quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Redescobrir a gratuidade para humanizar a medicina





O Papa encoraja o compromisso dos voluntários entre os doentes

 e alerta contra a lógica do lucro a todo o custo



A lógica da gratuidade deve inspirar a atividade de quantos trabalham ao lado dos doentes e dos sofredores, sobretudo nas estruturas de saúde católicas, recordou o Papa Francisco na mensagem para o vigésimo sétimo Dia mundial do doente — que será celebrado a 11 de fevereiro próximo em Calcutá, na Índia — exortando a redescobrir «o sentido do dom» e «da solidariedade, em resposta à lógica do lucro a todo o custo, do dar para receber, da exploração que não respeita as pessoas».
Divulgada na manhã de 8 de janeiro, a mensagem ressalta que «o cuidado dos doentes precisa de profissionalismo e ternura, de gestos gratuitos, imediatos e simples, como uma carícia, pelos quais fazemos sentir ao outro que nos é “querido”». Diante da predominância da lógica do descarte e da indiferença, «o dom — recomenda o Pontífice — deve colocar-se como paradigma capaz de desafiar o individualismo e a fragmentação social dos nossos dias, para promover novos vínculos e várias formas de cooperação humana entre povos e culturas». Neste sentido, Francisco convida a redescobrir a força do diálogo, que é «pressuposto do dom» e «abre espaços relacionais de crescimento e progresso humano capazes de romper os esquemas consolidados de exercício do poder na sociedade».
Reconhecendo que «todo o homem é pobre, necessitado e indigente», o Papa observa que só quando a pessoa «se concebe, não como um mundo fechado em si mesmo, mas como alguém que, por sua natureza, está ligado a todos os outros, originariamente sentidos como “irmãos”, é possível uma práxis social solidária, orientada para o bem comum». Portanto, «não devemos ter medo de nos reconhecermos necessitados e incapazes de nos darmos tudo aquilo de que teríamos necessidade, porque não conseguimos, sozinhos e apenas com as nossas forças, vencer todos os limites».
Além disso, «com alegria e admiração», o Pontífice recorda o testemunho da madre Teresa de Calcutá, definindo-a «um modelo de caridade que tornou visível o amor de Deus pelos pobres e os doentes». E a este propósito, ressalta a atividade de muitos voluntários que trabalham no setor sociossanitário, comprometendo-se sobretudo na tutela dos direitos dos doentes, no campo da sensibilização e da prevenção, na assistência domiciliar e no apoio espiritual. «O voluntariado — garante — comunica valores, comportamentos e estilos de vida que, no centro, têm o fermento da doação. Deste modo realiza-se também a humanização dos tratamentos».
Concluindo, o Papa encorajou as estruturas de saúde católicas, com o apelo a «não cair no estilo empresarial» e a «salvaguardar mais o cuidado da pessoa que o lucro» porque, reiterou, «a alegria do dom gratuito é o indicador de saúde do cristão».


8 de Janeiro de 2019

(osservatoreromano)

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