quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Deixem-nos "respirar" livremente!



Ontem fui ao cinema, com uma amiga e colega. Filme português, muito condensado de problemas sociais envolvendo o assunto central: uma mulher na casa dos 70 anos que acaba de ficar viúva e, por conseguinte, só.
Ainda no velório, genro e filha traçam o " projecto de vida" para a viúva - Rosa, a protagonista - que é: vender-lhe a casa e encontrar um confortável asilo... onde ficará bem tratada e guardada. 

Rosa é uma mulher culta, dedicava muito do seu tempo à leitura, cozinhava bons pitéus, comunicativa, bom trato com os outros, humor e certa rebeldia  no olhar e nas coisas que dizia e fazia...
Passou algum tempo e quando Rosa foi confrontada com a pretensão do casal, reagiu com muita coragem e determinação. Perder a sua liberdade? Isso é que não! Ela que em tempos lutara ao lado do marido contra o fascismo, fora presa pela PIDE por querer ser livre e agora a filha e o genro pretendem "acabar" com ela!?  

Quis o acaso que se deparou com um jovem abandonado pela mãe , escorraçado pelo pai alcóolico; fazia parte de um grupo de drogados e afins os quais se comunicavam através de murros e de uma linguagem de perder a respiração. É a triste realidade. Acolheu-o na sua casa com naturalidade, correndo todos os riscos óbvios, que vieram a acontecer, mas que ela soube contornar. Acreditou nele, ofereceu o seu carinho, a sua dignidade, a sua verdade, promoveu-o através da leitura...

Foram a companhia que cada um precisava. Encontro de gerações: ela com 73, o moço com 17 anos. 

Uma experiência que em Portugal está a dar bons resultados: estudantes que se alojam em casa de um idoso/a a troco de quarto geralmente recheado de muito carinho, cumprindo algumas tarefas previstas no "acordo", nomeadamente: fazer companhia, comprar os medicamentos, alimentos, levar a passear, ou outros afazeres...
Ainda bem que estão a acontecer alternativas para nos manterem no nosso ninho, porque os velhos isolados, não ficam "dementes" de uma hora para a outra e não são propriedade dos filhos que os querem "despachar" com o falso argumento de só querem cuidar deles ...

Deixem-nos "respirar" livremente! Deixem-nos fazer graça, disparates, o que nos apetecer!

BOM DIA PARA TI


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