"Estes prémios além de representar um reconhecimento merecido, oferecem uma indicação de linhas de compromisso, estudo e de vida de grande significado, que despertam nossa admiração e pedem para que sejam propostos à atenção de todos". Assim o Papa Francisco concluiu sua participação na entrega do "Prêmio Ratzinger," na manhã desta quinta-feira (01) no Vaticano
Jane Nogara - Vatican News
Na manhã desta quinta-feira (01/12) o Papa Francisco recebeu os participantes na cerimônia de entrega do “Prêmio Ratzinger”, um prêmio internacional anual concedido pela Fundação Vaticana Joseph Ratzinger - Bento XVI aos estudiosos que se destacaram, por sua investigação científica, na área da teologia. Francisco iniciou cumprimentando os dois ganhadores deste ano: o Padre Michel Fédou e o Prof. Joseph Halevi Horowitz Weiler.
Bento XVI
Ao manifestar seu agrado por participar da cerimônia disse que a ocasião é importante para reafirmar que a contribuição do Papa Bento XVI com seu trabalho teológico e, de modo mais geral, com seu pensamento que continua sendo frutífero e eficaz. Depois, recordando o Concílio Vaticano II e a participação do Papa emérito no mesmo, Francisco disse que os 60 anos da abertura do Concílio nos recorda que o Emérito participou pessoalmente como especialista e desempenhou um papel importante na gênese de alguns documentos:
“Ele nos ajudou a ler os documentos conciliares em profundidade, propondo uma ‘hermenêutica da reforma e da continuidade’”
Ainda recordando a imensa contribuição do Papa emérito disse:
“Além do magistério pontifício do Papa Bento XVI, suas contribuições teológicas são novamente oferecidas para nossa reflexão através da publicação da Opera Omnia, cuja edição em alemão está quase terminada”. Estas contribuições nos oferecem uma sólida base teológica para o caminho da Igreja: uma Igreja ‘viva’, que nos ensinou a ver e viver como comunhão, e que é um caminho- em ‘synodos’ - guiada pelo Espírito do Senhor, sempre aberta à missão de proclamar o Evangelho e de servir o mundo em que vive”
A Fundação
“O serviço da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger - Bento XVI”, continuou o Pontífice, “é colocado nesta perspectiva, na convicção de que seu magistério e seu pensamento não estão voltados para o passado, mas são fecundos para o futuro, para a atuação do Concílio e para o diálogo entre a Igreja e o mundo de hoje, nos campos mais atuais e debatidos, como a ecologia integral, os direitos humanos e o encontro entre diferentes culturas”.
Os premiados do ano
Nesta altura Francisco falou sobre as duas personalidades que foram premiadas este ano que se destacaram “pelo notável trabalho que realizaram em seus respectivos campos de estudo e ensino. São campos diferentes, mas ambos cultivados por Joseph Ratzinger e considerados por ele como de vital importância”. O Padre Michel Fédou, disse Francisco, “é um mestre da teologia cristã. Em sua vida, dedicado ao estudo e ao ensino, ele se aprofundou particularmente nos trabalhos dos Padres da Igreja do Oriente e do Ocidente, e no desenvolvimento da cristologia ao longo dos séculos. Mas seu olhar não se fechou sobre o passado". Afirmando em seguida:
“O conhecimento da tradição de fé alimentou nele um pensamento vivo, que também foi capaz de abordar questões atuais no campo do ecumenismo e das relações com outras religiões”
Enquanto que o Professor Weiler “é a primeira personalidade judaica a receber o Prêmio Ratzinger, que até agora tinha sido concedido apenas a estudiosos pertencentes a diferentes denominações cristãs. Estou verdadeiramente feliz com isso. Num momento difícil, quando isso havia sido questionado, o Papa Bento XVI afirmou com firmeza e orgulho que ‘um objetivo de seu trabalho teológico pessoal havia sido desde o início a partilha e a promoção de todos os passos de reconciliação entre cristãos e judeus dados desde o Concílio’”.
Diálogo e amizade com os judeus
Sobre este ponto o Papa ponderou: “As ocasiões em que ele levou adiante esta intenção durante seu pontificado foram muitas; não é o caso de enumerá-las aqui. Na mesma linha, eu, por minha vez, continuei, com ulteriores passos, no espírito de diálogo e amizade com os judeus que sempre me animou durante meu ministério na Argentina”. E concluindo este ponto disse: "A harmonia entre o Papa Emérito e o Prof. Weiler diz respeito particularmente a temas de importância substancial:
“A relação entre fé e razão jurídica no mundo contemporâneo; a crise do positivismo jurídico e os conflitos gerados pela extensão ilimitada dos direitos subjetivos, pela correta compreensão do exercício da liberdade religiosa em uma cultura que tende a relegar a religião para o âmbito privado”
Por fim Francisco afirmou: “Estes prêmios, portanto, além de representar um reconhecimento merecido, oferecem uma indicação de linhas de compromisso, estudo e de vida de grande significado, que despertam nossa admiração e pedem para que sejam propostos à atenção de todos".
(vaticannews)
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