sábado, 26 de maio de 2018

Portugueses dizem “não” à legalização da eutanásia em frente à Assembleia da República




Lisboa, 25 Mai. 18 / 04:00 pm (ACI).- Centenas de portugueses se reuniram em frente à Assembleia da República, em Portugal, para a manifestação contra a legalização da eutanásia no país, tema que será votado no próximo dia 29 de maio pelos parlamentares.
A iniciativa foi promovida pelo movimento de cidadãos ‘Stop Eutanásia’ e contou com a presença de diversos oradores que contestaram a “legitimidade” dos deputados para legislar sobre uma matéria que ficou de fora do programa eleitoral da maioria dos partidos com assento no Parlamento.
Durante a manifestação, os presentes gritaram palavras de ordem em defesa da vida e contra a eutanásia e ergueram cartazes com dizeres como “Proteja todas as vidas”; “Exigimos cuidados paliativos para todos”; “Os portugueses não querem a eutanásia”, entre outros.
“Muito poucas outras leis nos fariam estar aqui num dia de chuva a meio da semana. O que nos move é sabermos que estão em causa os alicerces da nossa civilização e da nossa ordem jurídica. Esta não é uma questão como outra qualquer. Uma questão tão importante como esta não pode ser votada por esta assembleia”, defendeu Pedro Vaz Patto, jurista e presidente da Comissão Nacional Justiça.
“A vida nunca perde dignidade”, acrescentou.
Antigo bastonário da Ordem dos Médicos, Gentil Martins lamentou a “confusão que continua a reinar” neste campo. Segundo a Agência Ecclesia, do episcopado português, ele ainda criticou a “leviandade” com que se procura legislar sobre a eutanásia sem um debate aprofundado.
Ao defender que “a vida humana é inviolável”, evocou as indicações da Associação Médica Mundial no sentido de “manter o juramento hipocrático” de defesa da vida, independentemente das legislações nacionais.
Também esteve entre os oradores da manifestação a enfermeira Sara Sepúlveda, que cuida de doentes em fim de vida. A profissional de saúde ressaltou que as pessoas se uniram nesta manifestação para “exigir [a garantia de] cuidados paliativos em todo o país”, informou o site ‘Público’.
“Não se deixem enganar com a morte digna”, exorou a enfermeira. Segundo ela, “dizem-nos que [a morte medicamente assistida] é a pedido de quem sofre. A seguir dirão que também abrange aqueles que não conseguem pedir” em nome do “direito a todos à eutanásia”.
“Nós podemos tratar as pessoas, se nos forem para isso dadas as condições que nos são retiradas todos os dias”, completou.
Também o psicólogo clínico Abel Santos defendeu o investimento nos cuidados paliativos. De acordo com ele, a “vida marcada pela doença e o sofrimento merece ainda maior proteção”.
“Não podemos admitir que a morte seja uma resposta para a doença e o sofrimento”, afirmou o especialista, conforme pontua a Agência Ecclesia.
O psicólogo ainda chamou a atenção para “a presença de dezenas de jovens na concentração”, o que “mostra que eles estão comprometidos com os nossos idosos e que não os querem deixar em qualquer serviço de saúde que execute a morte”.
Por sua vez, também presente na manifestação, o sacerdote Nuno Coelho contou que, em suas visitas às casas e aos hospitais, quando alguém lhe diz “chega, não quero mais viver”, responde acrescentando apenas uma palavra: “Não quero mais viver assim”.
“Assim: desta forma solitária, desta forma em que ninguém se interessa por nós”, assinalou o sacerdote, segundo ‘Público’.
Antes da manifestação, uma delegação do movimento ‘Stop Eutanásia’ se reuniu com a direção da bancada do PSD no Parlamento. Participaram deste encontro o líder parlamentar, Fernando Negrão, os deputados Rubina Berardo, António Leitão Amaro e Margarida Mano.
Ao site ‘Renascença’, Abel Santos, do ‘Stop Eutanásia’, disse que os representantes do PSD garantiram que, apensar da liberdade de voto dada pelo partido aos seus deputados, a direção votará contra os projetos de legalização da eutanásia.
“Os deputados que estiveram conosco estão claramente contra, e vão tentar que, de fato, o PSD, como partido mais votado da sociedade portuguesa, não tenha uma posição displicente em relação a uma situação tão radical como esta”, contou.
“Nós fizemos o nosso trabalho, representamos a sociedade civil, viemos dar o nosso contributo e representar a voz do povo, e ficou claramente discutido e claro na reunião que tivemos, que a eutanásia não é solução”, acrescentou Santos a ‘Renascença’.

(acidigital)

Sem comentários: