Vaticano, 27
Jan. 15 / 05:34 pm (ACI/EWTN Noticias).-
Deus não é indiferente conosco, conhece o nosso nome e nos cuida, afirmou o
Papa Francisco em sua mensagem para a Quaresma
2015, na qual propôs aos fiéis três passagens para refletir e renovar seu
encontro com Cristo e assim combater a globalização da indiferença.
Cada um de nós
interessa a Deus, “o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo
que nos acontece. Coisa diversa se passa conosco! Quando estamos bem e
comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai
nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e
injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença”, assinalou
o Papa.
Entretanto,
advertiu que “esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial”
e é também uma tentação para os cristãos.
Por isso, propôs
aos fiéis três passagens para refletir, renovar o encontro com Deus e assim não
ser indiferentes:
O primeiro é “Se
um membro sofre, com ele sofrem todos os membros” – A Igreja.
Nesta passagem,
Francisco explica que com o seu ensinamento e testemunho, a Igreja oferece “o
amor de Deus, que rompe esta reclusão mortal em nós mesmos que é a
indiferença”. Entretanto, ninguém pode testemunhar o que antes não experimentou,
como ocorreu na Quinta-feira Santa, quando Pedro compreende que o serviço de
lavar os pés uns aos outros “só o pode fazer quem, primeiro, se deixou lavar os
pés por Cristo. Só essa pessoa ‘tem a haver com Ele’, podendo assim servir o
homem”.
“A Quaresma é um
tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos
como Ele”, afirmou Francisco. “Verifica-se isto quando ouvimos a Palavra de
Deus e recebemos os sacramentos,
nomeadamente a Eucaristia.
Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo. Neste corpo, não
encontra lugar a tal indiferença”, acrescentou.
Nesse sentido,
recordou que a Igreja é “communio sanctorum, não só porque, nela, tomam parte
os Santos mas também porque é comunhão de coisas santas”, “aquilo que cada um
possui, não o reserva só para si, mas tudo é para todos”. “E, dado que estamos
interligados em Deus, podemos fazer algo mesmo pelos que estão longe”,
afirmou.
A segunda
passagem é “Onde está o teu irmão?” – As
paróquias e as comunidades.
O Papa pede
levar para a vida
das paróquias e comunidades tudo o que se disse para a Igreja universal.
“Nestas realidades eclesiais, consegue-se porventura experimentar que fazemos
parte de um único corpo? Um corpo que, simultaneamente, recebe e partilha
aquilo que Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros
mais frágeis, pobres e pequeninos? Ou refugiamo-nos num amor universal pronto a
comprometer-se lá longe no mundo, mas que esquece o Lázaro sentado à sua porta
fechada”, perguntou.
Por isso,
Francisco pediu unir-se na oração com a Igreja no céu, junto com os santos “que
encontraram a sua plenitude em Deus” e que graças à morte e ressurreição de
Jesus “venceram definitivamente a indiferença, a dureza de coração e o ódio”.
“Enquanto esta vitória do amor não impregnar todo o mundo, os Santos caminham
conosco, que ainda somos peregrinos”, afirmou.
Por outra parte,
recordou, “cada comunidade cristã é chamada a atravessar o limiar que a põe em
relação com a sociedade circundante, com os pobres e com os incrédulos. A
Igreja é, por sua natureza, missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a
todos os homens”.
“Amados irmãos e
irmãs, como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente
as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no
meio do mar da indiferença!”, expressou.
A terceira
passagem é “Fortalecei os vossos corações” –
Cada um dos fiéis.
Francisco
alertou que “como indivíduos temos a tentação da indiferença”. “Estamos
saturados de notícias e imagens
impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo
toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos
absorver por esta espiral de terror e impotência?”.
Indicou que em
primeiro lugar podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. “Não
subestimemos a força da oração de muitos! A iniciativa 24 horas para o Senhor,
que espero se celebre em toda a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13
e 14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade da oração”, afirmou.
Em segundo lugar
convidou a “levar ajuda, com gestos de caridade” para as pessoas que vivem
próximas de nós assim como para quem está longe. “A Quaresma é um tempo
propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo
pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em
comum”, indicou.
“E, em terceiro
lugar, o sofrimento do próximo constitui um apelo à conversão, porque a
necessidade do irmão recorda-me a fragilidade da minha vida, a minha
dependência de Deus e dos irmãos”, assinalou.
Francisco
indicou que “ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil.
Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao
tentador mas aberto a Deus”.
“Um coração que
se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem
aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas
limitações e se gasta pelo outro”, acrescentou.
Finalmente,
convidou a orar “Fac cor nostrum secundum cor tuum”: “Fazei o nosso coração
semelhante ao vosso” (Súplica das Ladainhas ao Sagrado Coração de Jesus), para
ter “assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se
deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença”.
Para ler a
íntegra, ingresse em: http://www.acidigital.com/noticias/integra-mensagem-do-papa-francisco-para-a-quaresma-2015-17533/
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