segunda-feira, 14 de junho de 2021

A cultura conquista-se, tal como a mudança


Madalena Madeira Duarte 


Face aos acontecimentos do último mês, nomeadamente o conflito Palestina-Israel que lembra o colonialismo, os episódios de bullying e violência que espreitam a cada esquina e o flagelo dos refugiados que sonham com um lugar pacífico e razoável para viver, inquieta-me ver como ainda há pessoas que consideram que apenas as grandes organizações podem resolver os problemas. 

Espero que ninguém tenha ficado indiferente quando todos estes slogans nos agitam nas nossas vidas, nos fazem parar e questionar onde está Deus no meio de tudo isto. 

Deus está em cada um de nós. A melhor dedicatória de Nosso Senhor foi dar-nos qualidades que podemos pôr ao serviço de quem nos rodeia. Uma delas é a curiosidade e capacidade de aprender, de evoluir. 

Não é relevante onde temos as nossas raízes, se num lugar mais escuro, fechado e sem esperança ou num lugar luminoso, com amor e cuidado; todos temos a mesma obrigação: informarmo-nos, pesquisar sobre o que sucede no mundo e ao nosso lado, porque a cultura não se herda, conquista-se! Isto significa ir educando a nossa mente, que mais dia menos dia, irá intersectar mentes mais pequenas. Esse é o poder divino. Através das nossas relações, profissionais ou pessoais, podermos espalhar discretamente valores de respeito, tolerância, acolhimento e abraço e assim ser espelho de Jesus Cristo. Ser aqueles que em vez de atirar a primeira pedra, incentivam os outros a deixá-las no chão. 

Questionamo-nos tantas vezes porque é que a lei é tão branda, porque é que nos tribunais os criminosos saem impunes e desacreditamos quem julga, ou os homens e mulheres que estão diante dos grandes organismos mundiais. A lei de nada serve se a sociedade não se transformar com ela, caso contrário a legislação só serve para acolher camadas de pó. A resposta reside na cultura, no saber, no ser caridoso com a realidade do outro, abrir as mentes dos juízes, diretores e padres é a chave basilar para o mundo se ir renovando. 

O Direito – ciência e arte que estrutura a ordem dos Estados – está bem feito, quem o aplica seja numa empresa ou num tribunal é que tem de ser atualizado, formado e habilitado para ficar apto a resolver e até   prevenir estas situações vergonhosas para a humanidade. 

Por fim, realçar que, como um pensador afirmou “a mente que se abre a uma nova ideia nunca mais volta ao seu tamanho original”, por isso vamos tirar as teias de aranha de ideias retrógradas e sem sentido e ser mais amor e rigor no respeito e convivência. 

De que estamos à espera para ser os agentes da mudança? 


Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus Brandoa 

Edição mensal
No 6 - junho 2021 - ano XXVII Distribuição gratuita 


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