Natalia Zimbrão
RIO DE JANEIRO, 17 ago. 22 / 12:33 pm (ACI).- “Nossa oração deveria estar no início de todas as iniciativas pró-vida”, disse o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), dom Tiago Stanislaw, que está à frente do projeto Adoção Espiritual. É comum “procurar fazer alguma coisa, pensar, planejar e só no final se lembrar de Deus para pedir que ajude no bom êxito de um plano, quando, na verdade, deveria ser o contrário”, disse o bispo auxiliar à ACI Digital.
A iniciativa que lidera propõe a oração diária por um bebê em risco de ser abortado. O projeto teve início na Europa, chegou ao Brasil em 2000, foi oficializado na arquidiocese carioca em 2020 e já conta com milhares de pais e mães espirituais no país.
Na adoção espiritual a pessoa se compromete a rezar diariamente, durante nove meses, na intenção de um bebê concebido e ameaçado pelo aborto. Mas, segundo dom Tiago Stanislaw, “não é apenas cumprir uma obrigação” de rezar todos os dias, mas sim de “exercer a maternidade e a paternidade espiritual”. “Trata-se de dar meu amor, meu carinho para esta criança através da minha oração”, disse à ACI Digital.
Para o bispo auxiliar do Rio, “a oração é a primeira atitude, a mais importante que devemos procurar” na causa em defesa da vida. “Uma vez que nos dirigimos a Deus na nossa oração, é como se estivéssemos dizendo: ‘Senhor, queremos estar contigo a favor desta vida’”, afirmou.
Além disso, afirmou que a oração “é um modo de zelar por alguém que está precisando”. “Neste caso da adoção espiritual, as crianças ameaçadas pelo aborto, de fato, estão precisando desta proteção, de uma graça para que possam sobreviver a esta ameaça e nascer com tranquilidade”.
Segundo dom Stanislaw, para participar do projeto, não é preciso conhecer uma situação concreta em que um bebê em gestação corra o risco de ser abortado. “Compreendemos que Deus conhece todas as realidades e Ele sabe onde se encontra uma criança nesta situação. Então, acreditamos que nossa oração vai ao encontro de uma situação real, porém uma situação que não conhecemos. E, na realidade, nem precisamos conhecer, porque, neste caso, trata-se de um amor dado de coração e Deus encaminha esta oração para beneficiar aquela criança que neste momento está precisando mais desta oração”, declarou.
Dom Tiago Stanislaw disse que conheceu a adoção espiritual durante a juventude em seu país natal, a Polônia, e começou a participar da iniciativa. “Quando vim para o Brasil em 2000, comecei a divulgar na minha primeira paróquia, que era São Judas Tadeu, em Bangu, no Rio de Janeiro”, contou.
Em 2020, o projeto foi lançado oficialmente na arquidiocese do Rio de Janeiro como gesto concreto da Semana Nacional da Família, celebrada anualmente no Brasil na segunda semana de agosto. “E o projeto começou a ser conhecido primeiro aqui na nossa arquidiocese e depois em vários lugares do Brasil que estão acolhendo esta iniciativa”, disse.
Ao começar a adoção espiritual, a pessoa deve fazer uma oração de propósito de início da adoção. A partir de então, todos os dias deve rezar um mistério do rosário na intenção do bebê que corre perigo de aborto e uma oração própria entregue pelo projeto. Além disso, pode acrescentar espontaneamente um propósito diário como jejum, penitência, boa ação, leitura bíblica.
Dom Stanislaw afirmou que o começo da adoção pode ser em grupo, com a bênção de envio um sacerdote, mas também de modo particular. A sugestão é que tenha início “em uma solenidade de Nossa Senhora, ou no primeiro sábado do mês, por ser uma proposta mariana”.
O bispo destacou que a adoção espiritual é “primeiramente um projeto a favor da vida” e que, além da criança ameaçada pelo aborto, reza-se também pela mãe. “Não entramos com qualquer propósito de julgar as mulheres que estão nesse dilema. Ao contrário, rezamos por elas, pois sabemos que, ao decidir continuar com a gravidez, beneficiarão o seu filho que vai sobreviver, mas também estão se beneficiando, uma vez que o aborto traz consequências físicas, inclusive em alguns casos a impossibilidade de ter outros filhos, consequências psicológicas e espirituais”. Ora-se também pela família do bebê, porque “é preciso ter o apoio familiar para dar este ambiente, esta força, coragem, para que a mulher possa acolher esta vida e a criança possa vir com tranquilidade e ser esperada”.
Segundo dom Stanislaw, já é possível ver muitos frutos da adoção espiritual, como mensagens que recebem “com sinais de gratidão daqueles que abraçaram a adoção espiritual e sentem uma alegria de participar na defesa, no cuidado pela vida de alguém. Essas pessoas, na conexão com seu filho ou filha espiritual, já se beneficiam. É uma graça que Deus promete quando nós nos doamos a alguém e, com certeza, vem para nós em retorno”, disse.
O bispo recordou “uma situação que aconteceu de um casal que estava durante muitos anos tentando engravidar e, depois de abraçar e acolher a adoção espiritual, de uma maneira milagrosa, de repente, descobriu que estava esperando um filho”.
Além disso, há casos de “retorno de mulheres que passaram pelo aborto e carregam um grande peso por causa dessa decisão que tomaram”. Segundo o bispo, “uma vez abraçando essa campanha, essas mulheres sentem grande alívio”. “Como já escutei uma falar: ‘o próprio Deus está curando o meu coração, este amor dado a uma criança que está precisando agora está curando o meu coração’”.
Para participar da Adoção Espiritual, é possível preencher um formulário e ter acesso às orações no site e no aplicativo do projeto para Android e iOS.
(acidigital)
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