quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Na audiência geral o Papa denunciou a chaga do analfabetismo entre as crianças ·



Não obstante «o progresso técnico-científico tenha alcançado um nível tão alto, há crianças analfabetas. É uma injustiça que mina a dignidade da pessoa». Foi uma verdadeira denúncia a do Papa na audiência geral de quarta-feira 23 de novembro.
Prosseguindo na Sala Paulo VI as catequeses sobre as obras de misericórdia, o Pontífice falou esta semana sobre as obras espirituais que dizem respeito ao aconselhar os duvidosos e ao ensinar aos ignorantes. «Ações fortemente interligadas entre elas» – explicou – ambas «são obras que se podem viver quer numa dimensão simples, familiar, ao alcance de todos, quer num plano mais institucional, organizado», sobretudo, «a segunda, a de ensinar». E a este propósito o Pontífice convidou a pensar «em quantas crianças sofrem ainda de analfabetismo, de falta de instrução».
É uma condição, esclareceu, por causa da qual «nos tornamos facilmente reféns da exploração e de várias formas de degradação social». Por isso, «a Igreja, ao longo dos séculos, sentiu a exigência de se comprometer no âmbito da instrução. Desde o primeiro exemplo – recordou Francisco – de uma «escola» fundada precisamente aqui em Roma por são Justino, no segundo século, para que os cristãos conhecessem melhor a Sagrada Escritura, até São José de Calazans, que abriu as primeiras escolas populares gratuitas da Europa, temos uma longa lista de santos e santas que em várias épocas levaram instrução aos mais desfavorecidos, sabendo que através deste caminho teriam superado a miséria e a discriminação». A ponto que, acrescentou, «cristãos, leigos, irmãos e irmãs consagrados, sacerdotes dedicaram a própria vida à instrução, à educação das crianças e dos jovens». E dado que «isto é grande», o Papa convidou os fiéis presentes a homenagear os santos da instrução católica com uma salvas de palma.
Aliás, prosseguiu, «estes pioneiros da instrução tinham compreendido profundamente a obra de misericórdia, tornando-a um estilo de vida capaz de transformar a própria sociedade. Através de um trabalho simples e de poucas estruturas souberam restituir dignidade a muitas pessoas! E a instrução que proporcionavam era muitas vezes orientada também para o mercado do trabalho». Como São João Bosco, frisou o Papa citando a sua obra, «que preparava os meninos de rua para o trabalho. E deste modo surgiram diversas escolas profissionais».
No que diz respeito «à obra de misericórdia de aconselhar os duvidosos», o Papa explicou que ela consiste em «aliviar aquela dor que provém do medo e da angústia que são consequências da dúvida». E depois de ter confidenciado que ele próprio tem muitas dúvidas, porque «nalguns momentos todos têm dúvidas», sublinhou que quantos «tocam a fé em sentido positivo», são «um sinal que queremos conhecer melhor e mais profundamente a Deus, Jesus, e o mistério do seu amor». Portanto, concluiu, trata-se de «dúvidas que fazem crescer».



(osservatoreromano)

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