sábado, 25 de agosto de 2012

MANHENHA, TERRA DE LAVA







OS CHEIROS E OS SONS


Há dias o meu primo J.G. escreveu uma crónica jornalística intitulada “Sabores do Pico”. Lembrei-me então de acrescentar à ideia dele, os meus cheiros e sons , escritos ao meu jeito, os quais são sentidos especialmente pelo meu coração.

O Pico é muito rico em natureza agreste, rude, austera … que todavia esconde pequenos tesouros!

Chegar à Adega, abrir janelas e portas; ir à arca da roupa, com cheirinho a mofo; o tanque cheio com água a transbordar... Chamar as amigas... Chegar ao balcão...

É muito bom cheirar a maresia e ouvir o bater das ondas quando elas se desfazem nas rochas de lava. O cheiro da uva madura na parra que este ano se sente envergonhada em aparecer e o restolhar, nas folhas secas pisadas pelos lagartos que procuram a bela sobremesa.
Tivemos este ano uns dias de chuva e vento: mas foi agradável cheirar a terra húmida e ouvir o turbilhão de vento no teto da adega... Quantas memórias!
Quisemos acender o “borralho” e assar umas maçarocas: as “aparas” e as achas crepitavam e assim ficaram até termos brasas; porém esquecemo-nos do milho nas brasas e o cheiro a queimado estendeu-se por toda a vizinhança e não as conseguimos comer!!!

E que dizer do chilreio dos melros, logo pela alvorada...
E que dizer do canto das cagarras, durante a noite...
E que dizer do grasnar das ganhoas que pescavam enquanto tomávamos banho no Poceirão...

Na semana passada, quando o farol se apagou a indicar que o dia estava a chegar, cheguei ao postigo da porta da cozinha e vi, à minha frente a seguinte “pintura”: à minha esquerda, o sol a subir, côr de laranja; a meio, uma enorme faia; à direita a lua em “quarto” com uma côr amarelo pálido. Era de facto, um quadro pintado pela mão de Deus.

Foram respingos de vivências maravilhosas de uma picarota, passadas no lugar da Manhenha, Ilha do Pico.




PASSA UM BOM DIA


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