «Os vossos anciãos terão sonhos e os jovens terão visões» (3, 1). O futuro do mundo está nesta aliança entre os jovens e os idosos. Quem, senão os jovens, pode agarrar os sonhos dos idosos e levá-los por diante? Mas, para isso, é necessário continuar a sonhar: nos nossos sonhos de justiça, de paz, de solidariedade reside a possibilidade de os nossos jovens terem novas visões e, juntos, construirmos o futuro. É preciso que testemunhes, também tu, a possibilidade de se sair renovado duma experiência dolorosa. E tenho a certeza de que não será a única, pois, na tua vida, terás tido tantas e sempre conseguiste triunfar delas. E, dessa experiência que tens, aprende como sair da provação atual.
Nisto se vê como os sonhos estão entrelaçados com a memória. Penso como pode ser de grande valor a memória dolorosa da guerra, e quanto podem as novas gerações aprender dela a respeito do valor da paz. E, a transmitir isto, és tu que viveste a tribulação das guerras. Recordar é uma missão verdadeira e própria de cada idoso: conservar na memória e levar a memória aos outros. Segundo Edith Bruck que sobreviveu à tragédia do Holocausto, «mesmo que seja para iluminar uma só consciência, vale a pena a fadiga de manter viva a recordação do que foi… e continua. Para mim, a memória é viver».[3] Penso também nos meus avós e naqueles de vós que tiveram de emigrar e sabem quanto custa deixar a própria casa, como fazem muitos ainda hoje à procura dum futuro. Talvez tenhamos algum deles ao nosso lado a cuidar de nós. Esta memória pode ajudar a construir um mundo mais humano, mais acolhedor. Mas, sem a memória, não se pode construir; sem alicerces, tu nunca construirás uma casa. Nunca. E os alicerces da vida estão na memória.
Por fim, a oração. Como disse o meu predecessor, Papa Bento (um idoso santo, que continua a rezar e trabalhar pela Igreja), «a oração dos idosos pode proteger o mundo, ajudando-o talvez de modo mais incisivo do que a fadiga de tantos».[4] Disse-o quase no fim do seu pontificado, em 2012. É belo! A tua oração é um recurso preciosíssimo: é um pulmão de que não se podem privar a Igreja e o mundo (cf. Papa Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 262). Sobretudo neste tempo tão difícil para a humanidade em que estamos – todos na mesma barca – a atravessar o mar tempestuoso da pandemia, a tua intercessão pelo mundo e pela Igreja não é vã, mas indica a todos a serena confiança de um porto seguro.
Querida avó, querido avô! Ao concluir esta minha mensagem, gostaria de indicar, também a ti, o exemplo do Beato (e proximamente Santo) Carlos de Foucauld. Viveu como eremita na Argélia e lá, naquele contexto periférico, testemunhou «os seus desejos de sentir todo o ser humano como um irmão» (Enc. Fratelli tutti, 287). A sua história mostra como é possível, mesmo na solidão do próprio deserto, interceder pelos pobres do mundo inteiro e tornar-se verdadeiramente um irmão e uma irmã universal.
Peço ao Senhor que cada um de nós, graças também ao seu exemplo, alargue o próprio coração e o torne sensível aos sofrimentos dos últimos e capaz de interceder por eles. Oxalá cada um de nós aprenda a repetir a todos, e em particular aos mais jovens, estas palavras de consolação que ouvimos hoje dirigidas a nós: «Eu estou contigo todos os dias». Avante e coragem! Que o Senhor vos abençoe.
Roma, São João de Latrão, na Festa da Visitação da Virgem Santa Maria, 31 de maio de 2021.
FRANCISCO
[1] O episódio é narrado no Protoevangelho de Tiago.
[2] Trata-se da imagem escolhida como logótipo do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos.
[3] «La memoria è vita, la scrittura è respiro», in L'Osservatore Romano (26 de janeiro de 2021).
[4] Visita à casa-família “Viva gli anziani”, 12 de novembro de 2012.
segunda-feira, 21 de junho de 2021
Papa recebe grupo de detentos de uma das principais prisões de Roma
Cerca de 20 presos foram recebidos por Francisco na manhã desta segunda-feira (21) na Casa Santa Marta, antes de seguirem em visita aos Museus do Vaticano. A notícia foi divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé. Em abril, outro grupo participou da celebração eucarística por ocasião da Festa da Divina Misericórdia, também com o Papa.
Andressa Collet - Vatican News
O Papa Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira (21) na Casa Santa Marta, logo depois das 8h45, um grupo de 20 detentos do cárcere de Rebibbia, uma das principais prisões de Roma. Segundo comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, eles fazem parte do terceiro instituto do complexo e estavam acompanhados pelo diretor, capelão e alguns funcionários que, em seguida, iriam visitar os Museus do Vaticano.
O cárcere de Rebibbia, fundado na década de 70, fica no bairro de mesmo nome na periferia nordeste da capital. Considerada uma das principais prisões de Roma, junto com a Regina Coeli, ela é dividida em quatro institutos autônomos para se cumprir diferentes penas: três para detenção de homens e um para mulheres – destinado inclusive para detentas mães, com os respectivos filhos pequenos, autorizados a viver com elas até os 3 anos de idade.
Segundo dados do Ministério da Justiça, atualizados neste mês de junho, o local tem capacidade para atender 1.163 pessoas, mas acolhe atualmente 1.260 detentos. O instituto penitenciário conta com quatro campos esportivos, sete bibliotecas, além de academias, teatro e local de culto. De fato, todos os domingos uma igreja central realizada celebrações religiosas para cerca de 300 detentos.
Papa: sejam misericordiosos
Por ocasião da Festa da Divina Misericórdia deste ano, em 11 de abril na Igreja do Espírito Santo em Sassia, próxima do Vaticano, o Papa Francisco presidiu a missa com a presença de detentos oriundos de três institutos penitenciários de Roma, como o de Rebibbia. Na homilia, o Pontífice aprofundou a reflexão sobre os três dons oferecidos por Jesus para que os discípulos obtenham a misericórdia: a paz, o Espírito e as chagas.
“Deixemo-nos ressuscitar pela paz, o perdão e as chagas de Jesus misericordioso. E peçamos a graça de nos tornarmos testemunhas de misericórdia. Só assim será viva a fé; e a vida unificada. Só assim anunciaremos o Evangelho de Deus, que é Evangelho de misericórdia.”
Ao final da celebração eucarística, ao rezar a oração mariana do Regina Coeli, o Papa saudou os presentes, entre enfermeiros, pessoas com deficiência, refugiados, migrantes e os próprios detentos:
“Vocês representam algumas realidades nas quais a misericórdia se torna concreta, torna-se proximidade, serviço, atenção às pessoas em dificuldade. Desejo que vocês se sintam sempre misericordiados para, por sua vez, serem misericordiosos.”
(vaticannews)
domingo, 20 de junho de 2021
ANGELUS 20.6.21 (Texto)
PAPA FRANCESCO
ANGELUS
Praça de São Pedro,
domingo, 20 de junho de 2021
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Na liturgia de hoje é narrado o episódio da tempestade acalmada por Jesus ( Mc 4, 35-41). O barco em que os discípulos atravessam o lago é atacado pelo vento e pelas ondas e eles têm medo de afundar. Jesus está com eles no barco, mas se senta na popa no travesseiro e dorme. Os discípulos, cheios de medo, gritam com ele: "Mestre, não te importas que estejamos perdidos?" (v. 38).
E muitas vezes também nós, assaltados pelas provações da vida, clamamos ao Senhor: "Por que estás calado e não fazes nada por mim?". Sobretudo quando parecemos afundar, porque o amor ou o projeto em que tínhamos depositado grandes esperanças se desvanece; ou quando estamos à mercê de ondas persistentes de ansiedade; ou quando nos sentimos sobrecarregados de problemas ou perdidos no meio do mar da vida, sem rota e sem porto. Ou ainda, nos momentos em que falta forças para seguir em frente, porque não há trabalho ou um diagnóstico inesperado nos faz temer pela nossa saúde ou pela de um ente querido. São muitos os momentos em que nos sentimos em uma tempestade, nos sentimos quase acabados.
Nessas situações e em muitas outras, também nós nos sentimos sufocados pelo medo e, como os discípulos, corremos o risco de perder de vista o que é mais importante. No barco, de fato, mesmo dormindo, Jesus está lá , e ele compartilha com sua família tudo o que está acontecendo. Enquanto seu sono nos surpreende por um lado, ele nos põe à prova por outro. O Senhor está lá, presente; na verdade, ele espera - por assim dizer - que o envolvamos, que o invoquemos, que o coloquemos no centro daquilo que vivemos. Seu sono nos faz acordar. Porque, para ser discípulos de Jesus, não basta acreditar que Deus existe, que Ele existe, mas devemos nos envolver com Ele, devemos também levantar a nossa voz com Ele. Ouçam isto: devemos clamar a ele.. A oração, muitas vezes, é um grito: "Senhor, salva-me!". Estava a ver, no programa “À sua imagem”, hoje, Dia do Refugiado, muitos que chegam em barcos e na hora do afogamento gritarem: “Salva-nos!”. O mesmo acontece em nossa vida: “Senhor, salva-nos!”, E a oração se torna um grito.
Hoje podemos nos perguntar: quais são os ventos que atingem minha vida, quais são as ondas que atrapalham minha navegação e colocam em risco minha vida espiritual, minha vida familiar, minha vida psíquica também? Vamos dizer tudo isso a Jesus, vamos contar tudo a ele. Ele deseja isso, ele quer que nos agarremos a ele para encontrar abrigo contra as ondas anômalas da vida. O Evangelho conta que os discípulos se aproximam de Jesus, o despertam e falam com ele (cf. v. 38). Aqui está o começo da nossa fé: reconhecer que sozinhos não podemos flutuar, que precisamos de Jesus como os marinheiros das estrelas para encontrar o nosso caminho. A fé começa com a crença de que não somos suficientes para nós mesmos, com o sentimento de necessidade de Deus. Quando vencemos a tentação de nos fecharmos em nós mesmos, quando vencemos a falsa religiosidade que não quer incomodar a Deus, quando clamamos a Ele, Ele pode fazer maravilhas em nós. É a força branda e extraordinária da oração, que faz milagres.
Jesus, orado pelos discípulos, acalma o vento e as ondas. E faz-lhes uma pergunta, uma pergunta que também nos preocupa: «Por que estão com medo? Você ainda não tem fé? " (v. 40). Os discípulos se deixaram levar pelo medo, porque ficaram olhando as ondas em vez de olhar para Jesus, e o medo nos leva a olhar as dificuldades, os problemas feios e a não olhar para o Senhor, que tantas vezes dorme. É assim também para nós: quantas vezes ficamos para consertar os problemas, em vez de ir ao Senhor e jogar nossas preocupações nele! Quantas vezes deixamos o Senhor num canto, no fundo do barco da vida, para acordá-lo apenas na hora de necessidade! Peçamos hoje a graça de uma fé que não se cansa de buscar o Senhor, de bater à porta do seu Coração. A Virgem Maria, que em sua vida nunca deixou de confiar em Deus,
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APÓS ANGELUS
Queridos irmãos e irmãs!
Uno a minha voz à dos Bispos de Mianmar, que na semana passada lançaram um apelo chamando a atenção de todo o mundo para a dolorosa experiência de milhares de pessoas deslocadas e morrendo de fome naquele país: «Rogamos a todos a gentileza de permitir corredores humanitários "e que" igrejas, pagodes, mosteiros, mesquitas, templos, bem como escolas e hospitais "sejam respeitados como lugares neutros de refúgio. Que o Coração de Cristo toque os corações de todos, levando a paz a Mianmar!
Hoje comemoramos o Dia Mundial do Refugiado, promovido pelas Nações Unidas, com o tema “Juntos podemos fazer a diferença”. Abrimos nossos corações aos refugiados; fazemos suas as tristezas e alegrias; vamos aprender com sua resiliência corajosa! E assim, todos juntos, faremos crescer uma comunidade mais humana, uma grande família.
Dirijo as minhas cordiais boas-vindas a todos vós, vindos de Roma, da Itália e de outros países. Vejo peruanos, poloneses ... e outros países lá ... Em particular, saúdo a Associação Católica Italiana de Guias e Escoteiros; a delegação de mães professoras em escolas italianas; os jovens do Centro Pai Nosso de Palermo, fundado pelo Beato Dom Puglisi; os meninos de Tremignon e Vaccarino e os fiéis de Niscemi, Bari, Anzio e Villa di Briano.
Desejo a todos um feliz domingo. Por favor, não se esqueça de orar por mim. Bom almoço e adeus!
Propriedade privada é um direito secundário, diz o papa Francisco
Vaticano, 17 jun. 21 / 03:55 pm (ACI).- “A propriedade privada é um direito secundário", dependente do "direito primário, que é o destino universal dos bens", disse o papa Francisco em mensagem enviada à Organização Internacional do Trabalho, da ONU, na quinta-feira, 17 de junho. A OIT, órgão da Organização das Nações Unidas, está fazendo sua reunião anual.
Em uma fala de quase 30 minutos, o papa disse que é necessária "uma profunda reforma da economia". Citando sua própria encíclica Fratelli Tutti, Francisco disse que "junto com o direito da propriedade privada, existe o direito prioritário e precedente da subordinação de toda propriedade privada ao destino universal dos bens da terra e, portanto, o direito de todos ao seu uso".
O papa ecoa o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, promulgado por João Paulo II em 2004: “a tradição cristã nunca reconheceu o direito à propriedade privada como absoluto e intocável”. O número 177 do Compêndio diz que a Igreja “sempre o entendeu no contexto mais vasto do direito comum de todos a utilizarem os bens da criação inteira”.
Para Francisco, a “emergência trabalhista” foi agravada pela pandemia de covid-19: “aumento da pobreza, desemprego, subemprego, atraso na inserção dos jovens no mercado de trabalho, exploração infantil, tráfico de pessoas, insegurança alimentar, maior exposição a infecções para os doentes e idosos”.
Segundo o papa, “em todo o mundo, vimos perdas de empregos sem precedentes em 2020”, destacando a necessidade de buscar “soluções que ajudem a construir um novo futuro de trabalho baseado em condições de trabalho decentes e dignas”.
Ao longo de seu discurso, o papa defendeu maior regulamentação das relações de trabalho em vista a garantir os direitos dos trabalhadores, entre os quais o de se sindicalizar. "A adesão a um sindicato é um direito. A crise da Covid-19 já afetou os mais vulneráveis e eles não devem ser afetados negativamente por medidas a fim de acelerar uma retomada que se concentre unicamente nos indicadores econômicos", disse.
“Chegou o momento de eliminar as desigualdades, de curar a injustiça que está minando a saúde de toda a família humana”, disse o papa aos participantes da conferência online da OIT.
(acidigital)
sábado, 19 de junho de 2021
sexta-feira, 18 de junho de 2021
“Ainda que seja pouco tempo, vivê-lo intensamente!”
Diana Lobo Corgas
No passado dia 9 de maio, teve início o ano escutista 2020/2021 do Agrupamento 1165 da Brandoa, na igreja paroquial. Durante cerca de um ano, vimo-nos obrigados a fechar portas ao escutismo em sede e em campo. Nunca deixámos de ser escuteiros porque “o dever do escuta começa em casa”, mas sentíamos necessidade de poder crescer com os nossos irmãos escutas e caminhar rumo ao Homem Novo, juntos.
Assim, foi uma alegria imensa poder retomar o escutismo – agora com as devidas precauções e privilegiando o contacto com a natureza – e reiniciar mais um ano. Muitas cerimónias estavam pendentes, como promessas, investiduras e passagens de secção, pelo que optámos por iniciar o ano com a concretização destas cerimónias na igreja, numa celebração da palavra dirigida pelo Assistente, o Padre Francisco. Como referiu na sua homilia, apesar de termos apenas dois meses para fazer escutismo, “que o façamos de forma intensa”, lembrando-nos do exemplo do beato Carlos Acutis que teve uma vida curta, mas intensa e de íntima relação com Deus.
Deixo ainda o meu testemunho acerca das investiduras de dirigente que tiveram lugar no m da cerimónia. Eu e a Inês Amaral, minha companheira e amiga de longa data, após três anos de iniciarmos o PIF (Percurso Inicial de Formação), pudemos, por m, substituir o nosso lenço vermelho de Caminheiras e Noviças a Dirigente pelo lenço verde-escuro. Já integradas desde os 22 anos nas equipas de animação, te- mos vindo a descobrir a beleza do escutismo aos olhos dos dirigentes adultos, que têm como missão guiar e auxiliar os jovens no seu percurso de formação. É com grande orgulho que faço hoje parte da família dos dirigentes do CNE. Sei que não será uma tarefa fácil, é necessário investir muito do nosso tempo na educação dos jovens, mas sei que com Deus chegaremos longe. Pretendemos, sobretudo, servir Deus, a paróquia e o agrupamento nesta missão que nos foi confiada.
Rezem por nós e pelo nosso agrupamento.
Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus Brandoa
Edição mensal No 6 - junho 2021 - ano XXVII Distribuição gratuita
Boletim Paroquial
quinta-feira, 17 de junho de 2021
Sugestão de Filme
Madalena Madeira Duarte
harriet
Este lme é inspirado na história verídica de uma es- crava que, ao ver-lhe negados todos os seus direitos, em inícios do século XIX, em vez de se conformar, é impulsionada a fugir, libertando perto de mil escravos. Com uma força indomável e sofrimento cravado na pele, Harriet (nome que adotou em liberdade) dedica a sua vida à abolição da escravatura, sendo sempre con- duzida pela voz de Deus. Este é um lme inspirador e contagiante, que nos mostra uma vez mais que não há nada que pare alguém com fé, nem a garra de fazer acontecer aquilo em que se acredita.
Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus Brandoa
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Hoje é celebrado Santo Alberto Chmielowski, que inspirou a vocação de São João Paulo II
REDAÇÃO CENTRAL, 17 jun. 21 / 05:00 am (ACI).- Santo Alberto Chmielowski foi um pintor de profissão e religioso polonês que inspirou a vocação do papa São João Paulo II. Também fundou os “Irmãos” e “Irmãs” da Ordem Terceira de São Francisco, Servos dos Pobres.
O santo nasceu em uma pequena cidade do reino da Polônia (parte do império russo), em 20 de agosto de 1845. Sua família era nobre. Cresceu em um clima de ideais patrióticos e amor pelos pobres.
“Aos 17 anos (1863), ainda estudante na escola agrícola, participou na luta insurrecional para libertar a sua pátria do jugo estrangeiro e nessa luta sofreu a mutilação da perna. Buscou o significado de sua vocação através da atividade artística, deixando obras que ainda hoje impressionam por uma particular capacidade expressiva”, disse São João Paulo II durante a missa de canonização deste santo.
Em 1874, sendo já um artista maduro, decidiu dedicar "a arte, o talento e suas aspirações à glória de Deus". Assim, os temas religiosos passaram a predominar em suas atividades artísticas.
Uma de suas melhores pinturas, "Ecce Homo", foi o resultado de uma profunda experiência do amor misericordioso de Cristo pelo homem, experiência que conduziu Chmielowski à sua transformação espiritual.
Anos depois, decidiu renunciar à arte e dedicar sua vida ao serviço dos marginalizados. Em 1888, pronunciou os votos religiosos na congregação dos Irmãos da Ordem Terceira de São Francisco.
Alberto organizou asilos para os pobres, casas para os mutilados e incuráveis, enviou as irmãs de sua congregação para trabalhar em hospitais militares, fundou refeitórios públicos para os pobres e orfanatos para crianças e jovens desabrigados.
Graças ao seu espírito empreendedor, quando morreu, deixou fundadas 21 casas religiosas nas quais prestavam seus trabalhos 40 irmãos e 120 religiosos.
O santo morreu de câncer no estômago em 1916, em Cracóvia, no asilo por ele fundado. Foi beatificado em Cracóvia, em 22 de junho de 1983, pelo papa João Paulo II, que também o canonizou em 12 de novembro de 1989, em Roma.
(acidigital)
quarta-feira, 16 de junho de 2021
terça-feira, 15 de junho de 2021
Curiosidades Bíblicas ... e não só!
– A casa de Pedro em Cafarnaum
Eduardo Martins
Quantas vezes nos questionamos e sentimos curiosidade sobre como era a vida dos discípulos e dos primeiros cristãos, onde viviam e como se reuniam?
As escavações arqueológicas realizadas em Cafarnaum, pequena cidade localizada na margem noroeste do Lago Tiberíades e onde, ainda hoje, é possível reviver a vida pública de Jesus e dos Apóstolos, trouxeram a descoberta da casa de Pedro, facto muito relevante, pois ajuda-nos a compreender muitos aspetos da vida à data. Debaixo das ruínas de uma basílica bizantina do século V, a cerca de um metro e meio de profundidade, veio à luz alguns restos de habitações que remontam ao século I d.C.. Esses restos agrupavam-se em redor de uma casa maior, reconhecida como sendo a de Pedro, graças aos muitos sinais religiosos que aí se encontraram.
Já no século I a casa de Pedro tinha sido transformada pela comunidade judeo-cristã numa domus ecclesia, lugar de encontro para muita gente, sobretudo para os discípulos, bem como local de ensino da fé cristã, estando decorada com gravuras que relatam testemunhos de fé, permanecendo separada das outras casas por meio de um recinto sagrado. A casa de Pedro foi e é testemunho do hábito da comunidade cristã primitiva, que se reunia em casas privadas, a qual, além de local de vida em família, depressa se tornou também local de encontros entre os cristãos e de celebração da liturgia.
Impressionantes as palavras de frei Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, quando celebrou a Santa Missa na semana em que os textos bíblicos relembraram o discurso de Jesus sobre o pão da vida pronunciado na Sinagoga. Reproduzimos aqui uma parte que nos mostra o elevadíssimo interesse deste lugar e desta cidade:
“Estamos na casa de Pedro e das janelas deste santuário podemos vislumbrar o lugar onde Jesus fez o seu discurso eucarístico, relatado no capítulo sexto do Evangelho segundo João. É um discurso que segue o grande sinal da multiplicação dos pães e dos peixes. [...] Igualmente significativa é a sinagoga porque é o lugar onde, de acordo com o capítulo 6 do Evangelho de João, Jesus faz aquele belíssimo discurso [...] onde se apresenta como o pão da vida, e o pão dado por seu Pai, e que o acolhe, a vida que o Pai dá por meio dele e, portanto, torna-se o discurso da promessa eucarística que hoje celebramos. E torna-se um convite a acolher Jesus na sua palavra e na Eucaristia para poder receber dele o dom do Espírito, porque é o Espírito como diz Jesus no cap. 6 de João - que é Senhor e dá vida. Há também o lago, outro lugar extremamente significativo a poucos passos de distância, porque o lago em si é um grande santuário: Toda essa área tem um significado extraordinário, e quando lemos as páginas dos evangelhos e podemos visitar estes lugares, é como se pudéssemos ouvir Jesus e os apóstolos, que de alguma forma estão vivos e falam e ainda hoje...”.
Um fortíssimo convite para um dia visitarmos Cafarnaum.
Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus Brandoa
Edição mensal No 6 - junho 2021 - ano XXVII Distribuição gratuita
VÍDEO MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
NA OCASIÃO DA 16ª EDIÇÃO DO FÓRUM GLOBSEC BRATISLAVA
(15 a 17 de junho de 2021)
Sr. Presidente ,
Obrigado pelo seu amável convite para participar, através desta mensagem de vídeo, na 16ª edição do Fórum GLOBSEC de Bratislava , dedicado ao tema: « Reconstruir o Mundo de Volta Melhor ».
Saúdo-vos a todos os organizadores e participantes desta conferência. Gostaria de expressar a minha gratidão pela plataforma que o Fórum de Bratislava oferece ao importante debate sobre a reconstrução do nosso mundo após a experiência da pandemia, que nos obriga a enfrentar uma série de graves questões socioeconómicas, ecológicas e políticas, todos entre relacionados a eles.
A esse respeito, gostaria de oferecer algumas idéias, inspirando-me no método do trinômio ver - julgar - agir .
Ver
Uma análise séria e honesta do passado, que inclui o reconhecimento das deficiências sistêmicas, dos erros cometidos e da falta de responsabilidade para com o Criador, o próximo e a criação, parece-me essencial para desenvolver uma ideia de recuperação que visa não só para reconstruir o que havia, mas corrigir o que não funcionava antes do advento do Coronavírus e que contribuiu para agravar a crise. Quem quiser se levantar de uma queda deve enfrentar as circunstâncias de seu próprio colapso e reconhecer os elementos de responsabilidade.
Vejo, portanto, um mundo que foi enganado por uma sensação ilusória de segurança baseada na fome de ganho.
Vejo um modelo de vida económica e social, caracterizado por tantas desigualdades e egoísmo, em que uma pequena minoria da população mundial detém a maioria dos bens, muitas vezes não hesitando em explorar pessoas e recursos.
Vejo um estilo de vida que não se preocupa o suficiente com o meio ambiente. Estamos acostumados a consumir e destruir sem restrições o que é de todos e deve ser resguardado com respeito, criando uma "dívida ecológica" a ser suportada sobretudo pelos pobres e pelas gerações futuras.
Julgar
A segunda etapa é avaliar o que foi visto. Ao saudar os meus colaboradores da Cúria Romana por ocasião do Natal passado, fiz uma breve reflexão sobre o significado da crise. A crise abre novas possibilidades: é de fato um desafio aberto para enfrentar a situação atual, para transformar o tempo da prova em um tempo de escolha. Uma crise, de fato, o obriga a escolher, para o bem ou para o mal. De uma crise, como já repeti, você não sai igual: ou sai melhor ou sai pior. Mas nunca o mesmo.
Julgar o que vimos e experimentamos nos incentiva a melhorar. Vamos aproveitar esse tempo para dar alguns passos em frente. A crise que atingiu a todos nos lembra que ninguém se salva sozinho. A crise abre-nos o caminho para um futuro que reconhece a verdadeira igualdade de cada ser humano: não uma igualdade abstrata, mas concreta, que oferece às pessoas oportunidades justas e reais de desenvolvimento.
agir
Quem não age desperdiça as oportunidades oferecidas pela crise. Atuar diante das injustiças sociais e da marginalização requer um modelo de desenvolvimento que coloque "cada homem e todo o homem" no centro "como pilar fundamental para respeitar e proteger, adotando uma metodologia que inclui a ética da solidariedade e da“ caridade política ”. ”( Mensagem ao Diretor da UNESCO , Sra. Audrey Azoulay , 24 de março de 2021).
Cada ação precisa de uma visão, uma visão integral e de esperança : uma visão como a do profeta bíblico Isaías, que viu as espadas transformarem-se em arados, as lanças em foices (cf. Is 2,4 ). Atuar para o desenvolvimento de todos é realizar uma obra de conversão. E sobretudo decisões que convertem morte em vida, armas em comida.
Mas todos nós precisamos empreender uma conversão ecológica também. Na verdade, a visão geral inclui a perspectiva de uma criação entendida como uma "casa comum" e requer ações urgentes para protegê-la.
Caros amigos, animados pela esperança que vem de Deus, espero que as vossas trocas destes dias contribuam para um modelo de recuperação capaz de gerar soluções mais inclusivas e sustentáveis; um modelo de desenvolvimento baseado na convivência pacífica entre os povos e na harmonia com a criação. Bom trabalho e obrigado!
(vaticannew)
segunda-feira, 14 de junho de 2021
A cultura conquista-se, tal como a mudança
Madalena Madeira Duarte
Face aos acontecimentos do último mês, nomeadamente o conflito Palestina-Israel que lembra o colonialismo, os episódios de bullying e violência que espreitam a cada esquina e o flagelo dos refugiados que sonham com um lugar pacífico e razoável para viver, inquieta-me ver como ainda há pessoas que consideram que apenas as grandes organizações podem resolver os problemas.
Espero que ninguém tenha ficado indiferente quando todos estes slogans nos agitam nas nossas vidas, nos fazem parar e questionar onde está Deus no meio de tudo isto.
Deus está em cada um de nós. A melhor dedicatória de Nosso Senhor foi dar-nos qualidades que podemos pôr ao serviço de quem nos rodeia. Uma delas é a curiosidade e capacidade de aprender, de evoluir.
Não é relevante onde temos as nossas raízes, se num lugar mais escuro, fechado e sem esperança ou num lugar luminoso, com amor e cuidado; todos temos a mesma obrigação: informarmo-nos, pesquisar sobre o que sucede no mundo e ao nosso lado, porque a cultura não se herda, conquista-se! Isto significa ir educando a nossa mente, que mais dia menos dia, irá intersectar mentes mais pequenas. Esse é o poder divino. Através das nossas relações, profissionais ou pessoais, podermos espalhar discretamente valores de respeito, tolerância, acolhimento e abraço e assim ser espelho de Jesus Cristo. Ser aqueles que em vez de atirar a primeira pedra, incentivam os outros a deixá-las no chão.
Questionamo-nos tantas vezes porque é que a lei é tão branda, porque é que nos tribunais os criminosos saem impunes e desacreditamos quem julga, ou os homens e mulheres que estão diante dos grandes organismos mundiais. A lei de nada serve se a sociedade não se transformar com ela, caso contrário a legislação só serve para acolher camadas de pó. A resposta reside na cultura, no saber, no ser caridoso com a realidade do outro, abrir as mentes dos juízes, diretores e padres é a chave basilar para o mundo se ir renovando.
O Direito – ciência e arte que estrutura a ordem dos Estados – está bem feito, quem o aplica seja numa empresa ou num tribunal é que tem de ser atualizado, formado e habilitado para ficar apto a resolver e até prevenir estas situações vergonhosas para a humanidade.
Por fim, realçar que, como um pensador afirmou “a mente que se abre a uma nova ideia nunca mais volta ao seu tamanho original”, por isso vamos tirar as teias de aranha de ideias retrógradas e sem sentido e ser mais amor e rigor no respeito e convivência.
De que estamos à espera para ser os agentes da mudança?
Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus Brandoa
Edição mensal No 6 - junho 2021 - ano XXVII Distribuição gratuita
O Papa: a pobreza não é fruto do destino, é consequência do egoísmo
Na mensagem para o Dia Mundial dos Pobres que será celebrado no próximo dia 14 de novembro o Papa Francisco afirma: “É decisivo dar vida a processos de desenvolvimento onde se valorizem as capacidades de todos, para que a complementaridade das competências e a diversidade das funções conduzam a um recurso comum de participação”
Jane Nogara - Vatican News
Para o V Dia Mundial dos Pobres que será celebrado no próximo dia 14 de novembro o Papa Francisco apresentou a sua mensagem que inicia com as palavras: “Sempre tereis pobres entre vós” do Evangelho de São Marcos. E contextualiza a situação, recordando que foram pronunciadas por Jesus, alguns dias antes da Páscoa, por ocasião duma refeição em Betânia na casa de Simão chamado ‘o leproso’. Francisco fala sobre as duas interpretações da ação da mulher que derramou o perfume sobre Jesus. A de Judas preocupado pelo dinheiro que o perfume poderia render e a do próprio Jesus que permite individuar o sentido profundo do gesto realizado pela mulher. Jesus defende a mulher pela sua sensibilidade e “vê, naquele gesto, a antecipação da unção do seu corpo sem vida antes de ser colocado no sepulcro. Esta visão ultrapassa todas as expetativas dos convivas. Jesus recorda-lhes que Ele é o primeiro pobre, o mais pobre entre os pobres, porque os representa a todos”. “Esta forte ‘empatia’ entre Jesus e a mulher e o modo como Ele interpreta a sua unção, em contraste com a visão escandalizada de Judas e doutros, inauguram um fecundo caminho de reflexão sobre o laço indivisível que existe entre Jesus, os pobres e o anúncio do Evangelho". Os pobres, afirma o Papa, “têm muito para nos ensinar. Além de participar do sensus fidei, nas suas próprias dores conhecem Cristo sofredor. É necessário que todos nos deixemos evangelizar por eles. A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja”.
Beneficência e partilha
Francisco recorda que “Jesus não só está do lado dos pobres, mas também partilha com eles a mesma sorte”, e que “um gesto de beneficência pressupõe um benfeitor e um beneficiado, enquanto a partilha gera fraternidade. A esmola é ocasional, ao passo que a partilha é duradoura. A primeira corre o risco de gratificar quem a dá e humilhar quem a recebe, enquanto a segunda reforça a solidariedade e cria as premissas necessárias para se alcançar a justiça”. Enfim, prossegue o Papa, “os crentes, quando querem ver Jesus em pessoa e tocá-Lo com a mão, sabem aonde dirigir-se: os pobres são sacramento de Cristo, representam a sua pessoa e apontam para Ele”.
Estilo de vida coerente com a fé
“Por isso precisamos de aderir com plena convicção ao convite do Senhor: ‘Convertei-vos e acreditai no Evangelho’. Esta conversão consiste, primeiro, em abrir o nosso coração para reconhecer as múltiplas expressões de pobreza e, depois, em manifestar o Reino de Deus através dum estilo de vida coerente com a fé que professamos”. “Seguir Jesus”, completa o Pontífice, “comporta uma mudança de mentalidade a esse propósito, ou seja, acolher o desafio da partilha e da comparticipação”.
Novas formas de pobreza
“O Evangelho de Cristo impele a ter uma atenção muito particular para com os pobres e requer que se reconheça as múltiplas, demasiadas, formas de desordem moral e social que sempre geram novas formas de pobreza” alerta o Papa e prossegue afirmando:
“Um mercado que ignora ou discrimina os princípios éticos cria condições desumanas que se abatem sobre pessoas que já vivem em condições precárias. Deste modo assiste-se à criação incessante de armadilhas novas da miséria e da exclusão, produzidas por agentes económicos e financeiros sem escrúpulos, desprovidos de sentido humanitário e responsabilidade social”
Pandemia: agravamento da pobreza
O Papa não deixa de recordar da pandemia que agravou a situação de todos os pobres além de levar muitos à pobreza em toda as partes do mundo: “Esta continua a bater à porta de milhões de pessoas e, mesmo quando não traz consigo o sofrimento e a morte, todavia é portadora de pobreza”. “É urgente dar respostas concretas a quantos padecem o desemprego, que atinge de maneira dramática tantos pais de família, mulheres e jovens. A solidariedade social e a generosidade de que muitos, graças a Deus, são capazes, juntamente com projetos clarividentes de promoção humana, estão a dar e darão um contributo muito importante nesta conjuntura”.
Individualismo cúmplice na geração de pobreza
Quais seriam os caminhos? Francisco traça algumas sugestões depois de questionar “Como se pode dar uma resposta palpável aos milhões de pobres que tantas vezes, como resposta, só encontram a indiferença, quando não a aversão? Qual caminho de justiça é necessário percorrer para que as desigualdades sociais possam ser superadas e seja restituída a dignidade humana tão frequentemente espezinhada?”. E a resposta vem da reflexão: “Um estilo de vida individualista é cúmplice na geração da pobreza e, muitas vezes, descarrega sobre os pobres toda a responsabilidade da sua condição. Mas a pobreza não é fruto do destino; é consequência do egoísmo. Portanto é decisivo dar vida a processos de desenvolvimento onde se valorizem as capacidades de todos, para que a complementaridade das competências e a diversidade das funções conduzam a um recurso comum de participação”.
Dignidade de filhos de Deus
Ao falar da dignidade e da riqueza que os pobres podem nos dar o Papa recorda: “Os pobres ensinam-nos frequentemente a solidariedade e a partilha. É verdade que são pessoas a quem falta algo e por vezes até muito, se não mesmo o necessário; mas não falta tudo, porque conservam a dignidade de filhos de Deus que nada e ninguém lhes pode tirar”.
Uma nova abordagem da pobreza
Em seguida pondera: “Impõe-se, pois, uma abordagem diferente da pobreza. É um desafio que os governos e as instituições mundiais precisam de perfilhar, com um modelo social clarividente, capaz de enfrentar as novas formas de pobreza que invadem o mundo e marcarão de maneira decisiva as próximas décadas. Se os pobres são colocados à margem, como se fossem os culpados da sua condição, então o próprio conceito de democracia é posto em crise e fracassa toda e qualquer política social”.
O Papa conclui sua mensagem com um pensamento do Padre Primo Mazzolari: “Gostaria de pedir-vos para não me perguntardes se existem pobres, quem são e quantos são, porque tenho receio que tais perguntas representem uma distração ou o pretexto para escapar duma específica indicação da consciência e do coração. (…) Os pobres, eu nunca os contei, porque não se podem contar: os pobres abraçam-se, não se contam”.
(vaticannews)