LISBOA,
13 Abr. 18 / 05:49 pm (ACI).-
O Parlamento português aprovou neste 13 de abril uma medida que permitirá que
adolescentes realizem operações de mudança de sexo a partir dos 16 anos sem
relatório ou recomendação médica, uma medida que mereceu a oposição da Igreja Católica,
manifestada aos jornalistas pelo Patriarca de Lisboa, Cardeal Manuel Clemente.
A
lei foi aprovada com votos favoráveis dos seguintes partidos: PS, BE, PEV e
PAN. E teve votos contrários por parte do PSD – com exceção da deputada
social-democrata Teresa Leal Coelho – e CDS-PP; o PCP (Partido Comunista
Português) absteve-se.
Desta
forma, o cidadão com mais de 16 anos pode requerer a mudança de sexo no Cartão
do Cidadão, com a autorização dos pais e sem a necessidade de um relatório
médico, informou a agência Ecclesia, do episcopado português.
Os bispos católicos
alertaram esta quinta-feira para as “possíveis repercussões legislativas e
educativas quanto à mudança de sexo”, reafirmando preocupações manifestadas nos
últimos anos.
D. Manuel Clemente, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP),
declarou aos jornalistas que a masculinidade e feminilidade “não é um
acrescento cultural”, mas é “constitutiva da pessoa, do seu modo de ser, não um
simples atributo”, considerando que antecipar uma decisão deste tipo para os 16
anos é “muito ilegítimo”.
Em
outubro de 2017, a CEP manifestara a sua “preocupação” perante as propostas que
visavam permitir a menores de idade a mudança de sexo, mesmo contra a opinião
dos pais, a partir dos 16 anos.
Quatro
anos antes, os bispos católicos publicaram a carta pastoral ‘A propósito da
ideologia do género’, na qual sustentava que “no plano estritamente científico,
obviamente, é ilusória a pretensão de prescindir dos dados biológicos na
identificação das diferenças entre homens e mulheres”.
O mais
recente parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNEV)
contestava a “atribuição aos menores de 16 anos da possibilidade de acesso
universal a autodeterminação de género, como simples expressão de vontade
individual autónoma”, sem acautelar “ponderadamente questões associadas ao seu
próprio processo de maturação e desenvolvimento neuro-psíquico”.
Ainda
segundo a notícia da agência Ecclesia, uma petição online angariou mais de
quatro mil assinaturas, pedindo à Assembleia da República que não aprovasse a
lei que permite a mudança de sexo no registo civil aos 16 anos.
Os
promotores da iniciativa consideram que a lei “abre a possibilidade ao
aparecimento de graves implicações nas vidas das pessoas e das famílias podendo
vir a ser um meio de agravamento de situações e de problemas em vez de promover
o bem-estar e a qualidade de vida das mesmas”.
Outro
prelado português que foi contumaz na sua crítica à nova medida foi Dom Manuel
Ortiga, Arcebispo de Braga, quem asseverou na rede social: “Dizia e bem
Norberto Bobbio: “a diferença mais importante não é entre quem crê e não crê,
mas entre quem pensa e não pensa nas grandes interrogações da existência”. A
aprovação da lei da identidade de género aprovada no parlamento confirma o pior
dos cenários: deixamos de pensar”.
(acidigital)
Sem comentários:
Enviar um comentário