sexta-feira, 27 de maio de 2016

Ouçamos o grito das vítimas


O Papa auspicia que a cimeira humanitária de Istambul 
marque uma viragem para milhões de pessoas necessitadas de proteção 




«Ouçamos o grito das vítimas e de quantos sofrem. Deixemos que nos deem uma lição de humanidade». É o «desafio» proposto pelo Papa Francisco na mensagem enviada ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, por ocasião do primeiro encontro humanitário mundial, realizado nos dias 23 e 24 de maio em Istambul. No texto – lido na tarde do dia de inauguração pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, que presidia à delegação da Santa Sé – o Pontífice indicou também exemplos concretos a este propósito: «Não deve haver famílias sem casa, refugiados sem acolhimento, pessoas sem dignidade, feridos sem curas, crianças sem infância, jovens, rapazes ou moças, sem futuro, idosos sem uma velhice digna».

Precisamente para responder a este «desafio» Francisco propôs soluções que consistem em mudar «os nossos estilos de vida, as políticas, as escolhas económicas, os comportamentos e as atitudes de superioridade cultural». Porque, explicou, «só aprendendo das vítimas e de quem sofre, seremos capazes de construir um mundo mais humano».

Depois de ter definido a cimeira na cidade turca «um ponto de viragem para a vida de milhões de pessoas necessitadas de proteção, de curas e de assistência, que aspiram a um futuro digno», o Papa expressou a esperança de que os esforços dos participantes sejam movidos por «uma solidariedade sincera e um verdadeiro respeito pelos direitos e pela dignidade de quantos sofrem por causa de conflitos, violências, perseguições e desastres naturais». Depois, denunciou que demasiados interesses «impedem hoje a solução dos conflitos» e que «os esforços humanitários» são «condicionados por imposições comerciais e ideológicas». Daqui o convite a um renovado compromisso «para proteger cada pessoa na sua vida quotidiana e salvaguardar a sua dignidade e os seus direitos humanos, a sua segurança e as suas exigências integrais», preservando ao mesmo tempo «a liberdade e a identidade cultural e social dos povos; sem que isso leve a fechamentos mas, ao contrário, favoreça a cooperação, o diálogo e, especialmente, a paz».



(osservatoreromano.va) 
24 de Maio de 2016

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