O azul domina o cenário, o sol brilha praticamente o ano todo, os vilarejos em tom ocre fisgam de imediato o coração, a gastronomia mediterrânea tem forte influência italiana, o povo é muito simpático, a língua mais falada no dia a dia é o inglês, a ilha é segura e o custo de vida é dos mais baratos da Europa. Cuidado! Não vá para Malta. Você corre o risco de se apaixonar!
Foi o que aconteceu comigo. Paixão imediata! E olha que minha expectativa era alta. Afinal, o país rondava meus sonhos fazia tempo. E quer saber? Malta conseguiu me surpreender muito e superou todas as minhas expectativas. Que cantinho incrível do mundo. Como consegue ser tão pequeno, tão azul e tão bonito? Malta é o menor país pertencente ao bloco da União Europeia tanto em termos demográficos como territoriais. Tem 460 mil habitantes e pode ser trilhado de norte a sul em menos de uma hora. No entanto, em termos de beleza é imenso.
MALTA DE A A Z
Malta é tanto o nome desse pequenino país europeu (também chamado de Ilhas Maltesas) como o nome da maior das ilhas que formam o arquipélago no mar Mediterrâneo, entre a Sicília (90 km) e a Tunísia (290 km). As outras duas ilhas habitadas são Gozo e Comino.
As maiores cidades da ilha de Malta são Valletta, Sliema e St. Julian’s. Seu território passou a ser independente do Reino Unido em 1964. Se tornou uma República 10 anos depois e em 2004 virou membro da União Europeia. A moeda adotada é o euro.
A cultura do país é muito rica e foi influenciada por fenícios, gregos, árabes, romanos, cruzados, franceses e ingleses. Essa mistura pode ser percebida na arquitetura, na gastronomia, nos traços físicos, na língua falada e escrita, e até nos carros de direção inglesa.
Os idiomas oficiais são o inglês e o maltês, sendo que o italiano também é bastante falado. O maltês é bem difícil tanto de ler como de entender, pois apesar de usar alfabeto latino tem origem árabe e mistura palavras do italiano, do francês e do inglês. Obrigada é grazzi. Uma palavra de raiz bem italianinha. Até aí está fácil! Mas não peça um mapa impresso em maltês se quiser chegar a algum lugar. As palavras têm acentos estranhos e algumas letras são irreconhecíveis! Para ter uma experiência incrível com o idioma, entre numa igreja para ouvir uma missa em maltês. É lindo! O país é um dos mais religiosos do mundo, tem mais de 350 igrejas e 95% do povo é católico.
Para ficar até 90 dias em Malta não é preciso visto. E essa é uma boa prerrogativa caso você tenha a intenção de estudar inglês numa ilha paradisíaca. No voo de Roma para Malta sentei ao lado de uma senhora que tinha acabado de se aposentar e estava indo passar 3 meses para fazer intercâmbio. A ilha é famosa por receber gente do mundo todo interessada em aperfeiçoar o idioma. Olha a dica!
É um destino que agrada a todos, sejam aventureiros, casais de astral romântico, famílias com crianças, solteiros em busca de balada, mulheres viajando sozinhas e a galera que busca sossego. Um país pequeno em quilometragem (apenas 316Km2, sendo que Malta tem 246, Gozo 67 e Comino 2,7Km2) mas gigante em termos de beleza, receptividade e possibilidades.
MUITAS CURVAS NA ESTRADA
Malta é costurada por muita história. Sua ocupação se deu ainda na pré-história e de lá para cá houve várias dominações e invasões. Recomendo visitar os sítios arqueológicos com ruínas de templos do período megalítico em Ggantija (Gozo) e Mnajdra (Malta). Nessa época, há mais de 3 mil anos antes de Cristo, as pessoas viviam em cavernas, e realmente, cavernas não faltam no arquipélago.
Os fenícios chegaram em Malta ao redor de 1.000 a.C. e a denominaram Malat que significa “refúgio seguro”. Antes da Era Cristã também teve ocupação de gregos, cartagineses e romanos, até que o navio de São Paulo naufragou próximo da costa e devido a esse fato - em 60 d.C. - os malteses foram convertidos ao Cristianismo.
No século IX, os árabes chegaram na ilha e deixaram suas marcas no idioma maltês e introduziram o islamismo, que não teve muita força. Um século depois o Reino da Sicília assumiu o controle e Malta voltou a ser cristã. Esse domínio durou por mais de seis séculos até a chegada dos Cavaleiros da Ordem Hospitalar de São João, que foram expulsos de Rodes e deram as cartas em Malta de 1530 a 1798.
É muita história, mas não para por aí. Então, veio Napoleão Bonaparte e tirou a ilha dos cavaleiros templários. A França dominou até 1814 quando os ingleses assumiram o comando. Malta se tornou uma colônia britânica e enfrentou as duas Grandes Guerras Mundiais nessa condição até ganhar sua independência em 1964, mas apenas em 1979 rompeu todos os laços com o Reino Unido e nessa data é celebrado o “Dia da Liberdade”.
Com um passado tão cheio de recortes, a herança não poderia ser outra senão uma bela colcha de retalhos, cheia de peculiaridades. Malta é uma ilha plural, alegre, feliz, solar, receptiva, sorridente, azul, festiva e cheia de personalidade. Impossível não se render aos seus encantos mediterrâneos.
Mapa das Ilhas Maltesas, Google Maps.
O MELHOR DA ILHA DE MALTA
Uma semana é o tempo ideal para conhecer as Ilhas Maltesas (4 dias em Malta e 3 em Gozo com bate e volta a Comino). Menos do que isso será corrido e você sairá já querendo voltar.
Valletta.
Comece por Valletta. Ela é a capital de Malta, uma cidade pequenina e linda! Tem pouco mais de 6 mil habitantes. Merecidamente, foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO pois foi construída em 1566 entre muralhas, numa península cercada por duas enseadas naturais: Marsamxett e Grand Harbour.
Em 2018 foi eleita pela União Europeia como capital da cultura. É um dos melhores lugares para se ficar hospedado na ilha tanto pela localização central, como pelo charme e pelos prédios históricos de arquitetura barroca. Caminhe pelas ruelas sem pressa. A rua principal é a Triq Ir-Repubblika, que conecta a praça da Fonte de Tritão ao forte e apenas pedestres circulam ali.
Visite o Forte de Valletta, os museus, o Lower e Upper Barrakka Gardens que tem vista linda do porto e das Three Cities (Senglea, Vittoriosa e Cospicia), a Co-Catedral de St John com obras de Caravaggio, a Catedral de St. Paul, o Palácio do Gran Mestre (hoje a residência do Primeiro-Ministro). Desça de elevador para a parte baixa da cidade por um euro e logo na saída, ao atravessar a rua, pegue um barquinho tradicional maltês, por dois euros para atravessar o Grand Harbour ou 8 euros para fazer um passeio mais longo pelo Grand Harbour, visite as “Três cidades”: Vittoriosa, Cospicua e Senglea as quais hoje se chamam Birgu, Isla e Bormla.
Três Cidades ou Three Cities.
As Três Cidades (Senglea, Vittoriosa e Cospicia) representam o berço histórico de Malta. Foi onde os primeiros habitantes se instalaram na ilha e onde os Cavaleiros da Ordem de São Jorge se estabeleceram. Interessante que os turistas pouco visitam essa parte da ilha mesmo que os palácios, fortificações e igrejas sejam ainda mais antigos do que os de Valletta. Portanto, se quiser ficar hospedado num lugar menos turístico, eis a dica. Caminhe e se perca pelas ruas quase desertas, você vai perceber que apenas os moradores locais circulam por ali. Há poucos turistas. A marina de Vittoriosa é cheia de iates atracados e tem muitos cafés e restaurantes. Muito charme e muita história reunidos!
Mdina, Rabat e Mosta.
Mdina é uma cidade medieval murada situada na parte central da ilha de Malta. Anteriormente era chamada Citta Vecchia e foi a capital do país até ser transferida para Valletta, em 1570. Possui uma área pequenina de 2.500 m², e uma população de pouco mais de 250 habitantes. Também é conhecida como “Cidade Silenciosa”. Mdina foi construída numa colina e o visual que se tem do vale, a partir de suas muralhas, é lindo. Para almoçar gostei do Palazzo de Piro, do mesmo grupo do hotel Xara que fica dentro das muralhas de Mdina, por ter um belo visual. Se gostar de doce, experimente a famosa torta de chocolate no Fontanella Tea Garden.
Em Mdina caminhe pelas ruelas estreitas, visite a verdadeira Catedral de St. Paul (já que a de Valletta é chamada de Co-Catedral), o Palazzo Falson e saiba que o vidro soprado (como o de Murano) é uma tradição. É possível visitar uma fábrica para acompanhar o processo de fabricação.
Aproveite para conhecer nas proximidades as cidadelas de Rabat onde ficam as catacumbas de St. Paul e St. Agatha, ou seja, cemitérios romanos subterrâneos; e Mosta, com sua sagrada Notre Dame. Ela tem um dos maiores domos do mundo e é considerada sagrada pelo fato de ter sido bombardeada na Segunda Guerra Mundial quando estava cheia de gente e a bomba não explodiu.
Marsaxlokk.
Esse vilarejo, ao sul da ilha de Malta, é uma graça. Tem uma praça, uma igrejinha, muitos restaurantes na orla, de frente para uma baía paradinha onde há dezenas de barcos de pescadores com olhos coloridos. Eles são chamados de “Olhos de Osires” e fazem parte da história de Malta. Chegaram à ilha com os fenícios, com a intenção de afastar os maus espíritos, trazer proteção e boa sorte. Basta procurar com atenção nas embarcações maltesas chamadas de luzzu e você vai se deparar com aqueles olhos simpáticos. Se puder vá a Marsaxlokk aos domingos quando acontece o Sunday Fish Market. Tem vários restaurantes por ali, sugiro almoçar no Tartarun ou no Pisces.
COMER BEM EM MALTA
A cozinha de Malta é mediterrânea com influência italiana pela proximidade com a Sicília e dominação romana; inglesa por ter sido colónia britânica; francesa pela dominação de Napoleão Bonaparte e árabe, afinal fica ao lado da Tunísia e teve ocupação árabe. O resultado é uma gastronomia leve e saudável, mas básica. Nada de restaurantes fantásticos. Aliás comi bem, especialmente nos vilarejos de pescadores onde os peixes, polvos e camarões são muito frescos. Eles também comem muito coelho e massas. Prove o patizzi, um folhado que pode ser recheado com ricota, cogumelo, anchova e outros sabores. Delicioso quando está quentinho!
CURIOSIDADE SOBRE A CRUZ DE MALTA
A cruz de Malta é o símbolo da Ordem dos Cavaleiros de São João. Seu design é baseado nas cruzes usadas desde a Primeira Cruzada. Ela é formada pela junção de quatro “Vs” de forma que suas oito pontas simbolizam as obrigações dos cavaleiros hospitaleiros, que são: suportar as perseguições, sinceridade, fé, viver com verdade, misericórdia, arrependimento dos pecados e humildade. Em meados do século XVI, quando os cavaleiros governaram Malta, a "Cruz de Malta" tornou-se associado com a ilha. A primeira evidência para a Cruz de Malta, em Malta, aparece nas moedas de cobre do Grão-Mestre Jean Parisot de la Vallette e datam de 1567.
QUANDO IR A MALTA
A temperatura da ilha é agradável o ano todo sendo que o inverno vai de novembro a fevereiro, quando os termômetros ficam ao redor de 15 a 18 graus. Imagino que com aquele mar azul maravilhoso você não queira dispensar uns bons mergulhos. Então, o ideal é visitar Malta de março a outubro, sendo que julho e agosto são os meses de altíssima temporada. Fui em agosto e as ilhas estavam bem cheias. Se quiser mais tranquilidade opte por maio, junho e outubro.
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA ENTRAR EM MALTA
Brasileiros não precisos de visto para permanecer até 90 dias no país, apenas passaporte com validade de 6 meses e ter um endereço de hospedagem.
COMO SE LOCOMOVER EM MALTA
Apesar da ilha ser pequena, os pontos de interessante ficam espalhados e alugar um carro certamente vai agilizar sua experiência. No próprio aeroporto há guichês da Hertz, Avis, Budget, Sixtbr, Thrifty e Europcar. Já saia com seu carro. Waze funciona bem. A ilha é bem sinalizada.
No entanto, a mão é inglesa! Se isso gerar insegurança, saiba que o transporte público é eficiente e barato. Basta comprar um cartão e pagar 2 euros por cada trecho de ônibus - compre o bilhete nos guichês da rua. No entanto, isso torna a viagem mais lenta e nos dias de muito calor é chato ficar no sol esperando pelo ônibus.
Aqueles ônibus turísticos vermelhos de dois andares bem ao estilo inglês – City Sightseeing Malta - circulam pelos principais pontos de interesse tanto de Malta como de Gozo, o valor é de 40 euros para dois dias em Malta ou 60 euros para dois dias em Malta e um em Gozo. Não cheguei a experimentar, mas vi que estavam sempre cheios de gente.
Também tem taxi na ilha. Para ir do aeroporto aos hotéis o valor é tabelado. Você pagará 17 euros, por exemplo, para ir até Valletta que fica a menos de dez quilômetros do aeroporto.
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