Hoje, 16 de julho, é a festa litúrgica de Nossa Senhora do
Carmo. Uma antiga devoção que remonta aos profetas da Bíblia. Grandes
comemorações em Roma e em várias cidades da Itália.
Cidade do Vaticano
O culto mariano, caso
único entre os cultos dos santos, tem suas raízes nove séculos antes do
nascimento de Maria. O primeiro profeta de Israel, Elias, morando no Monte
Carmelo teve a visão da vinda da Bem-Aventurada Virgem. Viu que ela se elevava
em uma pequena nuvem, trazendo uma chuva providencial que salvaria Israel de
uma grande seca. É um dos cultos mais antigos da Roma cristã, assim como a
Ordem Carmelita que está ligada ao que foi escrito na Bíblia, quando se conta
que Elias recebeu a profecia do Mistério da Virgem e Mãe sobre o nascimento do
Filho de Deus. Já no primeiro século, os eremitas que se retiraram no Monte
construíram uma capelinha dedicada à Nossa Senhora. “Tradicionalmente os
carmelitas estão ligados à Nossa Senhora – explica padre Agostino Farcas,
pároco da Igreja de Santa Maria do Carmo no bairro Mostacciano de Roma – mas
também a Elias, ou seja à capacidade como a do profeta de ouvir a Deus”.
“ O Senhor disse-lhe:
‘Sai e permanece sobre o monte diante do Senhor’. Então o Senhor passou. Antes
do Senhor, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e
quebrava os rochedos, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve
um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio
um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se o murmúrio
de uma leve brisa ”
A iconografia popular
Segundo a iconografia
popular, Nossa Senhora do Carmo não leva Jesus no colo, mas estende os braços
oferecendo o escapulário. A imagem refere-se à aparição de Nossa Senhora em 16
de julho de 1251 ao carmelita São Simão Stok, entregando-lheu um escapulário e
revelando-lhe os privilégios ligados ao culto.
“Não é um amuleto ou um
talismã – prossegue padre Agostino – mas um sinal de salvação. Significa estar
cobertos pela sua graça, pelos seus dons. Se hoje dizemos ‘quero o
escapulário’, acreditamos receber este sinal de salvação que nos leva às
virtudes de Maria, nos ajuda a tentar viver como ela”.
As Confrarias intituladas
a Nossa Senhora do Carmo
Com o tempo as Confrarias
intituladas a Nossa Senhora do Carmo e a favor de alguns papas que lhe
concederam privilégios espirituais, fez com que aumentasse a devoção popular.
Em 1623, um decreto da
Congregação do Índice, consagrava a “Tradição do Sábado”, ou seja a ajuda que
Nossa Senhora do Carmo concede neste dia aos seus devotos mortos na graça de
Deus para alcançar a plenitude do amor divino.
Imagem encontrada no
Tibre
As origens do culto em
Roma remontam a 1535. Naquele ano, alguns marinheiros encontraram na foz do rio
Tibre, perto de Fiumicino, a imagem de Nossa Senhora do Carmo que depois foi
transportada para a igreja de S. Crisóstomo. Desde então Nossa Senhora do Carmo
foi chamada “De Noantri”, ou “Fiumarola”, em recordação do lugar onde foi
encontrada. Provavelmente, sem exagerar, a festa no bairro Trastevere é a maior
de toda a cidade de Roma.
Nossa Senhora do Carmo no
bairro Trastevere
A imagem de Nossa Senhora
do Carmo está conservada na igreja de Santa Ágata no bairro Trastevere. Segundo
a iconografia clássica, não leva Menino Jesus no colo, mas estende os braços
para baixo e está vestida como uma carmelita terciária. Na igreja, algumas
vitrinas expõem as preciosas vestes de seda celestes, brancas e amarelas e três
mantôs doados pela princesa Bianca Caracciolo di Fiorino. Além das vestes
doadas pela princesa, as roupas custodiadas pelas irmãs de São Pascoal são
doações de pessoas de todas as condições sociais. Uma das últimas remonta a
1970 e foi doada por um grupo de costureiras que trabalharam por três anos. A
coleção é formada por algumas coroas de prata e de metal usadas na procissão e
decoradas com pedras preciosas.
João Paulo II e Nossa
Senhora do Carmo
Todos conhecem a grande
devoção de São João Paulo II pela Virgem Maria. Abaixo apresentamos uma
passagem dedicada à Nossa Senhora do Carmo, escrita pelo Pontífice:
“ Reconcilia os irmãos em
um abraço fraterno; que desapareçam os ódios e os rancores, que se superem as
divisões e as barreiras, que se unam as rupturas e curem as feridas ”
(vaticannews)
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