Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu a
missa na Capela de sua residência, a Casa Santa Marta, na manhã desta
terça-feira, (18/10).
Na homilia, comentando a Segunda Carta a Timóteo, o Papa
dissertou sobre o destino dos apóstolos que, como São Paulo na fase conclusiva
de sua vida, vivem na solidão e enfrentam dificuldades:
“Sozinho, mendicante, vitima de
assédio, abandonado... mas é o grande Paulo, o que ouviu a voz do Senhor, o
chamado do Senhor! Aquele que foi de um lugar para o outro, que sofreu tanto e
passou por diversas provações para pregar o Evangelho; o que fez entender aos
apóstolos que o Senhor queria que os Gentis também entrassem na Igreja, o
grande Paulo que na oração subiu até o Sétimo Céu e ouviu coisas que ninguém
ouvira antes: o grande Paulo, naquele quartinho de uma casa em Roma, esperando
esta luta entre a rigidez dos tradicionalistas e os discípulos fiéis a ele
acabar dentro da Igreja. E assim, termina a vida do grande Paulo, na desolação:
não no ressentimento e na amargura, mas com a desolação interior”.
Fidelidade
Assim aconteceu com Pedro e com o grande João Batista, que
“na cela, sozinho e angustiado”, manda seus discípulos perguntar a Jesus se é
ele o Messias e termina com a cabeça cortada “por causa do capricho de uma
bailarina e da vingança de uma adúltera”. O mesmo aconteceu com Maximiliano
Kolbe, “que fez um movimento apostólico em todo o mundo e muitas coisas
grandes” e morreu na cela de um campo de concentração.
“O apóstolo, quando é fiel – sublinha o Papa – não
espera outro fim senão o de Jesus”. Mas o Senhor permanece próximo, “não o
deixa sozinho e ali encontra a sua força”.
Mártires
“Morrer como mártires, como testemunhas de Jesus é a
semente que morre e dá fruto e enche a terra de novos cristãos. Quando o pastor
vive assim, não fica amargurado: talvez se sinta desolado, mas tem aquela
certeza de que o Senhor está ao seu lado. Quando o pastor em sua vida se ocupou
de outras coisas que não dos fiéis – por exemplo, apegado ao poder, apegado ao
dinheiro, apegado aos centros de poder, apegado a tantas coisas – no final, não
estará só, talvez haja os netos que aguardarão que morra para ver o que poderão
levar com eles”.
O Papa Francisco conclui assim a sua homilia:
“Quando eu visito o asilo dos sacerdotes idosos,
encontro muitos daqueles bons, bons, que deram a vida pelos fiéis. E estão ali,
doentes, paralíticos, na cadeira de rodas, mas logo se vê aquele sorriso. ‘Está
bem, Senhor; está bem, Senhor, porque sentem o Senhor muito próximo a eles. E
também aqueles olhos brilhantes que têm e perguntam: ‘Como está a Igreja? Como
está a diocese? Como estão as vocações?’. Até o fim, porque são padres, porque
deram a vida pelos outros. Voltemos a Paulo. Só, mendicante, vítima de assédio,
abandonado por todos, menos que pelo Senhor Jesus: ‘Somente o Senhor está
próximo de mim!’. E o Bom Pastor, o pastor deve ter esta segurança: se ele vai
pelo caminho de Jesus, o Senhor lhe estará próximo até o fim. Rezemos pelos
pastores que estão no final de suas vidas e que estão aguardando que o Senhor
os leve com Ele. E rezemos para que o Senhor lhes dê a força, a consolação e a
segurança que, embora se sintam doentes e também sozinhos, o Senhor está com
eles, perto deles. Que o Senhor lhes dê a força”.
(CM/BF)
Br.radiovaticana
18/10/2016 10:26
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