A opinião de um biólogo que ficou viral
Por Pedro Lopes
A tragédia que se abateu sobre
os concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos não
deixou ninguém indiferente.
61 mortos, 62 feridos e dezenas
de desalojados, fizeram deste incêndio uma das maiores tragédias dos últimos
anos em Portugal.
Nas redes sociais, nas televisões, rádios e jornais, todos temos
visto opiniões sobre o que esteve na origem deste incêndio, e sobre o que podia
ter sido feito para o evitar.
Nuno Gomes Oliveira, biólogo e ambientalista português, escreveu
hoje um post no Facebook com o título “Requiem por Pedrógão Grande”, e que
ficou viral nas últimas horas.
“RÉQUIEM POR PEDROGÃO GRANDE
A culpa, dizem-nos, pode ter sido de uma “trovoada seca”
associada a uma onda de calor e ao nosso clima mediterrânico.
Não foi, com certeza, da monocultura florestal, que na zona em questão é essencialmente monocultura de eucalipto.
A culpa não foi do desordenamento florestal e territorial.
A culpa não foi da destruição dos serviços florestais praticada ao longo de décadas por sucessivos governos;
A culpa não foi de quem acabou com os guardas florestais que estavam estrategicamente espalhados por todos os perímetros florestais, dando corpo a uma rede de vigilância que nada veio substituir.
A culpa não foi da desertificação do interior e da falta de medidas para a contrariar.
Não foi, com certeza, da monocultura florestal, que na zona em questão é essencialmente monocultura de eucalipto.
A culpa não foi do desordenamento florestal e territorial.
A culpa não foi da destruição dos serviços florestais praticada ao longo de décadas por sucessivos governos;
A culpa não foi de quem acabou com os guardas florestais que estavam estrategicamente espalhados por todos os perímetros florestais, dando corpo a uma rede de vigilância que nada veio substituir.
A culpa não foi da desertificação do interior e da falta de medidas para a contrariar.
A culpa
não foi da ignorância e compadrio dos decisores que nos tem governado.
De quem a culpa não foi, seguramente, foi de quem perdeu a vida em Pedrógão
Grande,
porventura no regresso de uma visita à família ou de um passeio calmo,
de
fim-de-semana.
Sempre
tivemos “trovoadas secas”, ondas de calor e clima mediterrânico; o
problema
não é o que sempre tivemos, mas o que não temos: prevenção,
ordenamento
territorial e florestal, coragem para travar e fazer regredir as
monoculturas.
Em outubro vem as eleições e pouco depois o Inverno, e os decisores só se
lembrarão
dos fogos florestais no próximo Verão, quando outra tragédia nos vier
estragar
um Domingo e pôr todos os portugueses sensíveis com as lágrimas nos
olhos.”
(facebook)
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