Lisboa,
25 Mai. 18 / 04:00 pm (ACI).-
Centenas de portugueses se reuniram em frente à Assembleia da República, em
Portugal, para a manifestação contra a legalização da eutanásia no país, tema
que será votado no próximo dia 29 de maio pelos parlamentares.
A
iniciativa foi promovida pelo movimento de cidadãos ‘Stop Eutanásia’ e contou
com a presença de diversos oradores que contestaram a “legitimidade” dos
deputados para legislar sobre uma matéria que ficou de fora do programa
eleitoral da maioria dos partidos com assento no Parlamento.
Durante a
manifestação, os presentes gritaram palavras de ordem em defesa da vida e
contra a eutanásia e ergueram cartazes com dizeres como “Proteja todas as
vidas”; “Exigimos cuidados paliativos para todos”; “Os portugueses não querem a
eutanásia”, entre outros.
“Muito
poucas outras leis nos fariam estar aqui num dia de chuva a meio da semana. O
que nos move é sabermos que estão em causa os alicerces da nossa civilização e
da nossa ordem jurídica. Esta não é uma questão como outra qualquer. Uma
questão tão importante como esta não pode ser votada por esta assembleia”,
defendeu Pedro Vaz Patto, jurista e presidente da Comissão Nacional Justiça.
“A vida
nunca perde dignidade”, acrescentou.
Antigo
bastonário da Ordem dos Médicos, Gentil Martins lamentou a “confusão que
continua a reinar” neste campo. Segundo a Agência Ecclesia, do episcopado
português, ele ainda criticou a “leviandade” com que se procura legislar sobre
a eutanásia sem um debate aprofundado.
Ao defender que “a vida humana é inviolável”, evocou as indicações da
Associação Médica Mundial no sentido de “manter o juramento hipocrático” de
defesa da vida, independentemente das legislações nacionais.
Também
esteve entre os oradores da manifestação a enfermeira Sara Sepúlveda, que cuida
de doentes em fim de vida. A profissional de saúde ressaltou que as pessoas se
uniram nesta manifestação para “exigir [a garantia de] cuidados paliativos em
todo o país”, informou o site ‘Público’.
“Não se
deixem enganar com a morte digna”, exorou a enfermeira. Segundo ela, “dizem-nos
que [a morte medicamente assistida] é a pedido de quem sofre. A seguir dirão
que também abrange aqueles que não conseguem pedir” em nome do “direito a todos
à eutanásia”.
“Nós
podemos tratar as pessoas, se nos forem para isso dadas as condições que nos
são retiradas todos os dias”, completou.
Também o
psicólogo clínico Abel Santos defendeu o investimento nos cuidados paliativos.
De acordo com ele, a “vida marcada pela doença e o sofrimento merece ainda
maior proteção”.
“Não
podemos admitir que a morte seja uma resposta para a doença e o sofrimento”,
afirmou o especialista, conforme pontua a Agência Ecclesia.
O
psicólogo ainda chamou a atenção para “a presença de dezenas de jovens na
concentração”, o que “mostra que eles estão comprometidos com os nossos idosos
e que não os querem deixar em qualquer serviço de saúde que execute a morte”.
Por sua
vez, também presente na manifestação, o sacerdote Nuno Coelho contou que, em
suas visitas às casas e aos hospitais, quando alguém lhe diz “chega, não quero
mais viver”, responde acrescentando apenas uma palavra: “Não quero mais viver
assim”.
“Assim:
desta forma solitária, desta forma em que ninguém se interessa por nós”,
assinalou o sacerdote, segundo ‘Público’.
Antes da
manifestação, uma delegação do movimento ‘Stop Eutanásia’ se reuniu com a
direção da bancada do PSD no Parlamento. Participaram deste encontro o líder
parlamentar, Fernando Negrão, os deputados Rubina Berardo, António Leitão Amaro
e Margarida Mano.
Ao site
‘Renascença’, Abel Santos, do ‘Stop Eutanásia’, disse que os representantes do
PSD garantiram que, apensar da liberdade de voto dada pelo partido aos seus
deputados, a direção votará contra os projetos de legalização da eutanásia.
“Os deputados
que estiveram conosco estão claramente contra, e vão tentar que, de fato, o
PSD, como partido mais votado da sociedade portuguesa, não tenha uma posição
displicente em relação a uma situação tão radical como esta”, contou.
“Nós
fizemos o nosso trabalho, representamos a sociedade civil, viemos dar o nosso
contributo e representar a voz do povo, e ficou claramente discutido e claro na
reunião que tivemos, que a eutanásia não é solução”, acrescentou Santos a
‘Renascença’.
(acidigital)
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