Francisco falou da missão do bispo inspirando-se na despedida de
Paulo dos anciãos em Éfeso. "Paulo não tinha nada, somente a graça de
Deus, a coragem apostólica e a revelação de Jesus Cristo."
Adriana Masotti – Cidade do Vaticano
“É uma passagem forte, que
chega ao coração, é também um trecho que nos mostra o caminho de cada bispo no
momento da despedida”. Na homilia da missa celebrada na manhã desta terça-feira
(15/05) na capela da Casa Santa Marta, o Papa escolheu comentar a Primeira
Leitura, extraída dos Atos dos Apóstolos.
O momento da despedida
O trecho narra o momento
em que Paulo convoca em Éfeso os anciãos da Igreja, os presbíteros. É feita uma
reunião do conselho presbiteral para que Paulo se despeça deles e como primeiro
ato ele faz uma espécie de exame de consciência, dizendo o que fez pela
comunidade, submetendo-se ao juízo deles. Paulo parece um pouco orgulhoso,
disse Francisco, mas ao invés é objetivo. Vangloria-se somente de suas coisas:
dos próprios pecados e da cruz de Jesus Cristo que o salvou. Depois, explica
que agora, advertido pelo Espírito Santo, deve ir a Jerusalém.
E o Papa comentou: “Esta
é experiência do bispo, o bispo que sabe discernir o Espírito, que sabe
discernir quando é o Espírito de Deus que fala e que sabe defender-se quando
fala o espírito do mundo”.
Paulo sabe que, de alguma
forma, está indo ao encontro de “tribulações, rumo à cruz e isso nos faz pensar
no ingresso de Jesus em Jerusalém. Ele entra para sofrer e Paulo vai rumo à
paixão”. O apóstolo – disse ainda Francisco – “se oferece ao Senhor, obediente.
Advertido pelo Espírito. O bispo que vai avante sempre, mas segundo o Espírito
Santo. Este é Paulo”.
Testamento espiritual
Por fim, se despede em
meio à dor dos presentes, e deixa conselhos, o seu testamento:
Ele não aconselha: “Este
bem que deixo deem a ele, isto àquele, àquele outro...”. O testamento mundano,
não?. O seu grande amor é Jesus Cristo. O segundo amor, o rebanho. “Cuidai de
vós mesmos e de todo o rebanho”. Cuidem do rebanho; sejam bispos para o
rebanho, para proteger o rebanho, não para subir numa carreira eclesiástica,
não.
Paulo confia os
presbíteros a Deus certos de que Ele os protegerá, e os ajudará. Depois, retoma
a sua experiência dizendo que não desejou para si ‘nem prata nem ouro ou vestes
de ninguém’.
O testamento de Paulo é
um testemunho. É também um anúncio. É também um desafio: “Eu fiz este caminho.
Continuem vocês”. Quão distante é este testamento dos testamentos mundanos:
“Isso eu deixo a ele, isto àquele, isto àquele outro …”, tantos bens. Paulo não
tinha nada, somente a graça de Deus, a coragem apostólica, a revelação de Jesus
Cristo e a salvação que o Senhor tinha dado a ele.
Despedir-se com amor
“Quando eu leio isto,
penso em mim” – afirmou Francisco - “porque sou bispo e devo me despedir”. E concluiu:
Peço ao Senhor a graça de
me despedir assim. E no exame de consciência, não sairei vencedor como Paulo …
Mas o Senhor é bom, é misericordioso, mas … Penso nos bispos, em todos os
bispos. Que o Senhor dê a graça a todos nós de poder nos despedir assim, com
este espírito, com esta força, com este amor a Jesus Cristo, com esta confiança
no Espírito Santo.
(vaticannews)
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