"Mestre, que eu veja"
Nos momentos de trevas em nossa vida,
a Palavra de Deus é sempre uma Luz,
que ilumina a nossa caminhada na fé.
Na 1ª Leitura, Jeremias anuncia um sinal de luz
para o povo sofrido, que vivia nas trevas do exílio:
"Coxos e cegos, mulheres grávidas e que deram à luz" retornam à pátria,
guiados por Deus, que cuida deles com cuidados de pai. (Jr 31,7-9)
- É um apelo à esperança e confiança em Deus.
A 2ª Leitura destaca que Jesus é o Sumo Sacerdote,
mediador entre Deus e a Humanidade. (Hb 5,1-6)
No Evangelho, Jesus dá a um cego a luz da visão e da fé. (Mc 10,46-52)
O núcleo central do evangelho de Marcos, que refletimos nesse ano,
é uma caminhada de Jesus para Jerusalém, onde será morto e ressuscitará.
No texto de hoje, temos o último Milagre e última Catequese de Jesus, encerrando sua caminhada para Jerusalém.
Os APÓSTOLOS estavam "cegos" e necessitavam de "Luz"
para ver e entender o caminho da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
- Perto de Jericó, um cego, sentado "à beira da estrada", não desistia de gritar:
"Filho de Davi, tem piedade de mim". ("Filho de Davi": título messiânico)
- CRISTO parou e chamou-o.
- O cego jogou longe o manto e as moedas, e "saltou" ao encontro de Jesus.
- Cristo tomou a iniciativa: "O que você está querendo?"
- "Mestre, que eu veja", respondeu o cego.
- E Jesus afirmou: "Vai, a tua fé te salvou".
- E o cego, duplamente "iluminado" por Cristo,
torna-se um seguidor de Jesus no caminho a Jerusalém.
Esse episódio, mais do que uma crônica,
é uma CATEQUESE BATISMAL:
- Jesus se manifesta, passa pelo caminho do cego...
- O cego não vê, mas percebe a presença do Senhor e acolhe o convite...
- Trava-se o diálogo...
- O cego recebe a visão da fé e se engaja no seguimento de Cristo pela estrada.
+ Quem era o cego Bartimeu?
Um cego, à beira do caminho, marginalizado como tantos ainda hoje...
O encontro aconteceu "ao longo do CAMINHO". ("Caminho": cristianismo)
O cego não estava no caminho, estava à margem da religião e da vida.
No final, também Bartimeu seguiu Jesus "no caminho".
* A Cura de Bartimeu é mais do que a história de um cego...
É o caminho da FÉ, dos que querem VER e SEGUIR Jesus.
+ O que faz o cego?
- Está atento à passagem de Cristo...
- Toma consciência de sua situação e decide sair dela.
- Supera o medo, a vergonha, começa a gritar, pede ajuda:
- Não desanima diante das contrariedades, continua procurando a Luz…
mesmo quando o povo manda que se cale…
- E quando Jesus o chama: dá um pulo, joga o manto para longe e
corre ao encontro daquele que podia restituir a vista.
- Saiu da margem do caminho e se pôs no caminho com o Mestre.
* Joga fora o Manto, em que recolhia as esmolas...
Para o pobre mendigo, o manto era a sua riqueza, a sua casa, o seu abrigo.
- Quais são os obstáculos que impedem tanta gente, que quer enxergar,
de se aproximar mais de Cristo e de sua Igreja?
Talvez as nossas discórdias internas, a falta de unidade dos cristãos,
talvez uma falta de acolhimento, também uma linguagem complicada,
talvez um chamado mais carinhoso?
* Dá um "Salto" ao encontro de Jesus:
É um gesto significativo "pular" para um cego que "não vê"...
Mas Bartimeu entendeu que Cristo podia curá-lo.
Por isso, jogou o manto, deu um "Pulo" e se aproximou de Jesus.
+ Que tipos de pessoas o cego encontra?
- Uns atrapalham: tentam abafar o seu grito... mandam que se cale...
- Outros ajudam, animam: "Coragem, ele TE CHAMA..."
- Jesus ESCUTA o grito sofrido e confiante do cego, PÁRA e LIBERTA:
Da margem, Jesus o coloca no centro do caminho.
Dá a luz da VISÃO e a luz da FÉ.
+ E Nós o que podemos fazer?
1) Descobrir as nossas cegueiras:
Cegos são todos os que "não vêem" no seu coração as coisas importantes,
não reconhecem a presença e o amor de Deus e vivem na escuridão.
- Quais são as nossas cegueiras, que devemos apresentar a Cristo,
para que ele nos cure e nos dê a verdadeira Luz?
2) Perseverar na Oração como Bartimeu.
- Somos pacientes e perseverantes na oração?
3) Seguir Jesus no Caminho:
Na Igreja primitiva, "o Caminho" significava o cristianismo.
Os "seguidores do Caminho" eram os cristãos.
O cego curado seguiu Jesus pelo caminho, tornou-se um "Discípulo".
Para ser "Discípulo" precisa querer VER e decidir CAMINHAR.
Não basta a euforia do primeiro encontro.
Façamos nossa, a oração do cego: "Mestre, que eu veja!…"
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa
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