terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Carta de Taizé n° 270



Edição especial PT

CARTA 2011


Carta do Chile


Quando decidimos, juntamente com os responsáveis pela pastoral juvenil do Chile, que o nosso segundo encontro internacional na América Latina teria lugar em Santiago, entre 8 e 12 de Dezembro de 2010, estávamos longe de imaginar que este ano de 2010 seria para os Chilenos um período em que as provações seriam bem à medida das alegrias. A preparação deste encontro de jovens, ao longo de todo o ano, permitiu que vários dos nossos irmãos partilhassem umas e outras.

Enquanto os Chilenos celebravam, com outros países latino-americanos, o bicentenário da implantação da República, a violência da terra e do mar causou-lhes profundos sofrimentos.

O terramoto de Fevereiro afectou sobretudo os mais pobres. Contudo, a onda de generosidade que se ergueu das profundezas da alma chilena permitiu compreender que os Chilenos formam uma única família, solidária na adversidade. Muitos jovens chilenos foram ajudar os que tinham perdido casa e trabalho. Deram o seu tempo e energia para construírem «mediasaguas», pequenas cabanas de madeira que serviram para alojamento temporário.

No mesmo ano, os povos autóctones do Chile, em particular alguns grupos do povo mapucha, exprimiram através de uma longa greve de fome o seu sofrimento e as suas reivindicações.

Um pouco mais tarde, as imagens dos trinta e três mineiros que regressaram à superfície da terra depois do acidente na mina voltaram a dar alegria a todo um povo.

No início de Dezembro, o encontro internacional permitiu que vários milhares de jovens, não apenas do Chile mas de todo o continente, partilhassem alegrias, provações e desafios e contribuíssem assim para a construção de uma terra mais fraterna.

Alegrámo-nos por acolher neste encontro alguns jovens do Haiti. A sua presença recordou a enorme angústia provocada pelo terramoto de Janeiro de 2010. As feridas estão longe de se encontrarem saradas. Se a situação político-social do país o permitir, uma visita ao Haiti, situada entre o encontro de Santiago e o Encontro Europeu de Roterdão (no fim de Dezembro de 2010), permitir-nos-á expressar a solidariedade de jovens de todos os continentes e também a sua admiração: na adversidade, é a fé que mantém este povo de pé.

Continuaremos a rezar com eles ao longo de todo o próximo ano:

Deus, nossa esperança, confiamos-te o povo do Haiti. Desconcertados pelo incompreensível sofrimento dos inocentes, pedimos-te que inspires o coração dos que levam os indispensáveis socorros. Conhecemos a fé profunda do povo haitiano. Ajuda os que sofrem, fortalece os abatidos, consola os que choram, derrama o teu Espírito de compaixão sobre este povo tão ferido e tão amado.


ALEGRIA

A alegria do coração: eis a tua vida. Deixa a tristeza!1 Este apelo de um crente que viveu muitos anos antes de Cristo dirige-se também hoje a nós.

Nas nossas vidas, passamos por provações e sofrimentos, por vezes durante longos períodos. Contudo, gostaríamos sempre de tentar reenconrar a alegria de viver.2

De onde nos vem essa alegria? Ela é desperta pela surpresa de um encontro, pela duração de uma amizade, pela criação artística ou ainda pela beleza da natureza... O amor que nos é dado faz nascer uma felicidade que preenche aos poucos as profun- dezas da alma.3

E somos assim levados a seguir uma opção consciente pela alegria. ...


(Ler o texto completo em: ptletter.pdf)


NOTAS:1 Ver 1 Ben Sira 30,22-23. Um cristão do século II, chamado Hermas, também escreve: «Reveste-te da alegria... Viverão para Deus os que se tiverem despido da tristeza para se revestirem de toda a alegria.»

2 O que leva à realização de uma vida humana não são os feitos espectaculares, mas a alegria serena que toca as profundezas do coração. O carácter inacabado de toda e qualquer vida, os golpes e os sofrimentos não desapareceram, mas também não sufocam a serenidade.

3 O teólogo ortodoxo Alexandre Schmemann (1921-1983) escreve no seu Diário: «Alegria por causa de nada, mas ainda assim alegria; alegria pela presença de Deus e pelo Seu toque na alma. E a experiência deste toque, desta alegria (que efectivamente «ninguém nos há-de tirar», porque ela se tornou na própria profundeza da alma), esta experiência determina o curso, a direcção do pensamento, a relação com a vida.»


TEM UM DIA ALEGRE NA ESPERANÇA!


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