REDAÇÃO
CENTRAL, 24 Jan. 19 / 04:00 am (ACI).- “O
amor é a perfeição do espírito e a caridade é a perfeição do amor”, dizia São
Francisco de Sales. Conhecido como o santo da amabilidade, lutou vários anos de
sua vida para dominar sua ira e obteve a
conversão de muitos. A festa deste Doutor da Igreja e padroeiro dos jornalistas e
comunicadores é a celebrada neste 24 de janeiro.
São
Francisco de Sales nasceu no castelo de Sales, na Saboya, em 1567. Desde menino
era muito inquieto e brincalhão, tanto que sua mãe e sua ama tinham que estar
constantemente vendo o que estava fazendo.
Sua luta
contra a ira foi constante. Certo dia, um calvinista visitou o castelo, o
pequeno Francisco se inteirou, tomou um pau e foi brincar de correr atrás das
galinhas gritando: “Fora os hereges, não queremos hereges”.
Teve como
mestre o Pe. Deage, sacerdote muito perfeccionista em suas exigências. Este
preceptor lhe faria passar momentos amargos, mas lhe ajudaria muito em sua
formação.
Aos 10
anos, recebeu a primeira comunhão e confirmação e, desde esse dia,
comprometeu-se a visitar frequentemente o Santíssimo. Mais adiante, conseguiu
que seu pai o enviasse ao Colégio do Clermont, dirigido pelos jesuítas e conhecido
pela piedade e o amor à ciência.
Acompanhado
pelo Pe. Deage, Francisco se confessava e comungava a cada semana, era dedicado
aos estudos e reservava um par de horas diárias aos exercícios de equitação,
esgrima e dança.
Muitas
vezes o sangue lhe subia à cabeça pelas brincadeiras e humilhações. Mas,
conseguia se conter de tal maneira que muitos nem imaginavam o seu mau gênio.
Entretanto, o inimigo lhe fez sentir que seria condenado ao inferno para
sempre. Este pensamento o atormentava até o ponto que perdeu o apetite e já não
dormia.
Então, disse a Deus: “Não me interessa que me mande todos os suplícios que
queira, desde que me permita seguir te amando sempre”. Logo, na Igreja de Santo
Estêvão, em Paris, ajoelhado diante da imagem da Virgem, pronunciou a famosa
oração de São Bernardo: “Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria…”. Assim, recuperou a paz.
Esta
provação o ajudou muito a se curar do orgulho e saber compreender as pessoas em
crise para assim tratá-las com bondade. Obedecendo seu pai, foi estudar direito
em Pádua, tempo que aproveitou para estudar também teologia por seu grande
desejo de ser sacerdote.
Aos 24
anos, obteve seu doutorado em leis e mais tarde, junto a sua família, manteve
uma vida típica de jovem da nobreza. Seu pai desejava que se casasse e que
obtivesse postos importantes, mas Francisco se mantinha em reserva por sua
inquietação de consagrar-se a serviço de Deus.
Com a
morte do decano do Capítulo de Genebra, seu primo Luis de Sales, alguns
conhecidos fizeram com que o Papa lhe outorgasse este cargo. O jovem santo, por
outro lado, começou a dialogar com seu pai sobre sua inquietação vocacional e
pouco a pouco o convenceu.
Vestiu a
batina no dia em que obteve a aprovação de seu pai e recebeu a ordem do sacerdócio
seis meses depois. Exercia os ministérios entre os mais necessitados com muito
carinho e seus prediletos eram os de berço humilde.
Entre os
habitantes do Chablais, os protestantes tinham dificultado a vida dos católicos
e Francisco se ofereceu para ir até lá com permissão do Bispo.
A fim de
tocar os corações da população, o santo começou a escrever panfletos nos quais
expunha a doutrina da Igreja e refutava os calvinistas. Estes escritos mais
tarde formariam o volume das “Controvérsias”.
O que as
pessoas mais admiravam era a paciência com que o santo vivia as dificuldades e
perseguições.
Francisco
caiu em uma grave enfermidade e, ao recuperar a saúde, foi à Roma onde o Papa
estava. Lá, teólogos e sábios que tinham ouvido de suas qualidades fizeram-lhe
perguntas difíceis de teologia. Todos ficaram maravilhados pela simplicidade,
modéstia e ciência de suas respostas.
O
Pontífice o confirmou como coadjutor de Genebra e o santo retornou à sua
diocese para trabalhar com mais empenho. Quando o Bispo morreu, Francisco o
sucedeu no governo e fixou sua residência em Annecy.
Teve como
discípula Santa Joana de Chantal e do encontro destes dois santos surgiu a
fundação da Congregação da Visitação, em 1610. Das notas com que instruía a
santa, surgiu o livro “Introdução à vida devota”. Mais tarde, São Francisco de
Sales o publicou, tendo sido traduzido em muitos idiomas.
Em 1622,
o duque da Saboya convidou o santo para se reunir em Aviñón. O santo Bispo
aceitou, pela parte francesa de sua diocese, mas arriscando muito sua saúde
devido à longa viagem em pleno inverno.
Deixou
tudo em ordem, como se soubesse que não voltaria. Quando chegou a Aviñón, as
multidões se apinhavam para vê-lo e as congregações queriam que pregasse para
elas.
Ao
regressar, São Francisco se deteve em Lyon e se hospedou na casinha do
jardineiro do Convento da Visitação. Atendeu as religiosas durante um mês
inteiro e quando uma delas lhe pediu uma virtude para praticar, o santo
escreveu “humildade”.
No cruel
inverno, prosseguiu sua viagem pregando e administrando os sacramentos, mas sua saúde ia piorando até que
partiu para a Casa do Pai. Sua última palavra foi o nome de Jesus. São
Francisco de Sales expirou aos 56 anos, em 28 de dezembro de 1622, sendo Bispo
por 21 anos.
No dia
seguinte, a população inteira do Lyon passou pela humilde casa onde faleceu. Em
1632, abriram seu túmulo para saber como estava. Parecia que se encontrava em
um aprazível sonho.
Santa
Joana de Chantal foi ver o corpo do santo junto a suas religiosas e, quando lhe
disseram que podia se aproximar, a santa se ajoelhou, tomou a sua mão e a pôs
sobre a sua cabeça para lhe pedir a bênção.
Nesse
momento, todas as irmãs viram que a mão do santo parecia recuperar vida e, movendo
os dedos, acariciava a humilde cabeça de sua discípula. Hoje, em Annecy, as
irmãs da Visitação conservam o véu que Santa Joana usava naquele dia.
São
Francisco de Sales foi canonizado em 1665. Em 1878, o Papa Pio IX o declarou
Doutor da Igreja. São João Bosco adotou o “santo da amabilidade” como patrono
de sua congregação e como modelo para o serviço que os salesianos devem
oferecer aos jovens.
(acidigital)
Sem comentários:
Enviar um comentário