Na missa matutina, Francisco condenou a intriga como método
utilizado ainda hoje para dividir, seja na Igreja, seja na vida política.
Debora Donnini - Cidade do Vaticano
Na missa celebrada esta
quinta-feira (17/05) na Casa Santa Marta, o Papa Francisco dedicou a sua
homilia ao tema da unidade, inspirando-se na Liturgia da Palavra.
Existem dois tipos de
unidade, comentou o Pontífice. A primeira é a verdadeira unidade de que fala
Jesus no Evangelho, a unidade que Ele tem com o Pai e que quer trazer também a
nós. Trata-se de uma “unidade de salvação”, “que faz a Igreja”, uma unidade que
vai rumo à eternidade. “Quando nós na vida, na Igreja ou na sociedade civil
trabalhamos pela unidade, estamos no caminho que Jesus traçou”, disse
Francisco.
A falsa unidade divide
Porém, há uma “falsa
unidade”, como aquela dos acusadores de São Paulo na Primeira Leitura.
Inicialmente, eles se apresentam como um bloco único para acusá-lo. Mas Paulo,
que era “sagaz”, isto é, tinha uma sabedoria humana e também a sabedoria do
Espírito Santo, lança a “pedra da divisão”, dizendo estar sendo julgado pela
esperança na ressurreição dos mortos”.
Uma parte desta falsa
unidade, de fato, era composta por saduceus, que diziam não existir
“ressurreição nem anjo nem espírito”, enquanto os fariseus professavam esses
conceitos. Paulo então consegue destruir esta falsa unidade porque eclode um
conflito e a assembleia que o acusava se divide.
De povo a massa anônima
Em outras perseguições
sofridas por São Paulo, se vê que o povo grita sem nem mesmo saber o que está
dizendo, e são “os dirigentes” que sugerem o que gritar:
Esta instrumentalização
do povo é também um desprezo pelo povo, porque o transforma em massa. É um
elemento que se repete com frequência, desde os primeiros tempos até hoje.
Pensemos nisso. O Domingo de Ramos é: todos ali aclamam “Bendito o que vem em
nome do Senhor”. Na sexta-feira sucessiva, as mesmas pessoas gritam:
“Crucifiquem-no”. O que aconteceu? Fizeram uma lavagem cerebral e mudaram as
coisas. E transformaram o povo em massa, que destrói.
Intrigar: um método usado também hoje
“Criam-se condições
obscuras” para condenar a pessoa, explicou o Papa, e depois a unidade se
desfaz. Um método com o qual perseguiram Jesus, Paulo, Estevão e todos os
mártires e muito usado ainda hoje. E Francisco citou como exemplo “a vida
civil, a vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado”: “a mídia
começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação
essas pessoas ficam manchadas”. Depois chega a justiça, “as condena e, no
final, se faz um golpe de Estado”. Uma perseguição que se vê também quando as
pessoas no circo gritavam para ver a luta entre os mártires ou os gladiadores.
A fofoca é uma atitude assassina
O elo da corrente para se
chegar a esta condenação é um “ambiente de falsa unidade”, destacou Francisco.
Numa medida mais
restrita, acontece o mesmo também nas nossas comunidades paroquiais, por
exemplo, quando dois ou três começam a criticar o outro. E começam a falar mal
daquele outro… E fazem uma falsa unidade para condená-lo; sentem-se seguros e o
condenam. O condenam mentalmente, como atitude; depois se separam e falam mal
um contra o outro, porque estão divididos. Por isso a fofoca é uma atitude
assassina, porque mata, exclui as pessoas, destrói a “reputação” das pessoas.
Caminhar na estrada da verdadeira unidade
“A intriga” foi usada
contra Jesus para desacreditá-lo e, uma vez desacreditado, eliminá-lo:
Pensemos na grande vocação
à qual fomos chamados: a unidade com Jesus, o Pai. E este caminho devemos
seguir, homens e mulheres que se unem e buscam sempre prosseguir no caminho da
unidade. E não as falsas unidades, que não têm substância, e servem somente
para dar um passo a mais e condenar as pessoas, e levar avante interesses que
não são os nossos: interesses do príncipe deste mundo, que é a destruição. Que
o Senhor nos dê a graça de caminhar sempre na estrada da verdadeira unidade.
(vaticannews)
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