OS
CHEIROS E OS SONS
Há dias o meu primo J.G. escreveu uma
crónica jornalística intitulada “Sabores do Pico”. Lembrei-me
então de acrescentar à ideia dele, os meus cheiros e sons ,
escritos ao meu jeito, os quais são sentidos especialmente pelo meu
coração.
O Pico é muito rico em natureza
agreste, rude, austera … que todavia esconde pequenos tesouros!
Chegar à Adega, abrir janelas e
portas; ir à arca da roupa, com cheirinho a mofo; o tanque cheio com
água a transbordar... Chamar as amigas... Chegar ao balcão...
É muito bom cheirar a maresia e ouvir
o bater das ondas quando elas se desfazem nas rochas de lava. O
cheiro da uva madura na parra que este ano se sente envergonhada em
aparecer e o restolhar, nas folhas secas pisadas pelos lagartos que
procuram a bela sobremesa.
Tivemos este ano uns dias de chuva e
vento: mas foi agradável cheirar a terra húmida e ouvir o turbilhão
de vento no teto da adega... Quantas memórias!
Quisemos acender o “borralho” e
assar umas maçarocas: as “aparas” e as achas crepitavam e assim
ficaram até termos brasas; porém esquecemo-nos do milho nas brasas
e o cheiro a queimado estendeu-se por toda a vizinhança e não as
conseguimos comer!!!
E que dizer do chilreio dos melros,
logo pela alvorada...
E que dizer do canto das cagarras,
durante a noite...
E que dizer do grasnar das ganhoas que
pescavam enquanto tomávamos banho no Poceirão...
Na semana passada, quando o farol se
apagou a indicar que o dia estava a chegar, cheguei ao postigo da
porta da cozinha e vi, à minha frente a seguinte “pintura”: à
minha esquerda, o sol a subir, côr de laranja; a meio, uma enorme
faia; à direita a lua em “quarto” com uma côr amarelo pálido.
Era de facto, um quadro pintado pela mão de Deus.
Foram respingos de vivências
maravilhosas de uma picarota, passadas no lugar da Manhenha, Ilha do
Pico.
PASSA
UM BOM DIA
Sem comentários:
Enviar um comentário