NATAL DE 2014
Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2014
Queridos irmãos e irmãs, bom Natal!
Jesus, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, nasceu
para nós. Nasceu em Belém de uma virgem, dando cumprimento às profecias
antigas. A virgem chama-se Maria; o seu esposo, José.
São as pessoas humildes, cheias de esperança na
bondade de Deus, que acolhem Jesus e O reconhecem. Assim o Espírito Santo
iluminou os pastores de Belém, que acorreram à gruta e adoraram o Menino. E
mais tarde o Espírito guiou até ao templo de Jerusalém Simeão e Ana, humildes
anciãos, e eles reconheceram em Jesus o Messias. «Meus olhos viram a salvação –
exclama Simeão – que ofereceste a todos os povos» (Lc 2, 30-31).
Sim, irmãos, Jesus é a salvação para cada pessoa e
para cada povo!
A Ele, Salvador do mundo, peço hoje que olhe para os
nossos irmãos e irmãs do Iraque e da Síria que há tanto tempo sofrem os efeitos
do conflito em curso e, juntamente com os membros de outros grupos étnicos e
religiosos, padecem uma perseguição brutal. Que o Natal lhes dê esperança, como
aos inúmeros desalojados, deslocados e refugiados, crianças, adultos e idosos,
da Região e do mundo inteiro; mude a indiferença em proximidade e a rejeição em
acolhimento, para que todos aqueles que agora estão na provação possam receber
a ajuda humanitária necessária para sobreviver à rigidez do inverno, retornar
aos seus países e viver com dignidade. Que o Senhor abra os corações à
confiança e dê a sua paz a todo o Médio Oriente, a começar pela Terra abençoada
do seu nascimento, sustentando os esforços daqueles que estão activamente empenhados
no diálogo entre Israelitas e Palestinianos.
Jesus, Salvador do mundo, olhe para quantos sofrem na
Ucrânia e conceda àquela amada terra a graça de superar as tensões, vencer o
ódio e a violência e embocar um caminho novo de fraternidade e reconciliação.
Cristo Salvador dê paz à Nigéria, onde – mesmo nestas
horas – mais sangue foi derramado e muitas pessoas se encontram injustamente
subtraídas aos seus entes queridos e mantidas reféns ou massacradas. Invoco paz
também para outras partes do continente africano. Penso de modo particular na
Líbia, no Sudão do Sul, na República Centro-Africana e nas várias regiões da
República Democrática do Congo; e peço a quantos têm responsabilidades
políticas que se empenhem, através do diálogo, a superar os contrastes e
construir uma convivência fraterna duradoura.
Jesus salve as inúmeras crianças vítimas de violência,
feitas objecto de comércio ilícito e tráfico de pessoas, ou forçadas a
tornar-se soldados; crianças, tantas crianças vítimas de abuso. Dê conforto às
famílias das crianças que, na semana passada, foram assassinadas no Paquistão.
Acompanhe todos os que sofrem pelas doenças, especialmente as vítimas da
epidemia de ébola, sobretudo na Libéria, Serra Leoa e Guiné. Ao mesmo tempo que
do íntimo do coração agradeço àqueles que estão trabalhando corajosamente para
assistir os doentes e os seus familiares, renovo um premente apelo a que sejam
garantidas a assistência e as terapias necessárias.
Jesus Menino. Penso em todas as crianças assassinadas
e maltratadas hoje, seja naquelas que o são antes de ver a luz, privadas do
amor generoso dos seus pais e sepultadas no egoísmo duma cultura que não ama a
vida; seja nas crianças desalojadas devido às guerras e perseguições, abusadas
e exploradas sob os nossos olhos e o nosso silêncio cúmplice; seja ainda nas
crianças massacradas nos bombardeamentos, inclusive onde o Filho de Deus
nasceu. Ainda hoje o seu silêncio impotente grita sob a espada de tantos
Herodes. Sobre o seu sangue, estende-se hoje a sombra dos Herodes do nosso
tempo. Verdadeiramente há tantas lágrimas neste Natal que se juntam às lágrimas
de Jesus Menino!
Queridos irmãos e irmãs, que hoje o Espírito Santo
ilumine os nossos corações, para podermos reconhecer no Menino Jesus, nascido
em Belém da Virgem Maria, a salvação oferecida por Deus a cada um de nós, a
todo o ser humano e a todos os povos da terra. Que o poder de Cristo, que é
libertação e serviço, se faça sentir a tantos corações que sofrem guerras,
perseguições, escravidão. Que este poder divino tire, com a sua mansidão, a
dureza dos corações de tantos homens e mulheres imersos no mundanismo e na
indiferença, na globalização da indiferença. Que a sua força redentora
transforme as armas em arados, a destruição em criatividade, o ódio em amor e
ternura. Assim poderemos dizer com alegria: «Os nossos olhos viram a vossa
salvação».
Com estes pensamentos, a todos bom Natal!
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