segunda-feira, 21 de julho de 2014

Papa Francisco envia mensagem ao pároco argentino na Faixa de Gaza que decidiu ficar com seus fiéis durante conflito com Israel




GAZA, 19 Jul. 14 / 10:55 am (ACI/EWTN Noticias).- "Recebi notícias através do Padre Mario Cornioli. Estou junto a você e às irmãs e a toda a comunidade católica”, assegurou o Papa Francisco na mensagem que lhe enviou ao pároco de Gaza, Pe. Jorge Hernández, missionário argentino do Instituto do Verbo Encarnado (IVE) e a sua comunidade. Pe. Hernández se recusou a deixar o país mesmo diante dos bombardeios de Israel em Gaza, para ficar com seus fiéis.
"Acompanho-vos com minha oração e proximidade. Que Jesus os abençoe e a Virgem Santa vos proteja. Um abraço. Fraternalmente, Francisco", diz ainda o breve texto publicado no site do IVE.
A irmã Laudis, religiosa do IVE atualmente em Beit Jala depois de sair de Gaza, disse à agência Fides que “o Padre Jorge traduziu o texto do Papa ao árabe para dá-lo a conhecer a todas as famílias. Todos ficaram tocados e reconfortados neste momento terrível que estamos experimentando”.
O Papa também se comunicou por telefone com o presidente de Israel, Shimon Peres, e com o da Palestina, Mahmoud Abbas. Em primeiro lugar, Francisco ligou para o mandatário israelense às 10 e a seguir ao mandatário palestino às 11.30h.
Com ambos pôde compartilhar "suas graves preocupações pela situação atual do conflito que afeta de forma particular a Faixa de Gaza e que, em um clima de crescente hostilidade, ódio e sofrimento por parte dos dois povos, faz-se numerosas vítimas e gera-se uma situação de grave emergência humanitária".
A ofensiva terrestre do exército israelense na Franja da Gaza, concentrada na parte norte, esteve acompanhada pela intensificação durante a última noite de bombardeios aéreos e navais também na cidade da Gaza.
A pequena paróquia católica de Gaza, dedicada à Sagrada Família, está totalmente repleta pela emergência humanitária provocada pela intervenção militar.
O Pe. Hernández recebeu numerosos grupos de famílias nos locais da escola que fugiram de seus lares s localizados nas zonas bombardeadas, e, desde então se dedica à busca de água e mantimentos para os desabrigados.
“Falei com as famílias da paróquia”, disse a irmã Laudis, “todo mundo me disse que não pestanejaram a noite inteira devido aos bombardeios. As casas tremiam, as crianças choravam”.
A situação dos cristãos em Gaza
Em novembro de 2012 o Pe. Hernández descrevia a situação de Gaza. Seu testemunho apareceu publicado no site do IVE: “escrevo-lhes desde nossa paróquia da ‘Sagrada Família’ em Gaza, pertencente ao Patriarcado Latino de Jerusalém e que conta com 200 católicos. O lugar é conhecido por todos, pois além do complexo paroquial há um colégio que alberga menores, cristãos e muçulmanos, como em uma só família”.
“A situação não mudou, na verdade, ela piora com o passar dos dias. O transcurso do tempo faz que se comece a sentir cada vez mais a pressão que significam os bombardeios contínuos, diurnos e noturnos”.
“O estrondo ensurdecedor das bombas, a insegurança e o medo fazem que este povo padeça uma tortura, não só cruenta, mas também cruel e desumana no espiritual e no psíquico”.
“As pessoas estão assustadas, e não pode ser de outro jeito. Os mísseis não sabem de ética nem de moral, não diferenciam entre jovem ou ancião, cristão ou muçulmano, homem ou mulher… Simplesmente caem e destroem. Quando se escuta os aviões e a posterior descarga dos mísseis, experimentamos uma angústia interior muito grande e, alguns, o alívio de não ter sido alcançado pelos mesmos. É sempre a constante pergunta: ‘Até Quando?’. As pessoas em geral não querem outra coisa mas, simplesmente, viver suas vidas. O que pedimos a todos os responsáveis é que deixem Gaza viver em paz!”
O Pe. Hernández afirma que “nossa missão é estar junto aos cristãos de Gaza. Acompanhá-los, levar junto com eles esta cruz. (...) E este nosso gesto, eles reconhecem, valorizam e agradecem. Inclusive, pedem-nos: ‘não nos deixem… ‘entendemos que tenham que ir, mas melhor seria que fiquem conosco’… estas e outras muitas são as frases que nos dizem nossos paroquianos. E isto porque, o só o fato de saberem-se acompanhados na dor é já um enorme alívio. Pois bem, essa é nossa tarefa”.



(www.acidigital.com)


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