quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Prós e contras "açoreano"


(A propósito deste programa realizado segunda-feira na cidade de Ponta Delgada, transcrevo um artigo do meu tio Ermelindo Ávila, postado no seu blog e intitulado "Filhos e Enteados?")



domingo, 23 de novembro de 2014

NOTAS DO MEU CANTINHO


Somos tratados por enteados a quem o padrasto dá uma sopa mal cozinhada. Não, isso não é a realidade, mas assim parece.
O governo esteve em visita de desobriga na ilha do Pico. Numa parte da ilha do Pico. Visitou obras e departamentos regionais. Todavia, parece ter ignorado que o Pico é constituído por três concelhos, dado que deixou de visitar “oficialmente” um deles. Afinal, o mais esquecido e abandonado, mas que existiu antes dos outros e onde não faltam problemas para resolver. Verdade que um ou outro membro do Governo saltou, aqui e ali, a espreitar casos pontuais, mas somente.
Julgo que não é esse o espírito da Lei que assim reza: “O Governo Regional visita cada uma das ilhas da Região pelo menos uma vez por ano”. (nº l do Artº 87º do Estatuto da Região Autónoma). Mas ao referir cada uma das ilhas, pelo menos uma vez por ano, deduz-se, facilmente, que foi intenção do legislador impor que o Governo visitasse todos os concelhos da Ilha, e consequentemente da Região, que não somente um ou dois em cada ano. Demais, quando foi estudada por diversas comissões a organização administrativa dos Açores, esteve sempre presente o concelho, como instituto independente, considerando-se a ilha uma parcela autónoma da Região. Não se previa um governo único sedeado numa das ilhas, como veio a acontecer. E foi daí que nasceu a obrigatoriedade da visita anual.
Assim, e tal como se vem praticando, só de longe em longe se resolvem os assuntos de toda a ilha, o que, julga-se, não estava no entendimento dos legisladores. Mas, e como diz o ditado popular: mudam-se os ventos, mudam-se os pensamentos...
Há tempos passados, um temporal com chuvas violentas, atingiu a zona de Santa Cruz das Ribeiras, danificando a estrada e o ramal de acesso ao porto. Depois de muitos meses de espera, a estrada acabou por ser reparada e aberto ao trânsito. O mesmo não sucedeu ao Ramal que, aliás, pertence à mesma entidade administrativa. O trânsito continua vedado às camionetas da carreira urbana que, para irem ao centro de Santa Cruz, tem de utilizar o ramal de acesso a Santa Bárbara e o caminho municipal de Santa Bárbara a Santa Cruz. Não se compreende porque não foram incluídas, no projecto de restauro, os dois troços danificados.
Aqui há anos, não muitos, foi construído um paredão que fechou a “Carreira” e evitou que o mar galgasse mais frequentemente a vila. Uma obra que todos aplaudiram. Dessa construção resultou uma pequena enseada que, tornando-se abrigada, permite à navegação por ali passar com certa segurança. E refiro “certa segurança” porque não se fez então a limpeza do fundo, passando a sinalizar-se depois os “cabeços” encobertos para evitar que provoquem qualquer naufrágio. Na altura da construção do molhe de defesa teria sido fácil eliminar esses obstáculos sem grandes agravamentos de verbas.
Não precisa ser-se técnico para perceber que o “pátio” do caneiro (denominemo-lo assim), poderia servir de cais de embarque, se tivesse sido concluída a escada que nele ficou esboçada pelo lado Oeste, quando construído.
A nova “lagoa” que resultou da construção do paredão de defesa poderia – devia – ser preparada para receber a navegação de recreio – marina – desimpedindo a lagoa interior que ficaria somente para os barcos de pesca, que são ainda alguns.
E, aqui, apetece deixar a pergunta: Quando é construída a nova “pesqueira” ou lota para substituir aquela que foi destruída quando da construção da rampa interior?
Ou será que o “monopólio” do pescado é para manter à distância e “ad aeternum” ?
Não será por estas e por outras atitudes ininteligíveis que o Sul e a sede do respectivo concelho se vão despovoando, talvez com gáudio de outros?...
Quando o “mundo” era diferente, não se estranhavam situações similares. Mas nos tempos actuais, em que se espalha aos quatro ventos que tudo será resolvido se o povo soberano (?) quiser, é estranho que o abandono dos sítios degradados continuem esquecidos ou ignorados.
Seja como for, porque todos somos contribuintes, todos temos iguais direitos; e governar não é distribuir benesses, mas repartir o bem com justeza, equilíbrio e atempadamente, para que o povo acredite e possa fazer justiça nos momentos próprios.


Vila das Lajes do Pico,
12-XI-2014
Ermelindo Ávila



P.S. Já depois de escrita esta crónica foi anunciado o início das obras no Ramal de Sta Cruz.



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