“Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas” (Sl 25 [24], 4)
Este salmo apresenta-nos um homem que se sente cercado por perigos e ameaças. Ele precisa de encontrar o caminho certo, que o leve finalmente para fora de perigo. Mas quem o poderá ajudar?
Consciente da sua fragilidade, finalmente levanta o olhar e clama pelo Senhor, pelo Deus de Israel, que nunca abandonou o Seu povo, mas sempre o guiou no longo caminho da travessia do deserto até à Terra Prometida.
A experiência dessa caminhada faz renascer no viandante a esperança. É uma ocasião privilegiada para uma nova intimidade com Deus, para nos podermos abandonar confiadamente no Seu amor fiel, apesar da nossa infidelidade.
Na linguagem bíblica, caminhar com Deus é também uma lição de vida, é aprender a reconhecer o Seu desígnio de salvação.
“Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas”
Muitas vezes, depois de termos percorrido os caminhos da nossa suposta autossuficiência, encontramo-nos desorientados, confusos, mais conscientes dos nossos limites e das nossas faltas. Gostaríamos de encontrar de novo a bússola da vida e, com ela, o percurso até à meta.
Este Salmo ajuda-nos muito. Impele-nos a fazer uma experiência nova ou renovada de encontro pessoal com Deus, de confiança na Sua amizade.
Dá-nos coragem para sermos dóceis aos Seus ensinamentos, que nos convidam constantemente a sair de nós mesmos para O seguir pelo caminho do amor, caminho que Ele próprio percorreu, antes de nós, para vir ao nosso encontro.
Este Salmo pode ser uma oração, para nos acompanhar ao longo do dia e fazer de cada momento, alegre ou doloroso, uma etapa do nosso caminho.
“Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas“
Na Suíça, a Hedy, casada e mãe de quatro filhos, já há muito tempo que procura viver a Palavra. Agora está gravemente doente. Sabe que está quase a atingir a meta do seu caminho aqui na Terra.
A sua grande amiga, Kati, conta-nos: «Sempre que alguém a visita, e até com o pessoal de saúde, a Hedy está sempre atenta aos outros, interessa-se por cada um, mesmo se para ela, agora, se tornou muito difícil falar. Agradece a presença de todos e conta a sua experiência. Ela é apenas Amor, um sim vivo à vontade de Deus! Atrai muitas pessoas: amigos, parentes, sacerdotes. Todos ficam profundamente tocados pela sua atenção para com todas as visitas e pela sua força, fruto da fé no amor de Deus».
Chiara Lubich comparou a vida a uma “santa viagem” (1): «[…] A “santa viagem” é o símbolo do nosso itinerário para chegar até Deus. […] Por que não fazer da única vida que temos uma viagem, uma santa viagem, uma vez que Aquele que nos espera é Santo? […] Mesmo quem não professa um credo religioso pode fazer da sua vida uma obra-prima, empreendendo com retidão um caminho de sincero empenho moral. […] Se a vida é uma “santa viagem”, seguindo o projeto da vontade de Deus, a nossa caminhada requer um progresso contínuo, dia após dia. […] O que acontece quando paramos? […] Devemos abandonar o percurso, desencorajados com os nossos erros? Não, nesses momentos a palavra de ordem é “recomeçar” […] colocando toda a nossa confiança na graça de Deus, mais do que nas nossas capacidades. […] Mas, sobretudo, caminhemos juntos, unidos no amor, ajudando-nos uns aos outros. O Santo estará no meio de nós e tornar-se-á, Ele mesmo, o nosso “Caminho”. Ele nos fará compreender com maior clareza a vontade de Deus e nos dará o desejo e a capacidade de a pôr em prática. Estando unidos, tudo será mais fácil e receberemos a bem-aventurança que foi prometida aos que decidem fazer a “santa viagem”» (2).
Letizia Magri
1) Cf. Sal 84(83),6: “Felizes os que em Ti encontram a sua força, os que trazem no coração os caminhos da santa viagem”. 2) C. Lubich, Palavra de Vida de dezembro de 2006, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 797-799.
Centenário do nascimento de Chiara Lubich
(focolares)
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