DOMINGO DE RAMOS
Ramos
Celebramos hoje o DOMINGO DE RAMOS.
A liturgia apresenta dois momentos bem
distintos:
- A ENTRADA
DE JESUS EM JERUSALÉM,
com
a procissão de Ramos... num clima de alegria...
como
GESTO de FÉ e de COMPROMISSO.
- O INÍCIO
DA SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor,
na
missa, relembrando o caminho do sofrimento e da Cruz.
=
Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação.
Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz e recebe a violência...
As Leituras nos ajudam a viver o clima dos
mistérios que celebramos:
A 1ª leitura apresenta um Profeta anônimo, chamado por Deus,
a testemunhar no meio das nações a Palavra
da salvação.
Apesar do sofrimento e da perseguição, o
profeta confiou em Deus e
concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos
de Deus. (Is 50,4-7)
* Os primeiros cristãos viram neste "servo sofredor" a figura de
Jesus.
Ele é a Palavra de Deus feita carne, que
oferece a sua vida
para trazer a salvação aos homens.
A 2ª Leitura é um lindo Hino Cristológico. (Fl 2,6-11)
Cristo é o princípio e o fim de todas as
coisas, exemplo de toda criatura.
Enquanto a desobediência de Adão trouxe
fracasso e morte,
a obediência de Cristo ao Pai trouxe
exaltação e vida.
Ele se despojou de sua condição divina,
assumiu com humildade
a condição humana, para servir, para dar a
vida,
para revelar totalmente aos homens o ser e
o amor do Pai.
Esse caminho não levará ao fracasso, mas à
glória, à vida plena.
E é esse mesmo caminho de vida, que a
Palavra de Deus nos propõe.
O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus,
segundo São Mateus. (Mt 26,14-27,66)
O texto nos introduz no clima espiritual da
Semana Santa.
Não é apenas o relato dos fatos acontecidos
com Jesus,
mas o anúncio de um mundo novo de justiça,
de paz e de amor:
- Jesus passou pelos caminhos da Palestina
"fazendo o bem" e anunciando
um
mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos.
- Ensinou que Deus era amor e que não
excluía ninguém, nem os pecadores.
- Ensinou que os leprosos, os paralíticos,
os cegos,
não
deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus.
- Ensinou que eram os pobres e os excluídos
os preferidos de Deus e
aqueles
que tinham um coração mais disponível para acolher o "Reino";
- E avisou os "ricos" (os
poderosos, os instalados), de que o egoísmo,
o
orgulho, a auto-suficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
è Esse projeto libertador de Jesus
entrou em choque
com
a atmosfera de egoísmo e de opressão que dominava o mundo.
- As autoridades políticas e religiosas
sentiram-se incomodadas
com
a denúncia de Jesus:
não
estavam dispostas a renunciar aos mecanismos
que
lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios.
- Não estavam dispostas a arriscar, a
desinstalar-se e
a
aceitar a conversão proposta por Jesus.
- Por isso, prenderam e condenaram Jesus,
pregando-o numa cruz.
A morte de Jesus é a conseqüência do anúncio do "Reino",
que
provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo.
A
morte de Jesus é o ponto mais alto de sua vida;
é a
afirmação mais radical de tudo aquilo que pregou: o dom total.
Aprofundemos alguns dados que são
exclusivos
da PAIXÃO
SEGUNDO SÃO MATEUS:
- Mateus relaciona os fatos da Paixão como Cumprimento das Escrituras:
Mateus escreve para cristãos, provenientes
do judaísmo...
por isso, quer demonstrar que Jesus é o
Messias anunciado pelos profetas.
- No Getsêmani, Jesus condena a violência contra o servo do sacerdote...
O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom
da vida.
Por isso, os discípulos não podem recorrer
à violência.
- Só no Evangelho segundo Mateus aparece o
relato da Morte de Judas.
O episódio deixa clara a falsidade do
processo e a inocência de Jesus.
Mateus sublinha o desespero e o
arrependimento de Judas, e
deixa clara a inocência de Jesus.
- Só Mateus fala do sonho da mulher de Pilatos e da lavagem das mãos.
Quer deixar claro que os pagãos reconhecem
a inocência de Jesus e
o próprio povo o rejeita.
- Só Mateus descreve os fatos
que acompanharam a morte de Jesus:
"O
véu do Templo rasgou-se em duas partes... a terra tremeu e as rochas
fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos, que tinham morrido saíram
do sepulcro, entraram na cidade e apareceram a muitos".
Para Mateus, são sinais de que Deus está
ali como o salvador e libertador
do seu Povo, apesar do aparente fracasso de
Jesus,
- Finalmente, só Mateus narra o episódio da
"guarda"
do sepulcro.
Para os cristãos, o sepulcro vazio era a
evidência de que Jesus tinha ressuscitado.
Os Ramos verdes, que hoje carregamos, recordam
a saudação
de acolhida do Povo a Jesus, ao entrar em Jerusalém.
Nós
também queremos saudar a vida que ele trouxe e
a
misericórdia que encontramos em seu bondoso coração.
Pe. Antônio Geraldo Dalla
Costa - 13.04.2014
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