sábado, 26 de outubro de 2019

Palavra de Vida – outubro 2019




«Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, 
o precioso bem que te foi confiado» 
(2 Tm 1, 14).


O apóstolo Paulo escreve a Timóteo, seu “filho na fé” (1)e seu companheiro na ação de evangelização, a quem confiou a comunidade de Éfeso.
Sentindo que o momento da morte estava prestes a chegar, Paulo encoraja-o nesta difícil tarefa de guia. É que, na verdade, Timóteo recebeu um “bem precioso”, isto é, o conteúdo da fé cristã, como os apóstolos o tinham transmitido, e tem agora, por seu lado, a responsabilidade de o comunicar fielmente às futuras gerações.
Ora, para Paulo, isso significa proteger e fazer resplandecer o tesouro recebido, na disposição de dar até a própria vida, para difundir a alegre notícia que é o Evangelho.
«Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado».

Paulo e Timóteo receberam o Espírito Santo, qual luz e garantia para a sua insubstituível função de pastores e evangelizadores. Através do seu testemunho, e do testemunho dos seus sucessores, o anúncio do Evangelho chegou até nós.
Da mesma maneira, cada cristão tem uma “missão” na sua comunidade social e religiosa: construir uma família unida, educar os jovens, dedicar-se seriamente na política e na profissão, cuidar de pessoas frágeis, iluminar a cultura e a arte com a sabedoria do Evangelho vivido, consagrar a vida a Deus para o serviço dos irmãos.
Aliás, e de acordo com as palavras do Papa Francisco aos jovens, «[…] cada homem e cada mulher é uma missão […]» (2). O mês de outubro de 2019 foi proclamado pela Igreja Católica “Mês missionário extraordinário”. Isso pode ser para nós uma ocasião de renovar conscientemente o compromisso de testemunhar a nossa fé, com o coração aberto e dilatado pelo amor evangélico que gera acolhimento, encontro e diálogo (3).
«Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado».

Cada cristão é “templo” do Espírito Santo, que nos ajuda a descobrir e a guardar os “bens preciosos” que o Senhor nos confia, para que os façamos crescer e os ponhamos ao serviço de todos. O primeiro destes “tesouros” é a fé no Senhor Jesus. É preciso que nós cristãos a despertemos e alimentemos com a oração, para depois a comunicarmos através do testemunho da caridade.
J. J., um sacerdote recém-ordenado, conta-nos: «Foi-me confiado o serviço dos fiéis numa grande igreja católica, numa metrópole brasileira. O ambiente social é muito difícil e é frequente encontrar pessoas que não têm qualquer identidade religiosa definida, e que, por isso, tanto vão à missa como a antigas cerimónias tradicionais. Tenho consciência de que sou o responsável pela transmissão da fé cristã na fidelidade ao Evangelho, mas anseio também que todos se sintam bem recebidos na paróquia. Pensei que, para valorizar as raízes culturais destas pessoas, a celebração da missa deveria ser mais festiva, animada por instrumentos musicais típicos das respetivas culturas. Trata-se de um grande desafio, que faz com que todos se sintam mais felizes, porque, em vez de dividir a comunidade, nos une a todos naquilo que temos em comum, isto é, a fé no mesmo Deus que nos dá a alegria».
«Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado».

Um outro tesouro inestimável, que recebemos do próprio Jesus, é a sua palavra, a Palavra de Deus. Este bem «[…] acarreta para nós uma grande responsabilidade […]. Deus deu-nos a sua Palavra para que a fizéssemos frutificar. Ele quer ver concretizada, na nossa vida e na nossa ação no meio do mundo, aquela transformação profunda que a Palavra produz. […] Como poderemos viver a Palavra de Vida deste mês? Amando a Palavra de Deus, procurando conhecê-la cada vez melhor e, sobretudo, pondo-a em prática com a máxima generosidade, de tal maneira que ela se torne realmente o alimento principal da nossa vida espiritual, o nosso mestre interior, o guia da nossa consciência, o ponto de referência inabalável de todas as nossas escolhas e de todas as nossas ações. […] Existe uma grande desorientação e confusão nas consciências. Tudo tende a relativizar-se e a ofuscar-se. Vivendo a Palavra de Deus não só estaremos protegidos contra este grave perigo, mas − segundo a significativa expressão de Jesus (cf. Mt 5, 15-16) – seremos como lâmpadas acesas que, com a sua luz, ajudarão também os outros a orientarem-se e a reencontrar o caminho certo» (4).
Letizia Magri

(focolares)

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