No Templo Real Wat Ratchabophit, em Bangcoc, na Tailândia, o
Papa Francisco encontrou o líder budista Somdet Phra Ariyavongsagatanana no
início desta quinta-feira (21). Em discurso, o Pontífice encorajou novamente a
cultura do encontro como instrumento possível neste mundo de divisões e
exclusões, lembrando o “quão importante é que as religiões se manifestem cada
vez mais como faróis de esperança, enquanto promotoras e garantes de
fraternidade.”
Andressa Collet - Cidade do Vaticano
O segundo compromisso
oficial do Papa Francisco desta quinta-feira (21), em Bagcoc, na Tailândia, foi
visitar o Patriarca Supremo dos budistas, Somdet Phra Ariyavongsagatanana, no
Templo Wat Ratchabophit. O monge, nomeado em 2017, tem a tarefa de guiar o
Conselho Supremo da comunidade, promover a religião e assegurar que todos
observem os ensinamentos de Buda e os rituais estabelecidos pelo Conselho.
Papa
exalta cultura do encontro
Na cerimônia oficial,
depois de uma primeira intervenção do Patriarca Supremo, o Papa Francisco tomou
uso da palavra. No discurso, o Pontífice começou agradecendo pelas boas vindas
do monge budista, inclusive pelo início da sua visita ao país começar
justamente no Templo Real de Wat Ratchabophit, “símbolo dos valores e
ensinamentos” que caracterizam o povo da Tailândia. E lembrou das palavras de
João Paulo II, ao afirmar:
“ Foi nas fontes do budismo que a maioria dos tailandeses bebeu
e modelou a sua maneira de venerar a vida e os seus idosos, realizar um estilo
de vida sóbrio baseado na contemplação, desapego, trabalho duro e disciplina
(cf. São João Paulo II, Ecclesia in Asia, 6/XI/1999, 6); caraterísticas que
alimentam o traço distintivo de vocês, tão peculiar: o povo do sorriso. ”
Dessa maneira, recordando
João Paulo II, Papa Francisco exaltou o percurso dos antecessores das duas
comunidades, demonstrando estima e reconhecimento mútuo para aumentar o
respeito e a amizade. Um caminho iniciado há 50 anos quando o décimo sétimo
Patriarca Supremo, Somdej Phra Wanarat (Pun Punnasiri), visitou o Papa Paulo VI
no Vaticano: foi “um marco muito importante no desenvolvimento do diálogo entre
as nossas tradições religiosas”, enfatizou Francisco.
Um diálogo que depois
permitiria o então Papa João Paulo II fazer uma visita ao Patriarca Supremo,
Somdej Phra Ariyavongsagatanana (Vasana Vasano). Além disso, Francisco lembrou
do recente encontro no Vaticano quando recebeu uma delegação de monges do
templo de Wat Pho.
“ Pequenos passos que ajudam a testemunhar, não só nas nossas
comunidades, mas também neste nosso mundo tão instigado a gerar e propagar
divisões e exclusões, que a cultura do encontro é possível. Sempre que temos
oportunidade de nos reconhecer e apreciar, mesmo nas nossas diferenças (cf.
Evangelii gaudium, 250), oferecemos ao mundo uma palavra de esperança, capaz de
encorajar e sustentar aqueles que acabam por ser sempre os mais prejudicados
pela divisão. Tais possibilidades nos lembram quão importante é que as religiões
se manifestem cada vez mais como faróis de esperança, enquanto promotoras e
garantes de fraternidade. ”
A
presença da Igreja Católica no país
O Papa Francisco então
fez referência à chegada do cristianismo na Tailândia há cerca de quatro
séculos e meio e agradeceu ao povo local que “permitiu aos católicos, mesmo
sendo um grupo minoritário, desfrutar de liberdade na prática religiosa,
vivendo desde há muitos anos em harmonia com os seus irmãos e irmãs budistas”.
Crescer
ao estilo da “boa vizinhança”
O Pontífice reiterou
“empenho pessoal e de toda a Igreja” para fortalecer o diálogo aberto e
respeitoso. Além disso, e motivando para um crescimento no estilo de ‘boa
vizinhança’, o Papa finalizou o discurso encorajando novos caminhos a serem
percorridos em conjunto e pelo bem dos mais pobres e da Casa Comum.
“ Graças aos intercâmbios acadêmicos, que permitem uma maior
compreensão mútua, e também ao exercício da contemplação, da misericórdia e do
discernimento – tão comuns às nossas tradições –, poderemos crescer num estilo
de boa ‘vizinhança’. Poderemos promover entre os fiéis das nossas religiões o
desenvolvimento de novos projetos de caridade, capazes de gerar e incrementar
iniciativas concretas no caminho da fraternidade, especialmente com os mais
pobres, e em referência à nossa casa comum tão maltratada. Desta forma,
contribuiremos para a formação duma cultura de compaixão, fraternidade e
encontro, tanto aqui como noutras partes do mundo (cf. ibid., 250). ”
Trabalhar
pela paz mundial
Durante o cordial colóquio
entre o Papa Francisco e o Patriarca budista, falou-se sobre valor da
fraternidade entre as duas religiões, para favorecer a paz. "Se somos
irmãos, podemos ajudar a paz mundial", os pobres e os que sofrem, disse o
Papa, porque "ajudar os pobres é sempre um caminho de bênção".
Em seguida, o tema focado
foi o valor da educação, o papel dos missionários que vêm "não para
conquistar, mas para ajudar", porque "o proselitismo é
proibido", e a importância de uma colaboração recíproca entre as duas
religiões. Por fim, antes das saudações das duas delegações, o Santo Padre e o
Patriarca abençoaram um ao outro.
Entre os presentes
oferecidos por Francisco ao Patriarca, também o Documento sobre a “Fraternidade
Humana em prol da Paz Mundial e da convivência comum", assinado
em Abu Dhabi em fevereiro passado. O Papa disse: "Devemos trabalhar juntos
para que nossa humanidade seja mais fraterna".
(vaticannews)
Sem comentários:
Enviar um comentário