quinta-feira, 29 de setembro de 2016

NOTÍCIA DE MACAU



PRESERVAR O ANTIGO COM AR DE MODERNIDADE


Foi com a premissa de preservar a “pré-existência” introduzindo elementos modernos e amigos do ambiente que o atelier da arquitecta Maria José de Freitas assumiu o projecto de remodelação da Estação Postal do Carmo, inaugurada ontem. Segundo a arquitecta, o novo edifício contempla uma zona de exposição, uma sala “polivalente” com suporte para receber um restaurante. Foi reconstruído um anexo modernista, mas sempre mantendo o estilo arquitectónico ao estilo “português suave”

Catarina Almeida

A Estação Postal do Carmo, na Avenida de Carlos da Maia na Taipa, abriu ontem oficialmente ao público depois de ter sido sujeita a obras de recuperação e construção que começaram em 2012 ficando concluídas em 2014.
“Entretanto houve uns acréscimos, umas licenças, umas questões que foi necessário resolver com as Obras Públicas e com todos os serviços [ligados à área] e por isso só agora é que se conseguiram as licenças todas para funcionar tudo em pleno”, explicou a arquitecta Maria José de Freitas ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU.
O edifício, datado de 1953, apresenta um traço arquitectónico ao estilo “português suave” – que se poderia encontrar na zona do Bairro do Restelo, em Lisboa – e foi totalmente remodelado pelo atelier da arquitecta Maria José de Freitas que conseguiu ter acesso a desenhos “muito característicos, engraçados e datados daquela época” nos arquivos das Obras Públicas.
O projecto inclui revitalizações e reconstrução mas sempre com a premissa de por um lado “preservar a pré-existência” e, por outro lado, introduzir “elementos contemporâneos e amigos do ambiente”, disse.
Segundo a arquitecta, o projecto inicial contemplava o edifício principal e um segundo – erguido depois de 1953 – que já tinha traços modernistas mas que “estava em muito más condições, muito degradado do ponto de vista de impermeabilização”, disse Maria José de Freitas.
Por isso, o edifício teve de ser demolido e refeito mas sempre “mantendo aquele desenho original que tinha e que nós conseguimos de alguma forma exteriormente recuperar”, acrescentou a arquitecta.
A Estação Postal do Carmo passa agora a conjugar uma série de valências, nomeadamente uma sala de exposições concebida dentro do espaço modernista que foi reconstruído. “É um anexo modernista e que está dotado de infraestruturas actuais e contemporâneas”, explicou Maria José de Freitas.
Ainda sobre os acréscimos, a arquitecta destaca um novo espaço, uma caixa de vidro, desenhado pelo atelier e erguido com materiais ecológicos. “Foi uma empresa de Zhuhai que forneceu os materiais e toda a tecnologia para pôr este cubo de vidro de forma sustentável. É uma empresa com uma grande dinâmica ligada à proteccão ambiental, painéis solares, entre outros, e que se portou muito bem na parte da concretização desta nossa caixa de vidro”, asseverou.
Por outro lado, Maria José de Freitas indicou que no andar superior do edifício principal, outrora residência do director da Estação, foi criado um espaço “polivalente” e que poderá, inclusive, ter uma “cozinha ou servir de restaurante de apoio a qualquer situação”.
Desconhecendo a finalidade que será dada a esse espaço, Maria José de Freitas pede no mínimo que “seja qualquer actividade que permita valorizar ainda mais este conjunto e este polo atraente da ilha da Taipa”.
Além disso, a arquitecta admite que este projecto foi trabalhoso até porque por vezes trabalha-se com empresas pouco experientes na recuperação. “Isso depois vai reflectir-se na qualidade do output final e como arquitectos estivemos sempre muito vigilantes durante todo o processo para que fossem cumpridos os cadernos de encargos e desenhos do projecto”, concluiu Maria José de Freitas.

(jtm.com.mo)

29 SEP, 2016

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