REDAÇÃO CENTRAL, 13 Ago. 19 / 05:00 pm (ACI).-
O Administrador Apostólico do Patriarcado de Jerusalém, Dom Pierbattista
Pizzaballa, explicou em uma entrevista concedida à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que
Sofre (ACN) como as tensões políticas intensificam o conflito na Terra Santa.
“Costuma-se dizer, com alguma frequência, que há três grupos de
pessoas que vivem no território que chamamos Terra Santa: israelitas,
palestinianos e cristãos. Mas os cristãos não são um ‘terceiro povo’. Os
cristãos pertencem ao povo no meio do qual vivem. Como cristãos não temos
reivindicações territoriais”, assegurou.
Nesse
sentido, o Arcebispo Pizzaballa destacou que, “para um judeu ou um muçulmano,
não há nenhum perigo encontrar-se com um cristão. No entanto, para os cristãos
as condições de vida são mais difíceis, por exemplo, têm
muita dificuldade em arranjar trabalho ou arrendar casas”.
“Há
que fazer uma distinção entre a liberdade religiosa, de culto e a liberdade de
consciência. Existe liberdade de culto: os cristãos podem celebrar seus
serviços religiosos e organizar a sua vida comunitária”, afirmou. Porém, quanto
à liberdade de consciência é “muito mais complicado”, pois “significa que qualquer
crente pode expressar-se livremente e que os membros de outras religiões podem
decidir livremente se querem ser cristão”.
“A política teve sempre um papel muito importante na Terra Santa. Se alguém
decide visitar um determinado lugar isto pode tornar-se rapidamente um assunto
político”, assegurou o Prelado.
Nesse
sentido, explicou que, “por exemplo, os cristãos de Belém gostariam de visitar
e rezar na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Mas, muitas vezes, tal não é
possível porque precisam de uma autorização. Então, isto é uma questão de
liberdade religiosa ou é simplesmente um assunto político? Não podem visitar a
Igreja do Santo Sepulcro apenas porque são palestinianos? Tudo esta
interligado”.
Além
disso, recentemente, o governo dos Estados Unidos transferiu sua embaixada de
Tel Aviv para Jerusalém, algo que, embora formalmente não tenha mudado nada, do
ponto de vista de Dom Pizzaballa, é “um beco sem saída”, porque “todas as
questões que afetam Jerusalém e que não abrangem as duas partes – israelita e
palestiniana – provocam uma profunda divisão em nível político. E isto é
precisamente aquilo que tem ocorrido”.
"Depois
da mudança da embaixada dos EUA, os palestinianos cortaram todas as relações
com o governo deste país e paralisaram completamente as negociações entre
Israel e os Territórios Palestinianos, que já eram muito lentas", afirmou.
Sobre
a escalada de tensão sofrida frequentemente em Israel, o Administrador
Apostólico do Patriarcado de Jerusalém disse que “há palestinianos que
pertencem a grupos fundamentalistas; mas também há muitos que recusam a
violência. A maioria dos cristãos na Terra Santa são palestinianos. Isto quer
dizer que vivem nas mesmas condições que os palestinianos muçulmanos”.
“O
fundamentalismo religioso atira claramente os cristãos para a margem da
sociedade. Assim, experimentamos a cooperação e a solidariedade, mas também a
exclusão e a discriminação”, afirmou.
Os
cristãos na Terra Santa são menos de 1% da população, por isso, Dom Pizzaballa
aponta que acha que sua tarefa “é transmitir às pessoas que existe uma forma
cristã de viver neste país. Há uma maneira cristã de viver com este conflito”.
Nesse
sentido, o Arcebispo agradeceu o apoio que ACN oferece aos cristãos na Terra
Santa, especialmente com os cursos organizados pelo Rossing Center.
“Daniel
Rossing era judeu e estava convencido de que Jerusalém em particular devia ser
o lugar onde todas as religiões se sentissem em sua própria casa. Muitos dos
jovens que participam nestes seminários aplicam o que aprendem na sua própria
vida profissional. Deste modo, a religião, que na Terra Santa costuma ser
motivo de divisão, converte-se num elemento de união”, afirmou.
(acidigital)
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