"O inferno não é nem um espaço nem um lugar: o inferno é o
estado da alma que está longe de Deus, no ódio e em contraste com Deus",
explicou o padre Athos Turchi, professor de Filosofia na Faculdade Teológica da
Itália Central, em entrevista ao Vatican News.
A Igreja em todo o mundo
rezou e refletiu durante a Semana Santa sobre o mistério da morte de Cristo.
No Credo, a solene
profissão de fé que acompanha a vida dos crentes, nos recorda que Jesus
"foi crucificado, morreu e foi sepultado; desceu à mansão dos mortos
".
"Jesus - nós lemos
no Catecismo da Igreja Católica - não desceu aos Infernos para ali libertar os
condenados, nem para destruir o Inferno da condenação, mas para libertar os
justos que o haviam precedido" (633).
Papa
Francisco: o inferno é estar distante de Deus
Referindo-se ao inferno,
o Papa Francisco durante a Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, em 25
de novembro de 2016, explicou que "não é uma sala de tortura". O
inferno - acrescentou - consiste em estar afastados para sempre do "Deus
que dá a felicidade", do "Deus que tanto nos ama".
O inferno não é uma
condenação, mas uma escolha. Durante sua visita à Paróquia romana de Santa
Maria Mãe do Redentor em 2015, o Santo Padre afirmou: "Você não é mandado
para o inferno, é você que vai, por escolha própria. O inferno é querer se
afastar de Deus, porque eu não quero o amor de Deus ".
"O diabo – disse
Francisco - está no inferno porque ele quis" e "ele é o único que
temos certeza de que está no inferno".
É "fruto de uma
reconstrução" e "não é uma transcrição fiel" - disse a Sala de
Imprensa da Santa Sé – ao comentar o que foi relatado pelo jornal "La
Repubblica" em um artigo piblicado nos dias passados, em que, entre
outros, eram atribuídas ao Pontífice afirmações sobre o inferno.
O
inferno não é um lugar, mas um estado da alma
A Igreja, em seu
ensinamento, afirma a existência do inferno e sua eternidade. "Não podemos
estar unidos a Deus – lê-se no Catecismo da Igreja Católica - se não fizermos
livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos
gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos”. (1033)
"Morrer em pecado
mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus
- lemos de novo - significa ficar separado do Todo-Poderoso, por nossa própria
opção livre".
O padre Athos
Turchi, professor de Filosofia na Faculdade Teológica da Itália Central,
falando ao Vatican News, enfatizou em particular que o inferno, é um
estado da alma:
R. - O inferno
não é nem um espaço nem um lugar: o inferno é o estado da alma que está longe
de Deus, no ódio e em contraste com Deus. É o estado da alma em que se chega
com a rejeição de Deus, isto é o inferno. É como o desespero de uma pessoa
quando os entes queridos partem. É o ódio que se tem em relação a uma pessoa.
São almas desesperadas. Isso é o inferno. Os tridentes, as chamas do inferno,
são motivo de riso diante do desespero da alma que está sem Deus e sabe que
nunca mais o verá.
Portanto, este estado de
desespero é sem misericórdia, sem a possibilidade de perdão ...
R. - Sim, porque
para o inferno vão somente aqueles que recusam a salvação, como o demônio. O
demônio é aquele que se colocou contra Deus. Ele vive o inferno, isto é, toda a
distância de Deus. Assim - diz Jesus - aqueles que pecam contra o Espírito
Santo, isto é, que recusam a salvação de Deus, rejeitam misericórdia, eles
encontram-se distantes. Eu espero que sejam poucos os que fazem essa escolha.
No entanto, como o diabo fez, pode acontecer também com o ser humano. É o
estado da alma, ou de um ser ou de um espírito como pode ser o demônio, que
odeia a Deus. Isso é o inferno.
E para as almas que estão
afastadas de Deus, como podemos evitar esse desespero eterno?
R. - Aceitando a
salvação feita por Cristo. Quem aceita esta salvação, entra na possibilidade de
comunicar e de voltar à comunhão com Deus e por isso evita o inferno. Alguns
teólogos dizem que depois da morte a alma tem uma última chance de
confrontar-se com Deus; e alí é feita a escolha: sim ou não. Se é sim, de
alguma forma se entra na salvação. Se é não, a pessoa se afasta de Deus, de sua
comunhão. E entra em um estado de desespero, isto é, vive em um estado de
inferno. O inferno está dentro do coração do homem, dentro da alma, em sua mente.
Não está em algum lugar.
Mas dentro da alma, pelo
contrário, há também o grande desejo de ver Deus ...
R. - Quando se vê
estamos na alegria, em paz e em felicidade. É exatamente o oposto. Quando a
pessoa amada é encontrada, a alma se alegra, se abre para a alegria, para a
paz, para o amor pelo outro. Quando se odeia a outra pessoa, nós nos
relacionamos com ela por contraste, com maldade, malícia, etc. Isso é o
inferno. O outro é o paraíso.
E o estado da alma que
está em desespero infernal, é o resultado de uma escolha ...
R. - O pecador
absoluto é aquele que rejeita a salvação de Deus. Nós somos seres livres, temos
a possibilidade da autodeterminação: se decidimos estar com Deus, entramos em
comunhão e na salvação. Se decidirmos odiá-lo, nos afastarmos, estamos no
inferno. Jesus fala disso na parábola do filho pródigo: o filho foi embora para
desperdiçar tudo. Ele poderia voltar ou não voltar: não voltando ele estaria no
inferno. Ele retornou e isso lhe deu a possibilidade de comunhão. Inferno é a
escolha que todo mundo faz. Ninguém é condenado ao inferno. É uma escolha
pessoal. Nós sempre temos a possibilidade de nos confrontar-nos com Deus
novamente. Rejeitá-lo significa ir para o inferno.
(vaticannews)
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