PRESERVAR O ANTIGO COM AR DE MODERNIDADE
Foi com a premissa de preservar a “pré-existência”
introduzindo elementos modernos e amigos do ambiente que o atelier da
arquitecta Maria José de Freitas assumiu o projecto de remodelação da Estação
Postal do Carmo, inaugurada ontem. Segundo a arquitecta, o novo edifício
contempla uma zona de exposição, uma sala “polivalente” com suporte para
receber um restaurante. Foi reconstruído um anexo modernista, mas sempre
mantendo o estilo arquitectónico ao estilo “português suave”
Catarina Almeida
A Estação Postal do Carmo, na Avenida de Carlos da
Maia na Taipa, abriu ontem oficialmente ao público depois de ter sido sujeita a
obras de recuperação e construção que começaram em 2012 ficando concluídas em
2014.
“Entretanto houve uns acréscimos, umas licenças, umas
questões que foi necessário resolver com as Obras Públicas e com todos os
serviços [ligados à área] e por isso só agora é que se conseguiram as licenças
todas para funcionar tudo em pleno”, explicou a arquitecta Maria José de
Freitas ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU.
O edifício, datado de 1953, apresenta um traço
arquitectónico ao estilo “português suave” – que se poderia encontrar na zona
do Bairro do Restelo, em Lisboa – e foi totalmente remodelado pelo atelier da
arquitecta Maria José de Freitas que conseguiu ter acesso a desenhos “muito
característicos, engraçados e datados daquela época” nos arquivos das Obras
Públicas.
O projecto inclui revitalizações e reconstrução mas
sempre com a premissa de por um lado “preservar a pré-existência” e, por outro
lado, introduzir “elementos contemporâneos e amigos do ambiente”, disse.
Segundo a arquitecta, o projecto inicial contemplava o
edifício principal e um segundo – erguido depois de 1953 – que já tinha traços
modernistas mas que “estava em muito más condições, muito degradado do ponto de
vista de impermeabilização”, disse Maria José de Freitas.
Por isso, o edifício teve de ser demolido e refeito
mas sempre “mantendo aquele desenho original que tinha e que nós conseguimos de
alguma forma exteriormente recuperar”, acrescentou a arquitecta.
A Estação Postal do Carmo passa agora a conjugar uma
série de valências, nomeadamente uma sala de exposições concebida dentro do
espaço modernista que foi reconstruído. “É um anexo modernista e que está
dotado de infraestruturas actuais e contemporâneas”, explicou Maria José de
Freitas.
Ainda sobre os acréscimos, a arquitecta destaca um
novo espaço, uma caixa de vidro, desenhado pelo atelier e erguido com materiais
ecológicos. “Foi uma empresa de Zhuhai que forneceu os materiais e toda a
tecnologia para pôr este cubo de vidro de forma sustentável. É uma empresa com
uma grande dinâmica ligada à proteccão ambiental, painéis solares, entre
outros, e que se portou muito bem na parte da concretização desta nossa caixa
de vidro”, asseverou.
Por outro lado, Maria José de Freitas indicou que no
andar superior do edifício principal, outrora residência do director da
Estação, foi criado um espaço “polivalente” e que poderá, inclusive, ter uma
“cozinha ou servir de restaurante de apoio a qualquer situação”.
Desconhecendo a finalidade que será dada a esse
espaço, Maria José de Freitas pede no mínimo que “seja qualquer actividade que
permita valorizar ainda mais este conjunto e este polo atraente da ilha da
Taipa”.
Além disso, a arquitecta admite que este
projecto foi trabalhoso até porque por vezes trabalha-se com empresas pouco
experientes na recuperação. “Isso depois vai reflectir-se na qualidade do
output final e como arquitectos estivemos sempre muito vigilantes durante todo
o processo para que fossem cumpridos os cadernos de encargos e desenhos do
projecto”, concluiu Maria José de Freitas.
(jtm.com.mo)
29 SEP, 2016
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