O Que Significa Apocalipse?
Daniel Conegero
Apocalipse significa revelação ou desvelamento. Na Bíblia, essa palavra serve como título do último livro do Novo Testamento escrito por João na Ilha de Patmos. Popularmente, o significado de apocalipse ficou associado diretamente ao conceito de fim dos tempos. Nesse sentido, a palavra apocalipse se tornou um sinônimo de destruição e fim do mundo.
Alguns estudiosos dizem que a ideia de relacionar a palavra “apocalipse” a eventos catastróficos, em certo sentido tem origem em algumas interpretações do próprio livro do Apocalipse – especialmente aquelas interpretações que priorizam o sentido literal das passagens do livro. Como muitos versículos do livro de fato falam dos momentos finais da presente Era, daí muitas pessoas passaram a entender que a palavra “apocalipse” possui um significado relacionado à destruição.
Apocalipse significa revelação, não destruição
Apokalypsis é a primeira palavra do texto grego do livro do Apocalipse. O significado literal desse termo grego é “aparecimento”, “manifestação”, “um ato de se tornar descoberto ou exposto”; no sentido de uma revelação da verdade. Considerando o tema, a mensagem e as características do livro, a palavra “apocalipse” realmente lhe serve como um título perfeito.
Logo na primeira frase do livro, o autor escreve: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que Ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João” (Apocalipse 1:1). Nesse versículo a palavra “revelação” traduz corretamente o grego apokalypsis.
Então é importante perceber que, antes de tudo, o objetivo do livro é revelar, não esconder. Apesar das pessoas frequentemente associarem a palavra “apocalipse” com algo misterioso e destrutivo, seu significado correto é exatamente o aposto. Apocalipse quer dizer revelar, remover aquilo que encobre.
Contudo, a revelação a qual o livro registra sem dúvida também fala de destruição. O livro do Apocalipse revela que Deus governa soberanamente o Universo e conduz a História à sua consumação, ao seu desfecho final. Essa gloriosa consumação será maravilhosa para uns, mas aterrorizante para outros; será contentamento e alegria para uns, mas pavor e lamento para outros; será bem-aventurança para uns; e destruição eterna para outros.
No dia final, a ira e a justiça de Deus serão reveladas aos ímpios; enquanto a graça e a misericórdia do Senhor repousarão e toda sua plenitude sobre os redimidos. Portanto, faz sentido que para os incrédulos a palavra apocalipse transmita a ideia de destruição. Mas para os salvos, essa palavra é um constante lembrete de que em breve, Deus, para o louvor de Sua glória, trará consumação a todas as coisas, e estabelecerá o Seu povo escolhido no novo céu e nova terra.
A literatura apocalíptica
A palavra “apocalipse” também é amplamente empregada para falar de certo tipo de literatura cujo foco principal é discutir os eventos do final dos tempos. Essas literaturas geralmente são chamadas de profecias apocalípticas ou escatológicas.
Então uma boa porção das visões que João recebeu na Ilha de Patmos e que foram registradas no livro do Apocalipse, definitivamente se enquadra nessa categoria. Mas o livro do apóstolo João não é o único livro bíblico que traz o que podemos chamar de literatura apocalíptica. Os livros de Isaías, Ezequiel, Daniel e Zacarias são exemplos de livros que concentram parte significativa da literatura apocalíptica do Antigo Testamento. Uma característica comum desse tipo de literatura é o uso de linguagem simbólica e figurada.
Além dos textos bíblicos, há vários outros textos e livros apocalípticos que foram produzidos por tradições judaicas e cristãs primitivas. Esses materiais são contados entre os livros apócrifos. Mas esses apocalipses são fantasiosos, contraditórios, sem sentido e jamais podem ser comparados à inerrante profecia escatológica das Escrituras. Então esses apocalipses não possuem nada de valioso a revelar.
Daniel Conegero
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