Devemos recuperar «o projeto originário de Deus» sobre a relação entre homem e mulher. «Uma das maiores ofensas que fazemos a Deus», com efeito, é a de tornar tudo o que se refere ao amor e à sexualidade «um âmbito saturado de malícia» onde «Deus não deve entrar», quase como se fosse «demais».
Segundo esta visão, é como se fosse «Satanás e não Deus» o criador dos sexos e «o especialista do amor».
Na quarta pregação de Quaresma, pronunciada na sexta-feira 11 de março na capela Redemptoris Mater, o padre Raniero Cantalamessa, analisando a constituição pastoral Gaudium et spes, centrou a reflexão sobre matrimónio, sexualidade e família.
Analisando os textos bíblicos da criação, o religioso, antes de tudo frisou que as duas narrações que encontramos no Génesis contribuem para dar uma visão total do projeto divino porque uma evidencia «a finalidade procriativa» e a outra o «fator unitivo» entre homem e mulher.
A respeito da «distinção dos sexos», o capuchinho citou uma fascinante explicação literária de Paul Claudel: «O homem é um ser orgulhoso e não havia outro modo de lhe fazer compreender o próximo senão fazê-lo vir da sua carne». Isto é, comentou o pregador, «abrir-se ao outro sexo é o primeiro passo para se abrir ao outro que é o próximo, até ao Outro que é Deus».
Portanto, o matrimónio «nasce no sinal da humildade; é reconhecimento de dependência e por conseguinte da própria condição de criatura», e «apaixonar-se por uma mulher ou por um homem é fazer o mais radical ato de humildade». Por isso se a essência da religião, como pensava Schleiermacher, consiste no sentimento de dependência diante de Deus, podemos concluir que «a sexualidade humana é a primeira escola de religião».
2016-03-11 L’Osservatore Romano
(News.va)
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