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Marcelo diz adeus à China com uma viagem
curta e intensa a Macau.
“Saio com a Flor de Lótus no coração”
1/5/2019, 15:25221
Em menos de 12 horas, Marcelo passeou pelo centro histórico,
contactou portugueses e elite política. Sai com a promessa de voltar em breve e
deixou boas notícias para a Escola Portuguesa de Macau.
Marcelo
trazia boas notícias para dar na visita à Escola Portuguesa de Macau. Depois de
ter posto alunos e professores a gritar “EPM” (a sigla da escola), voltou a
levar a plateia ao rubro ao decretar que “é a melhor escola do mundo”.
Sendo
assim, continuou o Presidente, “uma grande escola merece um grande presente”, e Marcelo fez o anúncio: a
ampliação das instalações tinha finalmente luz verde do governo da Região Administrativa
Especial, as obras do novo polo arrancam ainda em 2019, o que significa que
está a chegar ao fim uma espera já com 14 anos.
Frequentam esta escola 577 alunos, na grande
maioria portugueses. Mas há no total 24 nacionalidades representadas nesta
instituição de ensino que faz agora 20 anos e que recentemente introduziu
também o ensino do mandarim num currículo que segue o modelo português.
Agora vai crescer, e boas notícias são sempre bem-vindas.
Sobretudo se vierem numa altura em que a comunidade portuguesa vive alguma
incerteza relativamente ao futuro. Ainda que ao longe, já se vai ouvindo um relógio a fazer a contagem decrescente para
2049 – data em que o estatuto de Região Administrativa Especial perde a
validade. O que acontece depois desse período? Ninguém sabe.
A
visita do Presidente da República acontece alguns meses antes de se assinalarem
os 20 anos da entrega da administração do território à “mãe-pátria“. Nessa data, 20
de Dezembro, tomará também posse o novo governo, o que representará a chegada
de um ciclo novo ao pequeno território que está hoje praticamente
irreconhecível para os portugueses que saíram em 1999 e nunca mais regressaram.
Macau cresceu e enriqueceu, sobretudo graças à multiplicação de casinos (e de
receitas de turismo) que fazem desta a capital mundial do jogo.
O
futuro desenhado em Pequim passa pela criação de uma metrópole mundial que vai
unir Macau, Hong Kong (que também está ao abrigo do princípio “Um País, Dois
Sistemas”) e nove localidades da província de Guangdong, que em conjunto
ultrapassa ligeiramente a população de França. Um projeto “muito querido
do Presidente Xi”, confirma Marcelo, que aproveita para saudar a decisão
portuguesa de reabrir o consulado em Cantão.
Quanto
a Macau, não deixa de ser significativo que o Presidente tenha passado um dia
inteiro de programa intenso e sem intervalos, a falar da “diferença” de Macau.
Da importância de preservar essa diferença, de garantir que essa diferença
sobrevive para além daquilo que consta da Lei Básica (a lei em vigor desde 1999
e que define o estatuto especial):”A Lei Básica fala num prazo de 50 anos. O
que são 50 anos para uma cultura milenar como a chinesa e para uma cultura de
quase mil anos como a portuguesa? Não é nada. Passarão 50 anos e Macau continuará a ser Macau”.
E
o português, como língua oficial? Marcelo “tem a certeza” que sim. E puxa de
alguns números que também fazem o balanço positivo da viagem: 45 escolas
primárias e básicas a ensinar português em Macau, 48 universidades a ensinar
português em toda a China, um acordo assinado que permite a instalação de uma
antena em Pequim do Instituto Português do Oriente para “o ensino do português
em toda a China continental e não apenas em Macau”, disse Marcelo.
“Há mais alunos e
mais pessoas a falar e a aprender português do que no momento da transição”, garantiu o
Presidente da República.
Quanto
ao balanço da viagem de seis dias à China, que terminou esta quarta-feira,
houve, claro, as habituais manifestações de regozijo: “A visita ultrapassou as
expectativas”, “o momento das relações é excelente”, “saio muito feliz”.
A última palavra
pública que deixou antes de regressar a Lisboa foi num jantar oferecido em sua
honra pelo governador da RAEM: “Saio com a flor de Lótus no meu coração”, disse
Marcelo.
Aos portugueses de
Macau prometeu um regresso para breve (provavelmente para os 20 anos da
transição) até porque ainda antes de ter aterrado na China já estava a ser
criticado pelo escasso número de horas que dedicou ao território: “É pouco, muito pouco“, dizia
à Lusa
no início de Abril o conselheiro das Comunidades Portuguesas na China.
Segundo
a comunicação social macaense, esta foi a visita mais curta de sempre de um
chefe de Estado português a Macau. O Presidente da República esteve menos de 24
horas no território. Não admira por isso que tenha repetido algumas vezes que
esta visita deu vontade de voltar, e que só está a dizer um “até logo”.
(observador)
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