domingo, 30 de junho de 2019

Palavra de Vida – junho 2019



«Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós,
e sereis minhas testemunhas» (At 1, 8).

O livro dos Atos dos Apóstolos, escrito pelo evangelista Lucas, começa com a promessa que Jesus Ressuscitado faz aos Apóstolos, pouco antes de os deixar para regressar definitivamente para junto do Pai: receberão de Deus a força necessária para continuar, na história humana o anúncio e a construção do seu Reino.
Não se trata de instigar qualquer “golpe de estado”, nem de pôr um poder político ou social contra outro, mas sim da ação profunda do Espírito de Deus que, agindo nos corações, cria “homens novos”.
Daí a pouco, sobre os discípulos reunidos com Maria, desceria o Espírito Santo. E eles, partindo da cidade santa de Jerusalém, vão difundir a mensagem de Jesus até “aos confins da Terra”.
«Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós,
e sereis minhas testemunhas».

Os Apóstolos, e com eles todos os discípulos de Jesus, são enviados como “testemunhas”. De facto, cada cristão, quando descobre, através de Jesus, o que significa ser filho de Deus, descobre também que é enviado. A nossa vocação e a nossa identidade de filhos realizam-se na missão, em ir ao encontro dos outros como irmãos. Todos somos chamados a ser apóstolos, a dar testemunho, primeiro com a vida, e depois, se for oportuno, também com a palavra.
Somos testemunhas sempre que fazemos nosso o estilo de vida de Jesus. Isto é, quando diariamente, no ambiente de família, de trabalho, de estudo e de descanso, nos aproximarmos das pessoas que encontramos com espírito de acolhimento e de partilha, e tendo no coração o grande projeto do Pai: a fraternidade universal.
Marilena e Silvano contam-nos: «Quando nos casámos, queríamos ser uma família que englobasse toda a gente. Uma das nossas primeiras experiências aconteceu na época de Natal. Não querendo que as “boas festas” se reduzissem a uma saudação apressada à saída da igreja, tivemos a ideia de ir a casa de cada um dos nossos vizinhos levar uma pequena prenda. Ficaram muito surpreendidos, mas contentes, sobretudo uma família que todos procuravam evitar: abriram o coração, falando-nos das suas dificuldades e do facto de, há muitos anos, ninguém ir à casa deles. A visita durou mais de duas horas. Comoveu-nos ver a alegria daquelas pessoas. Assim, pouco a pouco, com o simples esforço de estarmos abertos a todos, estabelecemos relacionamentos com muitas pessoas. Nem sempre foi fácil, porque, muitas vezes, uma visita imprevista vinha alterar os nossos programas. Mas tínhamos sempre presente que não podíamos perder estas ocasiões para estabelecer relacionamentos fraternos. Um dia ofereceram-nos um bolo e então pensámos partilhá-lo com uma senhora que nos tinha ajudado a arranjar brinquedos para enviar para o Brasil. Ela ficou muito contente e para nós foi uma ocasião para conhecer a sua família. Quando estávamos para sair, disse-nos: quem me dera ter também esta coragem de ir visitar os outros!».
«Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós,
e sereis minhas testemunhas».

Todos nós, cristãos, recebemos o Espírito Santo no nosso batismo, mas Ele fala também através da consciência de todas as pessoas que procuram sinceramente o bem e a verdade. Por isso, todos podemos dar lugar ao Espírito de Deus e deixarmo-nos guiar por Ele.
Como é que O podemos reconhecer e ouvir?
Poderá ajudar-nos este pensamento de Chiara Lubich: «[…] O Espírito Santo habita em nós como no seu templo, Ele ilumina-nos e guia-nos. Ele é o Espírito de Verdade que nos faz compreender as palavras de Jesus, que as torna vivas e atuais, que nos enamora da Sabedoria, nos sugere aquilo que devemos dizer e como dizer. Ele é o Espírito de Amor que nos inflama com o seu próprio amor, tornando-nos capazes de amar a Deus com todo o coração, a alma e as forças, e de amarmos todos os que encontramos no nosso caminho. Ele é o Espírito de Fortaleza que nos dá a coragem e a força de sermos coerentes com o Evangelho e de testemunhar sempre a verdade.

[…] Com e por esse amor de Deus no coração, podemos chegar longe e comunicar a muitíssimas outras pessoas esta nossa descoberta. […] Os “confins da Terra” não são só os geográficos. Na realidade, os confins são também, por exemplo, as pessoas próximas de nós que ainda não tiveram a alegria de conhecer realmente o Evangelho. É a estes que deve chegar o nosso testemunho. […] Por amor a Jesus é-nos pedido que “nos façamos um” com cada um deles, no completo esquecimento de nós próprios, até que o outro, docemente ferido pelo amor de Deus em nós, queira “fazer-se um” connosco, numa recíproca partilha de ajudas, de ideais, de projetos, de afetos. Só nesse momento poderemos comunicar a palavra, e então ela constituirá uma oferta, na reciprocidade do amor» (1).

Letizia Magri

(focolares)

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