«Basta-te a minha graça,
porque a força manifesta-se
na fraqueza».
Na segunda carta à comunidade de Corinto, o
apóstolo Paulo responde a algumas pessoas que punham em dúvida a legitimidade
da sua atividade apostólica. Mas ele não se defende, nem enumera os seus
méritos e sucessos. Pelo contrário, põe em evidência a obra que Deus realizou,
nele e por seu intermédio.
Paulo faz referência a uma sua experiência mística de profunda relação com Deus (1), para logo a seguir partilhar o seu sofrimento, por causa de um “espinho” que o atormenta. Não explica do que é que se trata exatamente, mas compreende-se que é uma dificuldade grande, que o poderá limitar na sua tarefa de evangelizador. Por isso, confessa que pediu a Deus que o libertasse dessa limitação, mas a resposta de Deus é desconcertante:
Paulo faz referência a uma sua experiência mística de profunda relação com Deus (1), para logo a seguir partilhar o seu sofrimento, por causa de um “espinho” que o atormenta. Não explica do que é que se trata exatamente, mas compreende-se que é uma dificuldade grande, que o poderá limitar na sua tarefa de evangelizador. Por isso, confessa que pediu a Deus que o libertasse dessa limitação, mas a resposta de Deus é desconcertante:
«Basta-te a minha graça, porque
a força manifesta-se na fraqueza».
Todos nós temos continuamente a experiência das fragilidades,
próprias e alheias, tanto físicas como psicológicas e espirituais, e vemos à
nossa volta uma humanidade que sofre e anda à deriva. Sentimo-nos fracos e
incapazes de resolver essas dificuldades, e até de as enfrentar. Quando muito,
limitamo-nos a não fazer mal a ninguém.
Esta experiência de Paulo, pelo contrário, abre-nos um horizonte novo: reconhecendo e aceitando a nossa fraqueza, podemos abandonar-nos completamente nos braços do Pai, que nos ama tal como somos e quer apoiar-nos na nossa caminhada. Prosseguindo essa carta, Paulo afirma ainda: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2).
Esta experiência de Paulo, pelo contrário, abre-nos um horizonte novo: reconhecendo e aceitando a nossa fraqueza, podemos abandonar-nos completamente nos braços do Pai, que nos ama tal como somos e quer apoiar-nos na nossa caminhada. Prosseguindo essa carta, Paulo afirma ainda: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2).
A este propósito, Chiara Lubich escreveu: «[…] A nossa razão revolta-se contra semelhante afirmação, porque nos apercebemos de uma contradição flagrante, ou simplesmente de um ousado paradoxo. Pelo contrário, ela exprime uma das mais altas verdades da fé cristã. Jesus explica-nos essa verdade com a sua vida e, sobretudo, com a sua morte. Quando é que cumpriu a Obra que o Pai lhe confiou? Quando é que redimiu a humanidade? Quando é que venceu o pecado? Quando morreu na cruz, aniquilado, depois de ter gritado: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Jesus foi mais forte precisamente quando foi mais fraco. Jesus teria podido dar origem ao novo povo de Deus, unicamente com a sua pregação ou com mais algum milagre ou um qualquer gesto extraordinário. Mas não. Não, porque a Igreja é obra de Deus e é no sofrimento, e só no sofrimento, que florescem as obras de Deus. Portanto, na nossa fraqueza, na experiência da nossa fragilidade, esconde-se uma oportunidade única: experimentar a força de Cristo, morto e ressuscitado […]» (3).
«Basta-te a minha graça, porque
a força manifesta-se na fraqueza».
Este é o paradoxo do Evangelho: aos mansos é prometida a Terra
como herança (4). Maria, no Magnificat (5), exalta o poder do Senhor, que pode
exprimir-se total e definitivamente, na nossa história pessoal e na História da
Humanidade, precisamente no espaço da nossa pequenez e na confiança na ação de
Deus.
Comentando esta experiência de Paulo, Chiara sugeria ainda: «[…] a escolha que nós, cristãos, devemos fazer, vai totalmente em sentido contrário àquela que normalmente fazemos. Nisto podemos realmente ir contra a corrente. O ideal de vida do mundo em geral consiste no sucesso, no poder, no prestígio… Paulo, pelo contrário, diz-nos que é preciso gloriar-se nas fraquezas […]. Confiemos em Deus. Ele operará sobre as nossas fraquezas, sobre o nosso nada. E sempre que é Ele a agir, podemos ter a certeza de que realiza obras que têm valor, que irradiam um bem duradoiro e que vão ao encontro das verdadeiras necessidades dos indivíduos e da coletividade» (6).
Comentando esta experiência de Paulo, Chiara sugeria ainda: «[…] a escolha que nós, cristãos, devemos fazer, vai totalmente em sentido contrário àquela que normalmente fazemos. Nisto podemos realmente ir contra a corrente. O ideal de vida do mundo em geral consiste no sucesso, no poder, no prestígio… Paulo, pelo contrário, diz-nos que é preciso gloriar-se nas fraquezas […]. Confiemos em Deus. Ele operará sobre as nossas fraquezas, sobre o nosso nada. E sempre que é Ele a agir, podemos ter a certeza de que realiza obras que têm valor, que irradiam um bem duradoiro e que vão ao encontro das verdadeiras necessidades dos indivíduos e da coletividade» (6).
Letizia Magri
1) Cf. 2 Cor 11, 1-7a; 2)
cf. 2 Cor 12, 10; 3) cf. C. Lubich, La forza del debole, Città Nuova, 44,
[2000], 12, p. 7; 4) cf. Mt 5, 5; 5) cf. Lc 1, 46-55; 6) cf. C. Lubich, Dio
opera sulla nostra debolezza, Città Nuova, 26, [1982], 11/12, p. 59.
(focolares)
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