A mensagem do Papa Francisco aos participantes da VIII Conferência Rome MED Dialogues, que tem como objetivo promover políticas compartilhadas na área do Mediterrâneo
Jane Nogara - Vatican News
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da VIII Conferência Rome MED Dialogues, que tem como objetivo promover políticas compartilhadas na área do Mediterrâneo. O método desta Conferência, explica Francisco, é em si significativo e importante, ou seja, o compromisso com o diálogo, o confronto, a reflexão comum, a busca de soluções ou mesmo apenas abordagens coordenadas para o que são - e só podem ser - os interesses comuns dos povos que, na diversidade de suas respectivas culturas, fazem fronteira com o Mar Mediterrâneo. Recordando em seguida que o Mediterrâneo “tem o grande potencial de conectar três continentes: uma conexão que historicamente, também através da migração, sempre foi muito fecunda. África, Ásia e Europa fazem fronteira com o Mediterrâneo, mas muitas vezes esquecemos que as linhas que delimitam são também as que se conectam, e que a ambivalência do termo "fronteira" também pode aludir a um fim comum: cum-finis”.
Centralidade do Mediterrâneo
O Papa escreveu ainda na sua mensagem que “esta Conferência tem o mérito de relançar a centralidade do Mediterrâneo, através da discussão em uma agenda particularmente rica em temas, que vão desde questões geopolíticas e de segurança, até a proteção das liberdades fundamentais do indivíduo, o desafio da migração, e a crise climática e ambiental”. Porém logo adverte, “a ideia de abordar questões individuais de forma setorial, separadamente e negligenciar a dos outros, é, neste sentido, um pensamento enganoso. De fato, isso implica o risco de chegar a soluções parciais e com falhas, que não só não resolvem os problemas como os tornam crônicos”.
Evitar mortes com migrações
Estou pensando em particular na incapacidade de encontrar soluções comuns para a mobilidade humana na região, que continua a causar perdas de vida inaceitáveis e quase sempre evitáveis, especialmente no Mediterrâneo. A migração é essencial para o bem-estar desta área e não pode ser detida. Portanto, é do interesse de todas as partes encontrar uma solução que compreenda os vários aspectos e as corretas instâncias assim como seja vantajosa para todos, que garanta tanto a dignidade humana quanto a prosperidade compartilhada.
Crise com efeitos globais
Em seguida Francisco aborta o tema da globalização e os conflitos bélicos que estão acontecendo dentro da Europa, e que causam repercussões nos países africanos e em todo o mundo. “Esta crise”, escreve, “nos impulsiona a considerar a totalidade da situação real em uma perspectiva global, assim como são globais os seus efeitos. Portanto, assim como não se pode pensar em enfrentar a crise energética isoladamente da crise política, não se pode ao mesmo tempo resolver a crise alimentar isoladamente da persistência de conflitos, ou a crise climática sem levar em conta o problema migratório, ou a ajuda às economias mais frágeis, ou mesmo a proteção das liberdades fundamentais. Também não podemos considerar a vastidão do sofrimento humano sem levar em conta a crise social, onde, para ganho econômico ou político, o valor da pessoa humana é diminuído e os direitos humanos são pisoteados. Todos devemos estar cada vez mais conscientes de que o grito de nosso planeta maltratado é inseparável do grito de sofrimento da humanidade".
(vaticannews)
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