Missa em Santa Marta
Os destaques sobre a atividade do Papa e da Santa Sé. Nesta
manhã, Francisco celebrou a Missa na Santa Marta. Ontem o discurso ao Corpo
diplomático e na quarta-feira a primeira Audiência Geral de 2020.
Sergio Centofanti - Cidade do Vaticano
Todos nós preferimos
elogios a censuras, mas o cristão em seu caminho de fé aceita ser corrigido
diariamente. Na homilia de hoje na Santa Marta, Francisco recorda as palavras
fortes de São João Evangelista, que chama de "mentiroso" àqueles que
dizem amar a Deus que não veem e não amam o irmão a quem veem: "Ser
mentiroso - especifica - é precisamente o jeito de ser do diabo: é o Grande
Mentiroso ... o pai da mentira".
Ninguém gosta de ser
chamado de mentiroso: mas é a humildade da fé que faz o cristão caminhar no
difícil caminho da conversão, na consciência de que o próprio Deus, em ter nos
amado primeiro, preenche a grande distância que existe entre o seu e o nosso
amor, que tantas vezes não quer sujar as mãos - afirma o Papa - para fazer o
bem de maneira concreta.
Nossas faltas no amor,
nossos pecados, são imediatamente revelados pelo nosso modo de falar, disse o
Papa na homilia de ontem na Santa Marta. Talvez rezemos pela paz no mundo -
observa - mas semeamos a guerra na família, no bairro, no local de trabalho,
falando mal dos outros e condenando: quando o diabo consegue com que façamos a
guerra - disse Francisco - "está feliz, não precisa mais trabalhar",
porque "somos nós que trabalhamos para nos destruir um ao outro",
destruindo em primeiro a nós mesmos, “porque retiramos o amor", e depois
os outros.
Nossas palavras revelam
quem somos: se permanecermos no Senhor - sublinha o Papa - e "escorregamos
em um pecado ou defeito, o Espírito nos fará conhecer esse erro". O amor
verdadeiro é o que nos leva a falar "bem" dos outros e "se eu
não posso falar bem", nos faz fechar a boca.
Diante das nossas
dificuldades e dos problemas do mundo, nos deve sustentar sempre a esperança de
que "o mal, o sofrimento e a morte não prevalecerão", disse o Papa
ontem em seu discurso ao Corpo Diplomático. É a esperança que vem de "uma
criança recém-nascida", do Deus feito homem, que "nos convida à
alegria", mas também à coragem de enfrentar os problemas com realismo para
construir um mundo mais justo, mais pacificado e mais fraterno. É preciso
"unir esforços" para superar "uma cultura da divisão que
distancia as pessoas umas das outras e abre caminho ao extremismo e à
violência. Vemos isso cada vez mais - disse o Papa - na linguagem do ódio amplamente
usada na internet e nas redes sociais. Às barreiras do ódio, preferimos as
pontes da reconciliação e da solidariedade".
Diante dos representantes
da comunidade internacional, o Papa recorda que este ano marca o 70º
aniversário da proclamação da Assunção da Virgem Maria no céu: "A Assunção
de Maria nos convida ... a olhar além, ao final de nosso caminho terreno, no
dia em que a justiça e a paz serão totalmente restauradas ". É
precisamente nessa luz "que não podemos deixar de ter esperança" e de
construir aqui na terra uma humanidade fraterna, fazendo "o bem comum
prevalecer sobre interesses particulares". Então a paz não será mais uma
utopia, mas uma meta possível.
A fé nos ajuda a
acreditar que sempre vale a pena comprometer-se para construir, mesmo onde o
mal e o fracasso parecem prevalecer. O Papa falou sobre isso na Audiência Geral
na quarta-feira, 8 de janeiro. A catequese é dedicada à viagem por mar de São
Paulo para desembarcar em Roma, conforme relatado pelos Atos dos Apóstolos:
"A navegação - disse Francisco - encontrou condições desfavoráveis desde
o início. A viagem se torna perigosa. Paulo aconselha a não prosseguir a
viagem, mas o centurião não lhe dá crédito e confia no timoneiro e no
proprietário. A viagem continua e começa um vento tão impetuoso que a
tripulação perde o controle e o navio fica à deriva." Quando "a morte
parece estar próxima e o desespero toma conta de todos", Paulo intervém
com palavras de grande fé: Todos serão salvos!
"O naufrágio, de uma
situação de infortúnio, transforma-se em uma oportunidade providencial para o
anúncio do Evangelho". É uma lei do Evangelho, recorda Francisco:
"Quando um crente faz a experiência da salvação, não a guarda para si, mas
a divulga". Porque "Deus pode agir em qualquer circunstância, mesmo
em meio aos aparentes fracassos".
(vaticannews)
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