Vaticano,
18 Nov. 19 / 02:30 pm (ACI).- O Papa Francisco advertiu contra o
fundamentalismo religioso: "O fundamentalismo é uma praga e todas as
religiões têm algum primo irmão fundamentalista".
O
Santo Padre se expressou assim no discurso pronunciado aos participantes no
encontro promovido pelo “Instituto para o diálogo inter-religioso da
Argentina”, que ocorreu nesta segunda-feira, 18 de novembro, no Palácio
Apostólico do Vaticano.
O Papa
pediu para cuidar “dos grupos fundamentalistas, cada um tem o seu. Na
Argentina, existe algum canto fundamentalista por aí. E tentemos ir adiante com
a fraternidade”.
"É
importante demonstrar que os que creem são um fator de paz para a sociedade
humana e assim podemos responder aos que acusam injustamente as religiões de
fomentar ódio e ser a causa da violência", defendeu.
“No mundo precário de hoje, o diálogo entre as religiões não é um sinal de
fraqueza. Isso encontra sua razão de ser no diálogo de Deus com a humanidade”.
Em seu
discurso, o Pontífice lembrou as palavras que pronunciou em 4 de fevereiro passado
em Abu Dhabi, por ocasião da assinatura do documento “Fraternidade humana em
prol da paz mundial e da convivência comum". "Não existe alternativa:
ou construímos o futuro juntos, ou não haverá futuro. As religiões, de modo
especial, não podem renunciar à urgente tarefa de construir pontes entre os
povos e as culturas”.
Repetiu a
ideia de que chegou a hora de que “as religiões se empenhem mais ativamente,
com coragem e ousadia, com sinceridade, em ajudar a família humana a amadurecer
a capacidade de reconciliação, a visão, a esperança e os itinerários concretos
de paz".
Em seu
discurso de hoje, Francisco quis explicar o sentido daquelas palavras
proféticas: “Nossas tradições religiosas são uma fonte necessária de inspiração
para fomentar a cultura do encontro. A cooperação inter-religiosa é
fundamental, baseada na promoção de um diálogo sincero e respeitoso, que siga
em direção à unidade sem confundir, mantendo as identidades. Mas uma unidade
que transcende o mero pacto político”.
“O mundo
nos observa, a nós, os que creem, para ver qual é a nossa atitude em relação à
casa comum e aos direitos humanos; além disso, nos pede que colaboremos uns com
os outros e com homens e mulheres de boa vontade, que não professam nenhuma
religião, para que possamos dar respostas efetivas a tantas pragas do mundo,
como a guerra, a fome e a miséria que aflige milhões de pessoas, a crise
ambiental, a violência, a corrupção e a degradação moral, a crise da família,
economia e, sobretudo, a falta de esperança”.
O
Pontífice destacou que a intenção do documento é “adotar a cultura do diálogo
como caminho; a colaboração comum como conduta, o conhecimento recíproco como
método e critério”.
“De agora
em diante, pode-se afirmar que as religiões não são um sistema fechado que não
se pode mudar, mas com sua própria identidade. E isso é fundamental: a
identidade não pode ser negociada, porque, se negocia a identidade, não há mais
diálogo, mas submissão. Com sua própria identidade estão a caminho”.
Para o
Papa Francisco, "a fraternidade é uma realidade humana complexa, à qual se
deve prestar muita atenção e tratá-la com delicadeza".
O
Pontífice propôs uma série de perguntas: “Como nos cuidarmos reciprocamente na
única família humana da qual somos todos irmãos? Como alimentar uma
fraternidade para que não seja teórica, para que se traduza em fraternidade?
Como podemos fazer com que a inclusão do outro prevaleça sobre a exclusão em
nome da própria pertença? O que podemos fazer para que as religiões sejam
canais de fraternidade e não barreiras de divisão?”.
(acidigital)
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