XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM
Deus dos
vivos
Aproxima-se o final
do ano litúrgico.
A Liturgia nos
oferece a oportunidade de aprofundar
uma verdade
importante de nossa fé:
"Eu creio na Ressurreição dos mortos".
Os primeiros livros
da Bíblia não falam claramente da Ressurreição dos mortos.
Só mais tarde,
começou-se a falar em Israel
de um despertar
daqueles que estão dormindo no pó da terra.
Na 1a Leitura, temos
a 1ª profissão de fé na Ressurreição. (2Mac 7,1-2.9-14)
No tempo da perseguição
do rei Antíoco (± 170 aC),
a experiência da morte
de muitos justos
fez nascer a esperança
da Ressurreição.
Nessa época, temos o
belo testemunho da Mãe e os sete filhos Macabeus.
Eles são obrigados a
violar a prática religiosa dos antepassados.
Fortalecidos pela
esperança da ressurreição,
eles preferem enfrentar
as torturas e a própria morte, a transgredir a Lei...
Vejamos as respostas
corajosas dos primeiros quatro irmãos:
- Um deles, tomando a
palavra em nome de todos, falou assim:
"Estamos prontos a morrer, antes de
violar as leis de nossos pais".
- O Segundo, prestes a
dar o último suspiro, disse:
"Tu, ó malvado, nos tiras desta vida presente. Mas o Rei do
universo nos
ressuscitará para uma vida eterna, a nós que morremos por suas
leis"
- Depois começaram a
torturar o terceiro. Apresentando a língua e as mãos,
diz: "Do céu recebi estes membros...
no céu espero recebê-los de novo..."
- E o quarto quase a
expirar: "Prefiro ser morto pelos homens,
tendo em vista a esperança dada por Deus, que
um dia nos ressuscitará.
Para ti, porém, ó Rei, não haverá
ressurreição para a vida".
* São as
afirmações mais claras do A.T. sobre a vida além da morte.
Assim mesmo tinham uma
idéia ainda muito imperfeita.
Era apenas a idéia de
uma "revivificação dos justos",
um readquirir no outro
mundo uma vida semelhante a de antes.
A idéia foi se
desenvolvendo, até ser completamente iluminada por Cristo.
No Evangelho, Jesus fala claramente da Ressurreição, afirmando
que "Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos". (Lc 20,27-38)
- Essa idéia imperfeita
de Ressurreição existia ainda no tempo de Jesus.
Alguns Saduceus,
que não acreditavam na Ressurreição,
inventaram uma
história e fizeram uma pergunta capciosa
que visava
ridicularizar a doutrina da ressurreição e da vida futura:
Uma mulher viúva sem
filhos... casou com 7 maridos sucessivamente ...
Com quem ficará na vida
futura?
- Jesus responde:
1. Aos
Fariseus (que acreditavam numa ressurreição
imperfeita):
A
Ressurreição não é apenas um despertar do sepulcro para retomar a vida
de
antes. A vida com Deus é uma realidade completamente nova e distinta.
É um dom maravilhoso que o Pai reservou para
todos os seus filhos.
Seremos imortais,
glorificados, não mais sujeitos às leis da carne.
Por isso, será
desnecessário o matrimônio para a conservação da espécie.
2. Aos Saduceus: Afirma
a existência da vida futura:
Deus se manifestou a Moisés como o Deus de
Abraão, de Isaac e de Jacó,
muitos anos depois de terem desaparecido
deste mundo.
Isso quer dizer que eles não estão mortos,
mas vivem atualmente em Deus.
Portanto, se Abraão, Isaac e Jacó estão
vivos, podemos falar de Ressurreição.
A
RESSURREIÇÃO:
- A Ressurreição é a esperança que dá
sentido a toda a caminhada do cristão.
A fé cristã torna a esperança da
ressurreição uma certeza absoluta,
pois Cristo ressuscitou e quem se
identifica com Cristo nascerá com ele
para a vida nova e definitiva.
A nossa vida presente deve ser uma
caminhada tranqüila, confiante, alegre,
em direção a essa nova realidade.
- A Ressurreição não é a continuação da
vida que vivemos neste mundo;
mas é a passagem para uma vida nova onde,
sem deixarmos de ser nós próprios, seremos totalmente outros... É a realização
da vida plena.
- A certeza da Ressurreição não deve ser,
apenas, uma realidade que esperamos; mas deve ser uma realidade que influencia,
desde já, a nossa existência terrena. É o horizonte da Ressurreição que deve
influenciar as nossas atitudes;
é a certeza da ressurreição que nos dá a
coragem de enfrentar
as forças da morte que dominam o mundo,
de forma a que o novo céu e a nova terra
que nos esperam
comecem a desenhar-se desde já.
A Liturgia nos
apresenta uma verdade consoladora:
Viemos de Deus e, com a
morte, voltamos para ele.
A Morte não nos deve
assustar: É o encontro maravilhoso
com os amigos e parentes, que foram na
nossa frente.
E, sobretudo, vai ser o encontro com o melhor
dos amigos: DEUS.
Nossa vida não termina aqui:
ressuscitaremos...
"Nosso
Deus é o Deus dos vivos e não dos mortos..."
- Cristo nos
garante: "Eu sou a Ressurreição e a
Vida.
Aquele que crê em
mim, ainda que esteja morto, viverá". (Jo 11,25)
-
"A esperança cristã é a
ressurreição dos mortos:
Tudo
o que nós somos, o somos na medida
em
que acreditamos na Ressurreição." (Tertuliano)
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 10.11.2013
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