Origens
Josef de Veuster-Wouters nasceu no dia 3 de janeiro de 1840, numa
pequena cidade da Bélgica. Cresceu em um lar católico de pequenos
proprietários agrícolas, foi o mais novo entre sete irmãos. Ele viu duas
irmãs e seu irmão mais velho tornarem-se religiosos, esse último da
Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria.
O chamado é mais forte
Contrariando a expectativa do
pai, que queria que ele se tornasse seu sucessor nos negócios
familiares, Josef sentiu o chamado à vida religiosa. Sonhava ser
missionário em terras longínquas, como São Francisco Xavier, por quem
nutria grande devoção. Tendo ingressado na mesma congregação de seu
irmão, recebeu o nome religioso de Damião.
Ide
Com 21 anos, Damião estava em
Paris, terminando seus estudos teológicos, quando ouviu a palestra de um
bispo do Havaí, em que ele falava dos problemas da região e tentava
conseguir missionários para ir até o local. Uma epidemia de febre
tifoide atingiu o colégio. E seu irmão, que se candidatara para ir em
missão, adoeceu e não pôde ir. Damião, que ainda nem havia sido ordenado
sacerdote, pediu insistentemente que fosse enviado para o Havaí. O
desejo era tamanho, que escreveu uma carta ao superior da Ordem do
Sagrado Coração, que permitiu sua partida.
“O corpo corrompe-se rapidamente. Só a alma é importante.” (São Damião de Veuster)
Ordenação e missão
Foi ordenado sacerdote e partiu numa
viagem complicada, que durou quase cinco meses, um prenúncio do calvário
que seria a sua vida a partir de então. Após oito anos de uma
experiência desafiadora, mas fecunda entre os nativos do Havaí, algo de
novo mudaria sua vida completamente.
Por amor às almas, enfrentou a lepra
Naquela época, havia uma grande
disseminação de lepra no arquipélago do Havaí, possivelmente oriundo dos
imigrantes chineses que chegavam à região. Os nativos polinésios não
tinham nenhuma resistência à bactéria que causa a lepra, doença
considerada incurável na época e normalmente associada – de maneira
completamente equivocada – à pobreza e aos hábitos morais reprováveis.
Ilha Molokai
Temendo uma proliferação em todo o território, o governo local tomou uma
decisão duríssima. Decidiu levar os leprosos do Havaí, à força, para
uma ilha à qual somente seria possível chegar ou sair de navio.
Preocupado com as almas daqueles doentes, o bispo local sondou os
sacerdotes para saber se alguém se voluntariava para ir à ilha Molokai,
sabendo que quem se dispusesse estava assinando uma sentença de morte,
já que o contágio era inevitável.
Ida de São Damião de Veuster para Ilha repleta de leprosos
Cenário infernal
Quatro sacerdotes se
apresentaram, dentre eles, Damião, que foi escolhido para ir primeiro.
Uma vez lá, ele se deparou com um cenário verdadeiramente infernal.
Abandonados à própria sorte, quase mil leprosos – esse número variou
muito ao longo dos anos – viviam na completa pobreza material e moral,
entregues à devassidão, às drogas e ao crime.
Santa Missa
O primeiro ato do padre Damião foi celebrar uma Missa, numa capela ainda
inacabada, com a participação de apenas dois leprosos. À medida que o
tempo foi passando, o padre Damião foi tomando consciência do imenso
desafio que tinha pela frente. Movido pelo amor a Deus e pelo desejo de
salvação das almas, ele foi, para aqueles leprosos, médico, carpinteiro,
pedreiro, cozinheiro, professor e, principalmente, sacerdote, pai,
pastor de almas.
Sepultou milhares
Quando chegou à Molokai, a
situação era tão calamitosa que os mortos sequer eram enterrados. O
padre Damião cavou e sepultou mais de dois mil leprosos ao longo dos
quinze anos que permaneceu na ilha. Construiu trezentas cabanas, fez
cerca de dois mil caixões, organizou o cemitério, construiu uma
igrejinha de alvenaria, um pequeno hospital, um pequeno canal para fazer
chegar água potável para o povoado. Mais do que as obras, ele devolveu
àquele povo o sentido de viver, tratando os leprosos sempre com amor e
carinho.
Vítima da lepra
Após dez anos de apostolado em
Molokai, certa vez, ele derramou água quente no pé e não sentiu nada:
era a comprovação de que havia contraído a lepra. Na homilia do domingo
seguinte, deu a notícia aos seus fiéis leprosos da seguinte forma:
“Nossa verdadeira pátria é o Céu, para onde nós, os leprosos, estamos certos de ir muito em breve […]. Lá não haverá mais nem lepra nem feiura, e seremos transfigurados.”
Devoção a São Damião de Veuster
Clareira no coração da história
São Damião de Veuster é “uma clareira no coração da história”, e nos ensina que “nenhum sacrifício é grande demais se feito por amor a Jesus Cristo”.
Seu exemplo comoveu o mundo, a ponto de membros de diversas religiões
admirarem sua determinação e seu amor pelos leprosos. A respeito dele,
Mahatma Ghandi disse: “É preciso saber de onde tirou este homem a força para tal heroísmo”.
Nós sabemos de onde ele tirou esta força: da Eucaristia, centro da sua
vida, alimento diário, pão dos fortes e sustento dos fracos.
Canonização
Na homilia de sua canonização, ocorrida no dia 11 de outubro de 2009, o Papa Bento XVI diz que São Damião de Veuster, “o
servidor da Palavra que se tornou assim um servo sofredor, leproso com
os leprosos”, “convida-nos a abrir os olhos sobre as lepras que
desfiguram a humanidade dos nossos irmãos e interpelam ainda hoje, mais
do que a nossa generosidade, a caridade da nossa presença servidora”.
Minha oração
“São Damião de Veuster, seu
exemplo me ensina que é possível sair de mim mesmo e ir ao encontro dos
leprosos de nosso tempo, dos marginalizados, daqueles com quem ninguém
se importa. Inspirai-me a doar a minha vida, a ser tudo para todos por
amor a Jesus Cristo.
Ajudai-me a perseverar no serviço e na oração, rogai por mim, para que eu tenha tal amor a Cristo que me desapegue inclusive da minha própria vida.
Ajudai-me a perceber que não há sacrifício grande demais se eu o fizer por amor a Nosso Senhor.
Ajudai-me a nunca parar nas aparências, nunca nutrir preconceitos com quem quer que seja, mas ser sempre o rosto e as mãos amorosas de Cristo para todos aqueles que precisam ser amados e cuidados neste mundo.”
São Damião de Veuster, rogai por nós!
(cancaonova)
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