segunda-feira, 27 de maio de 2013

«Jesus indigna-se quando vê estas coisas...”


Missa do Papa em Santa Marta
O acolhimento cristão

Os cristãos que pedem nunca devem encontrar as portas fechadas. As igrejas não são escritórios onde apresentar documentos e papelada quando se pede para entrar na graça de Deus. «Não devemos instituir o oitavo sacramento, o da alfândega pastoral!». É o acolhimento cristão o tema da reflexão do Papa Francisco na homilia da missa celebrada na capela da Domus Sanctae Marthae esta manhã, sábado 25 de Maio, entre outros com o cardeal Agostino Cacciavillan. Comentando o evangelho de Marcos (10, 13-16) o Pontífice recordou  a repreensão dirigida por Jesus aos discípulos que queriam afastar dele as criancinhas que o povo lhe levava para lhe pedir uma carícia. Os discípulos propunham «uma bênção geral e depois todos fora», mas o que diz o Evangelho? Que Jesus se indignou  - respondeu o Papa - dizendo «deixai-os vir a mim, não lho impeçais. A quem é como eles pertence o Reino de Deus».
Para explicar melhor o conceito o Pontífice fez alguns exemplos. Em particular o que acontece quando dois noivos que se querem casar se apresentam na sacristia de uma paróquia e, em vez de apoio ou felicitações, ouvem enumerar as despesas da cerimónia ou perguntar se têm todos os documentos. Assim por vezes, recordou o Papa, eles «encontram a porta fechada». Deste modo quem teria a possibilidade «de abrir a porta agradecendo a Deus por este novo matrimónio» não o faz, aliás, fecha-a. Muitas vezes «somos controladores da fé e não felicitadores da fé do povo». Trata-se de algo, acrescentou o Papa, que «começou no tempo de Jesus, com os apóstolos».
Trata-se de «uma tentação que sentimos; a de nos apropriar, de nos  apoderar do Senhor». E mais uma vez o Papa recorreu a um exemplo: o caso de uma jovem mãe que vai à Igreja, à paróquia, pede para baptizar o filho e sente-se responder «de um cristão ou de uma cristã»: não, «não podes, não és casada». E prosseguiu: «Olhai para esta moça que teve a coragem de dar continuidade à sua gravidez» e não abortou: «O que encontra? Uma porta fechada. E assim acontece com muitas. Este não é um bom zelo pastoral. Isto afasta do Senhor, não abre as portas. E assim quando nós estamos neste caminho, nesta atitude, não fazemos o bem às pessoas, ao povo de Deus. Mas Jesus instituiu sete sacramentos e nós com esta atitude instituímos o oitavo, o sacramento da alfândega pastoral».
«Jesus indigna-se quando vê estas coisas, porque quem sofre com  isso? O seu povo fiel, o povo que tanto ama». Jesus, explicou o Papa Francisco ao concluir a homilia, quer que todos se aproximem dele. «Pensemos no santo povo de Deus, povo simples, que se quer aproximar de Jesus. E pensemos em todos os cristãos de boa vontade que erram e em vez de abrir uma porta a fecham. E peçamos ao Senhor que todos os que se aproximam da Igreja encontrem as portas abertas para receberem este amor de Jesus».

26 de Maio de 2013

(Osservatoreromano.va)


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