É preciso deixar-se consolar pelo Senhor
Missa Santa Marta
Cidade do Vaticano –
O Papa iniciou a segunda-feira (11/12) presidindo a missa na capela de sua
residência, a Casa Santa Marta.
Em sua homilia,
Francisco comentou a primeira leitura, extraída do Profeta Isaías (Is 35,1-10),
na qual o Senhor promete ao seu povo a consolação. “O Senhor veio para nos
consolar”, afirmou o Papa, acrescentando que “muitas vezes a consolação
do Senhor nos parece uma maravilha”.
“Mas não
é fácil deixar-se consolar; é mais fácil consolar os outros do que deixar-se
consolar. Porque, muitas vezes, nós ficamos presos ao negativo, ficamos presos
à ferida do pecado dentro de nós e, muitas vezes, há a preferência por
permanecer ali, sozinho, ou seja, na cama, como aquele do Evangelho, isolado,
ali, e não levantar-se. “Levante-se” é a palavra de Jesus, sempre:
‘Levante-se”.
O problema é que no
“negativo somos donos” , porque temos dentro a ferida do pecado, enquanto “no
positivo somos mendicantes” e não gostamos de mendigar a consolação.
Francisco usou dois exemplos: quando se
prefere “o rancor” e “cozinhamos os nossos sentimentos” na canja do
ressentimento, quando há um coração amargo”, quando o nosso tesouro é a nossa
amargura. Ele citou o paralítico da piscina de Siloé: 38 anos com a sua
amargura dizendo que quando as águas se mexiam ninguém o ajudava. “Para esses
corações amargos, é mais belo o amargo do que o doce”, muitas pessoas preferem
isso: “raiz amarga”, “que nos leva com a memória ao pecado original. E este é
justamente um modo para não deixar-se consolar.
E depois a amargura “sempre nos leva a
expressões de lamentação”: os homens que se lamentam diante de Deus ao invés de
louvá-lo: lamentações como música que acompanha a vida.
O Papa cita o Profeta Jonas, “prêmio Nobel
das lamentações” , que fugiu de Deus porque se queixava que o Senhor lhe faria
algo, mas acabou afogando e engolido pelo peixe e, depois, voltou para a
missão. E ao invés de alegrar-se pela conversão das pessoas, se lamentava
porque Deus as salvava. “Também nas lamentações há coisas contraditórias”,
evidenciou o Pontífice, contando que conheceu um bom sacerdote que, porém, se
lamentava de tudo: “tinha a qualidade de encontrar a mosca no leite” ou o pelo
no ovo, como diríamos em português:
“Era um
bom sacerdote, no confessionário diziam que era muito misericordioso, era idoso
e os seus companheiros de presbitério imaginavam como seria a sua morte e sua
chegada ao céu: ‘A primeira coisa que diria a São Pedro, ao invés de saudá-lo,
seria: ‘Onde está o inferno?’, sempre o negativo. E São Pedro lhe mostraria o
inferno. E depois…: ‘Mas quantos condenados existem? - ‘Somente um’- ‘Ah, que
desastre a redenção…”. Sempre... isso acontece. E diante da amargura, do
rancor, das lamentações, a palavra da Igreja de hoje é “coragem”, “coragem””.
Isaías convida à
coragem, porque Deus ‘vem te salvar’, recorda. Em seguida, o Papa dirige seu
pensamento ao Evangelho do dia: quando algumas pessoas vão ao teto porque havia
muita gente e descem o paralítico para colocá-lo diante de Jesus. Não tinham
pensado que ali estavam os escribas ou outros, queriam somente a cura daquele
homem.
A mensagem da Liturgia de hoje – conclui o
Papa – é o de se deixar consolar pelo Senhor.
“E não é
fácil porque para deixar-se consolar pelo Senhor é preciso despojar-se de
nossos egoísmos, daquelas coisas que são o próprio tesouro, como as amarguras,
as reclamações, tantas coisas. Faria bem hoje se cada um de nós fizesse um
exame de consciência: como está o meu coração? Tem amarguras? Alguma tristeza?
Como vai a minha linguagem? É de louvor a Deus, de beleza, ou sempre de
lamentações? E depois, pedir ao Senhor a graça da coragem - porque na coragem
Ele vem nos consolar – e pedir-Lhe: Senhor: venha nos consolar”.
(radiovaticana)
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