Por Anian Christoph Wimmer
Um franciscano de 91 anos falou sobre o seu tempo como confessor do papa Francisco e falou do papel duradouro e essencial do sacramento da reconciliação.
O irmão Otmar Egloff serviu durante vários anos como confessor principal na basílica de São João de Latrão, a catedral do bispo de Roma.
Ele contou como foi convidado a deixar sua terra natal, a Suíça, para servir na basílica em 2004, no final do pontificado do papa João Paulo II. “Provavelmente foi o meu talento para os idiomas que foi decisivo, já que falo italiano, alemão e francês”, disse o padre numa entrevista publicada na quinta-feira (7) pelo portal suíço kath.ch.
O frade recordou que lhe disseram: “Amanhã o papa vem se confessar!” Contudo, a experiência não foi muito diferente de ouvir confissões de outros católicos.
“A única diferença é que o meu confessionário foi limpo com muito cuidado antes. Quando você chega ao confessionário pela manhã e vê uma equipe inteira limpando e esfregando, é algo realmente diferente. Eu costumava entrar e tirar o pó sozinho com um pano”, disse o franciscano.
“Também foi especial que o papa Francisco tenha se confessado ajoelhado em público e depois usado o meu confessionário para ouvir confissões de outros padres”, acrescentou Egloff.
Mantendo tanto o segredo da confissão como o senso de humor, quando o entrevistador suíço lhe perguntou que penitência daria hoje ao papa Francisco, o franciscano respondeu rindo: “Hoje eu daria ao papa uma penitência diferente. Uma penitência da língua. Às vezes a língua dele é muito rápida”.
Ao responder sobre onde vivem os padres quando são nomeados confessores na Basílica de São João de Latrão, o irmão Otmar disse: “Acima do teto da igreja estão os apartamentos dos oito frades franciscanos que se sentam nos oito confessionários durante o dia”.
Egloff acrescentou que franciscanos de todo o mundo sempre foram designados para este serviço em São João de Latrão: “Isso sempre foi assim e continuará sendo assim”.
Celibato e vocação
Da sua longa experiência como confessor, o irmão Egloff disse que o sacramento “continua sendo importante”.
Tendo notado “um declínio na prática nos países de língua alemã”, disse: “Esta é uma necessidade humana e oferece a oportunidade para um verdadeiro novo começo. Sua consciência mostra o que estava mal. Deus perdoa."
O papa Francisco, que incentiva os católicos a se confessar, reiterou recentemente o seu apelo aos católicos alemães para que se lembrem “da importância da oração, da penitência e da adoração”.
Na entrevista, Egloff também disse que o celibato e o abuso nada têm a ver um com o outro: “É mais porque foram aceitos candidatos inadequados por causa da falta de padres. A pedofilia é um distúrbio grave e uma atrocidade.”
Ao responder se aos 20 anos você já sabe se pode passar a vida inteira celibatário, o franciscano respondeu: “Você já sabe. Você sabe se já teve relações, se almeja uma parceria ou não. Você tem que lidar com esses problemas. Isso provavelmente não foi discutido o suficiente [no passado]. “Para mim sempre foi importante ajudar os respectivos sacerdotes e candidatos ao sacerdócio e, se necessário, os desaconselhar”.
(acidigital)
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