XXVII
DOMINGO DO TEMPO COMUM
A Vinha do Senhor...
A
Liturgia continua a imagem da VINHA,
que
representa Israel, o povo eleito,
precursor
da Igreja, o novo Povo de Deus
que
deve produzir frutos para Deus.
Na
1ª
Leitura, Isaías, com o "Cântico da Vinha",
narra
a História do amor de Deus e a infidelidade do seu Povo. (Is 5,1-7)
É
um lindo poema composto pelo profeta,
talvez
a partir de uma canção de vindima.
Através
do profeta (o trovador), Deus (o Amigo) julga seu povo (a vinha), descrevendo o
amor de Deus e a resposta do Povo.
-
Um agricultor escolheu o terreno mais adequado,
escolheu cepas da melhor qualidade, tomou
todos os cuidados necessários.
-
O sonho dele era a colheita dos FRUTOS do seu trabalho...
-
Mas a decepção foi grande: só deu uvas azedas...
"Que mais poderia eu ter feito por minha vinha e não fiz?"
-
Reação: Seu amor se transforma em ódio: derruba o muro de proteção,
permite que os transeuntes a pisem livremente
e que o inço tome conta...
*
Os Frutos, que o Senhor esperava, eram "o direito e a justiça",
respeito pelos Mandamentos e fidelidade à
Aliança.
Ao invés, viu "sangue derramado" e
"gritos de horror":
infidelidade, injustiça, corrupção,
violência...
Muitas manifestações religiosas solenes, sem
uma verdadeira adesão a Deus.
Daí o castigo de Deus: a invasão dos assírios
e depois dos babilônios,
que destruíram a vinha e deportaram os
israelitas como escravos.
*
Hoje há ainda "sangue derramado" e Gritos de horror"?
Na 2ª Leitura, Paulo fala dos frutos
que Deus
espera da sua "Vinha". (Fl 4,6-9)
Apresenta
aos cristãos de Filipos algumas obrigações
que resultam
do seu compromisso com Cristo e com o Evangelho.
Recomenda
seis “qualidades” que eles devem cultivar com alegria:
a verdade, a
justiça, a honradez, a amabilidade, a tolerância, a integridade…
No
Evangelho, Jesus retoma e
desenvolve o poema da VINHA. (Mt 21,33-43)
-
Um Senhor planta uma vinha com todo o cuidado e tecnologia necessária
e a confia a uns vinhateiros, conhecedores da
profissão.
-
Chega o tempo da vindima, manda mensageiros para buscar a colheita.
E vem a surpresa. Não entregam os frutos e
maltratam os enviados...
Não respeitam nem o próprio filho do dono.
Chegam a matá-lo.
-
A "Vinha" não será destruída, mas os trabalhadores serão
substituídos...
*
A parábola é uma releitura da História da Salvação:
ilustra a recusa de ISRAEL ao projeto de
salvação de Deus.
-
A Vinha
é o Povo de Deus (Israel).
-
O Dono
é Deus, que manifestou muito amor pela sua vinha.
-
Os vinhateiros
são os líderes do povo judeu...
-
Os enviados
são os profetas... o próprio Cristo "morto fora da vinha".
-
Resultado:
A "vinha" será retirada e confiada a outros trabalhadores,
que ofereçam ao "Senhor" os frutos
devidos e acolham o "Filho" enviado.
-
Reação
do Povo: tentam prender Jesus,
pois percebem que a Parábola se refere a
eles...
+
Quem
são esses "outros", aos quais é entregue a Vinha?
Somos
todos nós, membros do novo Povo de Deus, a Igreja,
que
tem a missão de produzir seus frutos,
para
não frustrar as esperanças do Senhor na hora da colheita.
-
Que tipo de frutos está faltando?
Os
homens do tempo de Isaías e também de Jesus eram muito piedosos,
zelosos
nas práticas religiosas, no respeito do sábado...
Mas
não foi da falta disso que Deus se queixou...
-
Isaías resume a queixa de Deus nas palavras do dono da vinha:
"Esperei deles justiça, e houve sangue derramado;
esperei retidão de conduta e o que ouço são os gritos de socorro
de gente que foi explorada e maltratada..."
*
Será que isso acontecia só no passado? E hoje?
Não há
grupos religiosos, aparentemente vigorosos
(árvores
cheias de folhas), desprovidos de frutos
(sem
compromisso com a justiça, com a paz, a fraternidade)?
Não
podemos reduzir tudo a apenas umas práticas religiosas?
- Quais são
os frutos que produzimos hoje em nossas comunidades ?
Ainda
hoje devemos testemunhar diante do mundo,
em
gestos de amor, de acolhimento, de compreensão, de misericórdia,
de
partilha, de serviço, a realidade do Reino, que Jesus veio propor.
+ Os guardas da vinha quiseram até
se transformar em "Donos"...
* Esse perigo pode estar presente ainda hoje
em nossas comunidades.
O que pensar
a respeito dos responsáveis pelas nossas comunidade,
que impõem
em nome de Deus o que se passa na própria cabeça,
não dão
ouvidos a ninguém e não se preocupam em saber
qual é a vontade
do único e legítimo senhor da Vinha?
Não
somos "donos", mas apenas administradores...
+
Deus nunca desiste de sua obra de amor e salvação!
Uma Verdade consoladora, mas também um Alerta:
Diante do fracasso com alguns... Deus não
desiste...
Mas Ele recomeça com outros...
- Será que Deus está satisfeito dos frutos
que estamos produzindo?
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 08.10.2017
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