Vaticano, 01 set. 21 / 10:57 am (ACI).- “Diante de uma vida humana eu me faço duas perguntas: é lícito eliminar uma vida humana para resolver um problema? É justo contratar um matador para resolver um problema? Com essas duas perguntas que se resolvam os casos de eliminação de pessoas, por um lado ou pelo outro, [eutanásia e aborto] porque são um peso para a sociedade”, disse o papa Francisco em entrevista à rádio Cope, da Espanha.
Falando ao jornalista Carlos Herrera, o papa disse que, na cultura atual, centrada no descarte de pessoas, “os velhos são material descartável: incomodam”, assim como “os doentes em estados mais terminais, também; as crianças não desejadas, também; e são enviadas ao remetente antes que nasçam”. Nessa “cultura do descarte”, na qual “o que não serve é descartado”, disse Francisco, há o perigo de que “o que se semeia com o descarte, será recebido depois”.
Em relação ao aborto, o papa descartou as discussões sobre “se até aqui você pode [praticar o aborto], que até lá não se pode”. Para Francisco, “qualquer manual de embriologia que um estudante de medicina recebe na faculdade diz que, na terceira semana da concepção, às vezes até antes de que a mãe perceba [que está grávida], já estão definidos todos os órgãos no embrião, inclusive o DNA. É uma vida. Uma vida humana. Alguns dizem: ´não é pessoa`. É uma vida humana!”.
O papa também afirmou que essa cultura nos “marcou”, tanto aos “jovens como aos velhos” e “influi muito” sobre o inverno demográfico, que qualificou como “um dos dramas da cultura atual europeia”.
“Na Itália, a média de idade é 47 anos. Na Espanha, eu acho que é maior. Ou seja, a pirâmide foi invertida. É o inverno demográfico no nascimento, onde há mais casos de aborto. A cultura demográfica perdendo, porque foca no rendimento”, afirmou.
Em relação à eutanásia, Francisco disse que o pedido da Igreja é que possam “ajudar a morrer com dignidade”. Na Espanha, a lei da eutanásia entrou em vigor no dia 25 de julho.
O papa também lembrou uma anedota na qual, em uma família, também vivia o avô que, ao começar a envelhecer e começava a babar quando estava na mesa. Essa situação envergonhava o pai da família, que não podia receber convidados em casa para almoçar.
“Então ele teve a ideia de colocar uma bela mesa na cozinha e explicou à família que, a partir do dia seguinte, o avô ia comer na cozinha e assim podiam convidar pessoas. E foi assim. Uma semana depois, ele chegou em casa e encontrou seu filho de oito, nove anos, um dos filhos, brincando com madeira, pregos, martelos, e perguntou: ´o que você está fazendo?` ´Estou fazendo uma mesa, papai`. ´Para que?` ´Para você, para quando for velho`”, explicou.
(acidigital)
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