sexta-feira, 22 de março de 2019

Frei Cantalamessa: segunda Pregação de Quaresma


"O lugar onde entramos em contato com o Deus vivo é a Igreja é o nosso coração”
O Santo Padre e a Cúria Roma participaram, na manhã desta sexta-feira (22), na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, da segunda Pregação de Quaresma do Padre Raniero Cantalamessa, Pregador oficial da Casa Pontifícia

Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

Na manhã desta sexta-feira (22), na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, foi realizada a segunda Pregação de Quaresma do Frei Raniero Cantalamessa, Pregador oficial da Casa Pontifícia. O tema que o Capuchinho está desenvolvendo, nestas sextas-feiras de Quaresma, é “Voltar para dentro de si” extraído do pensamento de Santo Agostinho.
Com efeito, - disse Frei Cantalamessa - Santo Agostinho lançou um apelo que, muitos séculos depois, manteve intacta a sua relevância: ”Voltar para dentro de si”, pois a verdade reside no interior do homem.
Neste sentido, citando o Salmo "A minha alma tem sede do Deus vivo", refletimos sobre o "lugar" onde cada um de nós entra em contato com o Deus vivo. No sentido universal e sacramental este "lugar" é a “Igreja”, mas no sentido pessoal e existencial é o “nosso coração”, que a Escritura chama "o homem interior, o homem oculto no coração".
Neste período de Quaresma refletimos sobre “os quarenta dias que Jesus passou no deserto”. Ali devemos ir para nos encontrarmos com Ele. Mas, nem todos podem ir a um deserto exterior, mas sim no deserto interior, que é o nosso coração. "Cristo habita na interioridade do homem", disse Santo Agostinho.
Uma imagem simbólica do Evangelho, que nos ajuda a realizar a nossa conversão interior, é o episódio de Zaqueu. Ele quer conhecer Jesus. Por isso, sai da sua casa, entra no meio da multidão, sobe em uma árvore e o procura. Ao vê-lo Jesus disse-lhe: "Zaqueu, desce imediatamente, porque hoje tenho de entrar em tua casa". Assim ele conheceu, realmente, quem era Jesus e encontrou a salvação.
Nós somos muito parecidos com Zaqueu, disse Cantalamessa: procuramos Jesus fora de nós, nas ruas, na multidão. Mas, Jesus nos convida a voltar à nossa casa, aos nossos corações para se encontrar conosco.
Por isso, com esta passagem evangélica, o Pregador explicou o significado de “interioridade”, um valor que está em crise.
A "vida interior", que antes era sinônimo de “vida espiritual”, agora parece ser encarada com desconfiança. Algumas das causas desta crise interior dizem respeito à nossa natureza humana; outras referem-se à emergência "social".
Para o cristianismo, a crise de um valor tradicional deve partir da Palavra de Deus.
Vivemos em uma civilização projetada para o exterior. Não são apenas os jovens sobrecarregados de exterioridade, mas também os religiosos! Dissipação é a doença mortal que mina a todos.
Aqui, o Pregador da Casa Pontifícia citou a obra de Santa Teresa de Ávila intitulada “O Castelo Interior”, um dos frutos mais maduros da doutrina cristã da interioridade. Mas, infelizmente, há também um "castelo exterior", do qual somos prisioneiros. Por isso, devemos redescobrir e preservar nossa interioridade.

(vaticanews)

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