Tirar a máscara
A vicissitude de Elias, tema dos exercícios espirituais da Cúria Romana
A fim de empreender um correcto caminho quaresmal de conversão é preciso antes de tudo redescobrir a «verdade mais profunda de nós mesmos, sair ao ar livre» e «tirar todas as máscaras, libertar-se de todas as ambiguidades». Com esta forte evocação a retomar com sinceridade a própria história o carmelita Bruno Secondin concluiu, na meditação vespertina de segunda-feira 23 de Fevereiro, a reflexão do segundo dia dos exercícios espirituais quaresmais em Ariccia para o Papa e a Cúria romana.
Seguindo a experiência de Elias descrita pelas Escrituras, o pregador comparou a «clandestinidade» da qual o profeta foi chamado pelo Senhor a sair, com aquela na qual com frequência nos escondemos e que muitas vezes é mascarada por uma religiosidade só exterior, sem a coragem da verdade.
Depois da coragem de se revelar, de dizer a verdade a si mesmo, de tirar a máscara que anestesia as nossas consciências, surge a necessidade de enveredar pelos «caminhos de liberdade» e de eliminar os comportamentos que nos fazem «oscilar de um lado para o outro» e dar espaço a Deus. Sobre este tema o padre Secondin retomou as meditações na manhã de terça-feira 24, convidando a considerar certas escolhas da Igreja do nosso tempo: «Tratamos as coisas importantes entre poucos íntimos ou sabemos obter uma estratégia de visibilidade que desloca o sistema?» Quanto sofrimento, por exemplo, «nos provocaram certos temas sensíveis», disse o padre Secondin, e acrescentou: «Não devemos esconder os nossos escândalos» e é importante que «as vítimas da injustiça sejam curadas com a nossa humildade de reconhecer os erros».
O reconhecimento das culpas da Igreja emergiu também em referência a outro episódio. De facto, inspirando-se no terrível gesto de Elias que executa os profetas de Baal, o pregador exortou a recordar como a Igreja na sua história foi capaz de actos violentos. «Também nós queimamos pessoas, assassinamos» disse. E evidenciou que hoje muita violência pode ser expressa sob outras formas, «até sem a espada», utilizando por exemplo a força destrutiva da língua e até os novos meios de comunicação: «Às vezes o teclado mata mais do que a espada!».
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