Mensagem
do Papa
para
o Dia Mundial do Enfermo
Cidade
do Vaticnao (RV) - Foi publicada, nesta segunda-feira (12/12), a mensagem do
Papa Francisco para o 26º Dia Mundial do Enfermo que será celebrado em 11 de
fevereiro de 2018, dia em que a Igreja recorda Nossa Senhora de Lourdes.
O Santo Padre
escolheu como tema da mensagem as palavras de Jesus, elevado na cruz, que se
dirige à sua mãe e a João, dizendo: «“Eis o seu filho! (…) Eis a sua mãe!” E,
desde aquela hora, o discípulo a recebeu em sua casa» (Jo 19, 26-27).
"Queridos
irmãos e irmãs!
O serviço
da Igreja aos doentes e aos cuidam deles deve continuar, com vigor sempre
renovado, por fidelidade ao mandato do Senhor (cf. Lc 9, 2-6, Mt 10, 1-8; Mc 6,
7-13) e seguindo o exemplo muito eloquente do seu Fundador e Mestre.
Este ano,
o tema do Dia do Enfermo é tomado das palavras que Jesus, do alto da cruz,
dirige a Maria, sua mãe, e a João: «“Eis o seu filho! (…) Eis a sua mãe!” E,
desde aquela hora, o discípulo acolheu-A como sua» (Jo 19, 26-27).
1.
Estas palavras do Senhor iluminam profundamente o mistério da Cruz. Esta não
representa uma tragédia sem esperança, mas o lugar onde Jesus mostra a sua
glória e deixa amorosamente as suas últimas vontades, que se tornam regras
constitutivas da comunidade cristã e da vida de cada discípulo.
Em primeiro lugar, as palavras de Jesus dão origem à vocação materna de Maria em relação a toda a humanidade. Será, de uma forma particular, a mãe dos discípulos do seu Filho e cuidará deles e do seu caminho. E, como sabemos, o cuidado materno dum filho ou duma filha engloba tanto os aspectos materiais como os espirituais da sua educação.
Em primeiro lugar, as palavras de Jesus dão origem à vocação materna de Maria em relação a toda a humanidade. Será, de uma forma particular, a mãe dos discípulos do seu Filho e cuidará deles e do seu caminho. E, como sabemos, o cuidado materno dum filho ou duma filha engloba tanto os aspectos materiais como os espirituais da sua educação.
O
sofrimento indescritível da cruz trespassa a alma de Maria (cf. Lc 2, 35), mas
não a paralisa. Pelo contrário, lá começa para Ela um novo caminho de doação,
como Mãe do Senhor. Na cruz, Jesus preocupa-Se com a Igreja e toda a
humanidade, e Maria é chamada a partilhar esta mesma preocupação. Os Atos dos
Apóstolos, ao descrever a grande efusão do Espírito Santo no Pentecostes,
mostram-nos que Maria começou a desempenhar a sua tarefa na primeira comunidade
da Igreja. Uma tarefa que não mais terá fim.
2. O
discípulo João, o amado, representa a Igreja, povo messiânico. Ele deve
reconhecer Maria como sua própria mãe. E, neste reconhecimento, é chamado a
recebê-La, contemplar n’Ela o modelo do discipulado e também a vocação materna
que Jesus Lhe confiou incluindo as preocupações e os projetos que isso implica:
a Mãe que ama e gera filhos capazes de amar segundo o mandamento de Jesus. Por
isso a vocação materna de Maria, a vocação de cuidar dos seus filhos, passa
para João e toda a Igreja. Toda a comunidade dos discípulos fica envolvida na
vocação materna de Maria.
3. João,
como discípulo que partilhou tudo com Jesus, sabe que o Mestre quer conduzir
todos os homens ao encontro do Pai. Pode testemunhar que Jesus encontrou muitas
pessoas doentes no espírito, porque cheias de orgulho (cf. Jo 8, 31-39), e
doentes no corpo (cf. Jo 5, 6). A todos, concedeu misericórdia e perdão e, aos
doentes, também a cura física, sinal da vida abundante do Reino, onde se
enxugam todas as lágrimas. Como Maria, os discípulos são chamados a cuidar uns
dos outros; mas não só: eles sabem que o Coração de Jesus está aberto a todos,
sem exclusão. A todos deve ser anunciado o Evangelho do Reino, e a caridade dos
cristãos deve estender-se a todos quantos passam necessidade, simplesmente
porque são pessoas, filhos de Deus.
4. Esta
vocação materna da Igreja para com as pessoas necessitadas e os doentes
concretizou-se, ao longo da sua história bimilenária, numa série riquíssima de
iniciativas a favor dos enfermos. Esta história de dedicação não deve ser
esquecida. Continua ainda hoje, em todo o mundo. Nos países onde existem
sistemas de saúde pública suficientes, o trabalho das congregações católicas,
das dioceses e dos seus hospitais, além de fornecer cuidados médicos de
qualidade, procura colocar a pessoa humana no centro do processo terapêutico e
desenvolve a pesquisa científica no respeito da vida e dos valores morais
cristãos. Nos países onde os sistemas de saúde são insuficientes ou
inexistentes, a Igreja esforça-se por oferecer às pessoas o máximo possível de
cuidados da saúde, por eliminar a mortalidade infantil e debelar algumas
pandemias. Em todo o lado, ela procura cuidar, mesmo quando não é capaz de
curar. A imagem da Igreja como «hospital de campanha», acolhedora de todos os
que são feridos pela vida, é uma realidade muito concreta, porque, nalgumas
partes do mundo, os hospitais dos missionários e das dioceses são os únicos que
fornecem os cuidados necessários à população.
5. A
memória da longa história de serviço aos doentes é motivo de alegria para a
comunidade cristã e, de modo particular, para aqueles que atualmente
desempenham esse serviço. Mas é preciso olhar o passado sobretudo para com ele
nos enriquecermos. Dele devemos aprender: a generosidade até ao sacrifício
total de muitos fundadores de institutos ao serviço dos enfermos; a
criatividade, sugerida pela caridade, de muitas iniciativas empreendidas ao
longo dos séculos; o empenho na pesquisa científica, para oferecer aos doentes
cuidados inovadores e fiáveis. Esta herança do passado ajuda a projetar bem o
futuro. Por exemplo, a preservar os hospitais católicos do risco duma
mentalidade empresarial, que em todo o mundo quer colocar o tratamento da saúde
no contexto do mercado, acabando por descartar os pobres. Ao contrário, a
inteligência organizativa e a caridade exigem que a pessoa do doente seja
respeitada na sua dignidade e sempre colocada no centro do processo de
tratamento. Estas orientações devem ser assumidas também pelos cristãos que
trabalham nas estruturas públicas, onde são chamados a dar, através do seu
serviço, bom testemunho do Evangelho.
6. Jesus
deixou, como dom à Igreja, o seu poder de curar: «Estes sinais acompanharão
aqueles que acreditarem: (...) hão de impor as mãos aos doentes e eles ficarão
curados» (Mc 16, 17.18). Nos Atos dos Apóstolos, lemos a descrição das curas
realizadas por Pedro (cf. At 3, 4-8) e por Paulo (cf. At 14, 8-11). Ao dom de
Jesus corresponde o dever da Igreja, bem ciente de que deve pousar, sobre os
doentes, o mesmo olhar rico de ternura e compaixão do seu Senhor. A pastoral da
saúde permanece e sempre permanecerá um dever necessário e essencial, que se há
de viver com um ímpeto renovado começando pelas comunidades paroquiais até aos
centros de tratamento de excelência. Não podemos esquecer aqui a ternura e a
perseverança com que muitas famílias acompanham os seus filhos, pais e
parentes, doentes crónicos ou gravemente incapacitados. Os cuidados prestados
em família são um testemunho extraordinário de amor pela pessoa humana e devem
ser apoiados com o reconhecimento devido e políticas adequadas. Portanto,
médicos e enfermeiros, sacerdotes, consagrados e voluntários, familiares e
todos aqueles que se empenham no cuidado dos doentes, participam nesta missão
eclesial. É uma responsabilidade compartilhada, que enriquece o valor do
serviço diário de cada um.
7. A
Maria, Mãe da ternura, queremos confiar todos os doentes no corpo e no
espírito, para que os sustente na esperança. A Ela pedimos também que nos ajude
a ser acolhedores para com os irmãos enfermos. A Igreja sabe que precisa duma
graça especial para conseguir fazer frente ao seu serviço evangélico de cuidar
dos doentes. Por isso, unamo-nos todos numa súplica insistente elevada à Mãe do
Senhor, para que cada membro da Igreja viva com amor a vocação ao serviço da
vida e da saúde. A Virgem Maria interceda por este XXVI Dia Mundial do Doente,
ajude as pessoas doentes a viverem o seu sofrimento em comunhão com o Senhor Jesus,
e ampare aqueles que cuidam delas. A todos, doentes, agentes de saúde e
voluntários, concedo de coração a Bênção Apostólica".
Vaticano,
26 de novembro – Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo – de
2017
Franciscus
(radiovaticana)
Sem comentários:
Enviar um comentário